quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Pare com tradicionais metas e regras e faça algo útil!



Embora seja muito fácil vir aqui no blog escrever teorias lindas e vender isso como o que há, acredito que seja mais importante ressaltar as armadilhas de se tentar aplicar métodos perfeitos e ferramentas infalíveis, pois isso nos pega de calças arreadas todos os dias e muitas vezes nem reparamos!


Em especial, hoje lidarei com as consequencias (e soluções) de se aplicar cegamente o que se lê e ouve em termos de convivência entre (também conhecido como “gerência de”) pessoas.

Quando há algum problema com pessoas numa empresa nós buscamos tipicamente duas saídas: regras e incentivos.


A justificativa é muito convincente!

Com as regras você baliza o comportamento e com incentivos, tipicamente metas, você direciona a ação.

Isso gera um sistema eficiente à prova de falhas e com pessoas engajadas, certo?!



Resposta errada!


A lenda do sistema perfeito


1. “Na teoria, a teoria e a prática são iguais, na prática, é bem diferente”




Não importa quanto tempo você dedica na construção do sistema perfeito, não importa que você esteja o “melhorando” há 20 anos, a prática sempre será diferente da teoria e tudo o que você poderá fazer com regras e incentivos é, num primeiro momento propor um jogo interessante para todos, mas depois apenas tapar buraco e solucionar cada probleminha pequeno que surgir. Normalmente o empreendedor fica maravilhado com algo e quer porque quer fazer com que a teoria vire prática. Acredite, não acontecerá. Na verdade você entrará numa…

2. Bola de neve



Sim, uma bola de neve que se torna uma avalanche. Quando acreditamos que regras e incentivos são as melhores ou únicas opções, apelamos para mais regras e mais incentivos quando a teoria não funciona. Isso começa a engessar a estrutura da sua empresa e, por consequencia, suas pessoas. É claro que isso minimiza as falhas e faz a roda girar, mas o problema é que também…

3. Garante a mediocridade




Se as pessoas que trabalham contigo seguem roteiros do início ao fim, você está minimizando as chances de erro, mas também está garantindo que elas se tornarão carneirinhos dependentes de roteiros. Existem inúmeros exemplos de pessoas que infelizmente tiveram que tomar a decisão errada sabendo o que era certo “porque as coisas tem que ser assim”.

Acredite, por mais inteligente que você seja, você nunca conseguirá prever e ser justo com cada uma das situações que surgirão no dia a dia! Longe disso!!

Ou seja, no final das contas sua empresa não tem mais profissionais que precisam saber algo, mas sim cachorros bem treinados que ganham mais dinheiro por agir como você manda. Não preciso nem dizer que isso gera uma completa

4. Perda no sentido de trabalhar



Lógico, se você sabe que ganhará mais se fizer um bom relatório, você não fará bem o relatório porque é para fazer bem e você gosta disso, mas porque ganhará mais.

Com o tempo, seus valores invertem e você não vai querer mais o relatório que agrega, mas o que você ganha mais. Esse é o início de uma relação estranha com o dinheiro, que já comentamos por aqui.

Diversas experiências já foram feitas e provaram que nós não nos motivamos por diversas variáveis, e normalmente a mais fácil de racionalizar (esse trabalho me dará R$ 1.000 a mais) é a que ganha.

Aonde isso está acontecendo?


Dois exemplos rápidos para tornar o negócio mais prático…

Governo




A maioria das pessoas com quem converso querem mais controles, mais fiscalização, mais tudo de regras e incentivos para os nossos governantes. Na minha opinião, isso só torna o “funcionamento do sistema” mais caro. Ou você acha mesmo que o conselho fiscal acima do atual conselho será mais honesto? O governo é um ótimo exemplo para mostrar que controle torna não só muitas vezes o negócio mais ineficiente, como aumentam as chances de corrupção, já que tem mais gente envolvida, mais níveis, mais grana.

Empresas “meritocráticas”




As empresas ditas “meritocráticas” também merecem sua devida atenção, pois estão chegando a um extremo de pasteurização do trabalho que é comparável a regimes de escravidão e outros parecidos. O único motivo pelo qual a pessoa trabalha 16 horas por dia e passa o seu colega para trás é grana. De novo, já escrevemos aqui sobre o perigo que é endeusar o dinheiro e resumir seus resultados em cifras é, na minha opinião, realmente deshumanizar o trabalho, que é um dos maiores, se não o maior, espaço de aprendizado e geração de valor que temos.

Qual a solução?


É claro que algumas regras são necessárias, mas seu árduo trabalho não é fazer o sistema perfeito, mas sim definir uma área vasta e de certa forma indefinida que será trabalhada por todos. Ou seja, o mínimo de regras e incentivos, que garantam apenas o norte e coerência das ações, até porque quanto mais você engessar (principalmente na questão das metas), menos adaptável será sua empresa para aproveitar oportunidades de ouro que você não foi capaz de prever.



Acredite, nós aqui executamos diariamente padrões, checklists, modelos e etc, mas o passo a passo não pode ser deshumanizador, mas sim orientador. A checklist não vai tirar a conclusão para mim, mas sim garantir que eu não deixei nada de fora.

Sim, confesso, é muito difícil encontrar esse balanço, e nós vivemos esse conflito diariamente, e é por isso que chego no último, e mais importante ponto:

A solução não é o sistema!!!

O sistema é trabalhado por pessoas, portanto tudo depende delas. Quanto mais regras e incentivos mais eles serão educados a tentarem burlar, já que você está mudando o sentido do trabalho para elas. Se eles estão ali pelos incentivos, não julgue quando eles aprenderem um corta caminho que não beneficia a empresa para conseguir mais bônus.


Na LUZ costumamos dizer que é possível medir a confiança que o gestor tem na sua equipe pela quantidade de controles gerados na empresa. Se você está controlando coisa demais repense sua equipe, não o sistema!!

Em última instância, a sua meta não é que o sistema seja perfeito, mas sim que o sistema seja inútil! O ideal é que você torne-se inútil também, não o tomador de decisões.

Resumindo:


1. Não acredite em tudo o que você lê pois quem escreveu está querendo vender seu peixe, portanto raramente a teoria consegue ser tão facilmente aplicável.
2. Não fique neurótico com seus controles. Se controlar sua empresa é um problema para você, repense as pessoas que nela trabalham! Ter em mãos os principais números, desdobrar metas simples e regras que garantem o bom senso já são mais do que o suficiente para empresas com pessoas sensatas terem espaço para criar e crescer.
3. Por fim e não menos importante não deposite toda sua esperança em um novo e infalível sistema. Vemos diariamente empreendedores dizendo que as coisas nunca funcionaram “mas agora, com esse NOVO processo/sistema/consultor/rotina, vai funcionar!” Muito provavelmente não! Se as coisas não funcionavam no sistema antigo, tire a culpa do sistema e entenda de fato o por que.

Resumindo de novo, regras e incentivos são como a maioria das coisas: até certo ponto fazem bem, mas em exagero trazem consequencias drásticas.

Obs: vale lembrar que tudo o que foi dito diz respeito a relações entre pessoas, portanto pode ser aplicado desde nível governamental a relacionamentos amorosos.

E você, anda se perguntando como fará para controlar o seu crescimento? Compartilhe conosco suas experiências!

Espero que tenham aproveitado o feriado, vamos fechar essa semana global do empreendedorismo com classe!!! Nos vemos por aí nos eventos ;)

Abraços!

Nenhum comentário:

Postar um comentário