João Sandrini, de
São Paulo – A chacoalhada das bolsas mundiais nas últimas duas semanas gerou enormes prejuízos para muita gente, mas também pode ter um efeito educativo benéfico. Umas das lições a serem aprendidas é que o mercado acionário não é indicado para qualquer tipo de investidor. Como os problemas na Europa continuam a existir e ainda parecem longe de ser resolvidos, são grandes as possibilidades de que as bolsas voltem a apresentar um comportamento bipolar nos próximos meses. A seguir, EXAME.com mostra sete tipos de pessoas que não deveriam investir em ações em um cenário turvo como o atual:
1 – O homem de negócios
Se há algo no mundo mais arriscado do que a bolsa é abrir o próprio negócio. Segundo números do Sebrae, 58% das empresas brasileiras fecham as portas antes de completar cinco anos de vida. Quem já administra o próprio negócio deveria, portanto, ser mais conservador na hora de investir o dinheiro que sobra. Pequenos ganhos constantes e liquidez diária devem ser duas características da aplicação escolhida. Até porque é impossível prever quando será necessário resgatar a aplicação e usar as reservas para garantir que o bem mais valioso – a própria empresa - atravesse um momento de dificuldades.
2 – O cardíaco
Pessoas com problemas cardíacos, nervosas, insones e deprimidas não devem assumir riscos elevados no mercado acionário. Perdas que chegam a alcançar 8% em um único dia devem ter tirado o sono de muita gente que exagerou na dose com a bolsa. Na Coreia do Sul, um corretor da bolsa de Seul chegou a se atirar de um edifício e morreu após amargar pesadas perdas. É por isso que somente pessoas psicologicamente equilibradas e que passaram com louvor por um check-up do coração devem aplicar a maior parte do patrimônio em bolsa.
3 – O conservador
Outro investidor que deve respeitar seus limites é o conservador. Se você não admite ficar mais pobre de um dia para o outro, é provável que não resista e decida sacar os recursos aplicados em bolsa bem no meio do olho do furacão. Quem resgatou o dinheiro na semana passada bem quando o Ibovespa chegou a 47.000 pontos provavelmente perdeu um bom dinheiro agora que o índice voltou para os 53.000 pontos. Segundo o megainvestidor Warren Buffett, é justamente no momento em que a bolsa enfrenta as maiores turbulências que surgem as melhores oportunidades de compra. Portanto, se você é conservador, invista na conservadora renda fixa.
4 - O endividado
Se essa regra for seguida à risca, boa parte dos brasileiros nunca vai investir na bolsa. O problema de ter compromissos financeiros a honrar e comprar ações é que o investidor nunca sabe se vai ganhar ou perder dinheiro no pregão de amanhã. Com os juros altíssimos cobrados para pessoas físicas pelos bancos, faz muito mais sentido usar o dinheiro para pagar as dívidas e se livrar desses encargos financeiros. Afinal, linhas de crédito como o cartão de crédito ou o cheque especial chegam a cobrar juros de 10% ao mês. Com a bolsa há meses em tendência de baixa, qual é a probabilidade de que o investidor comprará ações que rendam mais do que isso?
5 – O consumista
A mesma regra vale para quem não está endividado, mas tem uma lista de gastos a serem realizados em breve. Se você planeja comprar um carro ou um imóvel, oferecer uma grande festa de casamento aos amigos ou realizar a viagem dos sonhos nos próximos seis a doze meses, pode não ser a hora certa de entrar na bolsa. O melhor a fazer é colocar o dinheiro que vai custear esses planos em alguma aplicação de renda fixa que pague algo próximo a 12,5% ao ano. O risco de perder dinheiro no curtíssimo prazo é praticamente nulo. Já na bolsa, com a possibilidade cada vez maior de recessão nos Estados Unidos e na Europa, o investidor que tem grandes compras planejadas para os próximos meses poderá ser obrigado a vender ações no pior momento e embolsar o prejuízo. Já para quem pode esperar três anos para resgatar o dinheiro, especialistas afirmam que pode ser um excelente momento para comprar ações com preços atrativos (veja as ações mais baratas da bolsa).
6 – O idoso
Pessoas que estão prestes a se aposentar ou já pararam de trabalhar devem ser bastante cautelosas quando o assunto é bolsa. Algumas vezes as bolsas passam por períodos de fortes correções que são imediatamente seguidos por rápidas recuperações. Por outro lado, há quedas que nunca mais são recuperadas. O índice Nasdaq, da bolsa eletrônica americana, por exemplo, não chega hoje à metade da pontuação atingida há cerca de 12 anos, antes do estouro da bolha das empresas pontocom. No Brasil, as ações da Petrobras valem cerca da metade do que já chegaram a valer na época das grandes descobertas do pré-sal. Alguém já em idade avançada, portanto, pode não ter tempo de recuperar eventuais perdas na bolsa (clique aqui e leia mais).
7 – O apostador
Na bolsa de valores, costuma ganhar mais dinheiro quem possui mais informação e tem experiência ou competência para tomar decisões de acordo com o cenário que se apresenta. Na hora em que o pânico toma conta das pessoas, ganha quem corre primeiro, e vice-versa. É por esse motivo que especialistas só recomendam a bolsa para pessoas físicas e leigos quando o horizonte de investimentos é de longuíssimo prazo. Se você ainda acha que a bolsa pode ser cassino, aqui vai um alerta: ir para Las Vegas pode implicar em perdas menores, além de ser bem mais divertido.
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