terça-feira, 31 de julho de 2012

O plano de marketing

Acompanhe os passos essenciais para a construção de um plano de marketing para sua organização


"Pessoas que falham em planejar estão planejando falhar."
(George Hewell)

O início de um novo ano é uma oportunidade ímpar para reflexão. É quando fazemos as famosas "resoluções de Ano-Novo". No âmbito pessoal, uns se comprometem a iniciar uma dieta e retomar a prática esportiva; outros resolvem estudar um idioma e viajar para o exterior; e alguns determinam alcançar uma guinada profissional postulada – e postergada – há tempos.
No mundo corporativo não é diferente. Cada ano que principia vem regado com planos variados, sejam eles estratégicos, táticos ou operacionais. E não poderia ser diferente, pois o objetivo de um plano é orientar as ações e mitigar os riscos.
O propósito deste artigo é apresentar pontos básicos que devem ser observados na elaboração de um planejamento essencial para o êxito de sua organização: o plano de marketing.
Passo 1 – Missão, valores e visão
Se a sua empresa ainda não apresenta estes aspectos bem delineados, é hora de defini-los. Se já os tem, considere revisá-los, a fim de atestar que estejam sendo respeitados.
A missão é a razão de ser da companhia. É o que motiva sua existência e lhe garante perenidade. Espera-se que uma declaração de missão compreenda a satisfação de necessidades dos consumidores mediante uma atividade que proporcione lucro – o combustível para a perpetuação do negócio.
Já os valores são os princípios que balizam o comportamento de toda a corporação para o cumprimento da missão, norteando as decisões que são diariamente tomadas em todos os níveis hierárquicos. Aos valores não lhes basta estarem escritos – precisam ser praticados. Cada organização determina seu conjunto de valores. Nas micro e pequenas empresas, espelham os valores de seu fundador ou sócio majoritário. Nas empresas de médio e grande porte, devem refletir o perfil esperado de seus colaboradores. É recomendável e desejável que a ética esteja presente entre os valores selecionados.
Por fim, a visão representa uma imagem do futuro que a companhia almeja. É um sinalizador da trajetória a ser percorrida injetando entusiasmo na equipe e admiração no mercado. A visão deve ser não apenas positiva, mas também grandiosa. Afinal, nada pior que nutrir um sonho pequeno e ele se realizar...
Neste processo, busque sempre compartilhar abertamente missão, valores e visão com todos os envolvidos. Faça com que estes conceitos sejam difundidos tornando-os parte indissociável da imagem da organização.
Seja congruente: não escreva uma missão na qual não acredite, valores que não exerça e visão que não deseje. Papel aceita tudo, mas não há mentiras dignas – todas são execráveis. Como disse Gandhi: "Seja a mudança que você quer ver no mundo".
Passo 2 – Análise ambiental
Transposta a fase anterior, é hora de estudar o meio no qual sua companhia está inserida. É como ingressar em uma grande selva na qual o medo e ansiedade são amenizados quando se conhece a fauna, a flora, as riquezas e os infortúnios da mata adentro.
Comece pelo sistema político. Após eleições, por exemplo, quando novos governantes assumem seus postos, é comum alguns modificarem drasticamente a gestão do município, Estado ou país. Se você acredita que isso não pode influenciar seu negócio, lembre-se do que aconteceu em São Paulo com a implantação da lei "Cidade Limpa", que praticamente baniu a mídia exterior, comprometendo empresas do setor e comprometendo os planos de comunicação de diversas companhias, mas também gerando oportunidades para mídias alternativas.
Ainda com relação à política, até mesmo a política externa tem impacto sobre seu negócio, especialmente se você importa matéria-prima e/ou componentes ou exporta seus produtos/serviços.
O sistema econômico é o próximo a ser analisado. Muita atenção para os indicadores econômicos e os movimentos financeiros que ocorrem não apenas no Brasil, mas neste louco mundo globalizado. Cuidado especial com suas finanças, principalmente se não dispõe de capital próprio e demanda recursos de terceiros para tocar seu empreendimento. Olho graúdo nas taxas de juros praticadas no mercado. Negocie, barganhe sempre e o máximo que puder. Seja criterioso na concessão de crédito: a pior venda não é aquela que deixamos de fazer, mas a que deixamos de receber.
O próximo aspecto é o sistema social. Monitore as pesquisas divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), entre outros. O intuito é acompanhar os movimentos da sociedade a fim de identificar riscos e oportunidades. Os dados obtidos nestas pesquisas permitem-nos observar a maior participação da mulher no mercado de trabalho, a queda da fecundidade, o envelhecimento da população, o maior poder de compra das classes C e D, entre tantos outros fatores que afetam diretamente as perspectivas das organizações, alterando mix de produtos, comunicação, estratégias de preço etc.
O sistema cultural também merece ser analisado, sobretudo em uma nação com grande extensão territorial e altamente miscigenada como a nossa, na qual hábitos e costumes variam em latitude e longitude, indicando abordagens diferenciadas para o sucesso de uma iniciativa empresarial.
Por fim, o sistema tecnológico, em constante mutação, levando produtos à obsolescência e serviços ao desuso com velocidade sem igual.
Mas a análise ambiental não se restringe aos sistemas relacionados anteriormente. Na trilha do sucesso, há que estudar, ainda, o perfil do consumidor e os passos da concorrência.
Todos estes aspectos representam o ambiente externo, observado da janela para fora dos muros da empresa. Eles nos apontam os riscos e as ameaças à sua perenidade e sustentabilidade. Mas também trazem consigo ótimas oportunidades para aqueles que querem ver...
Há uma última análise, mais intimista, realizada no interior da empresa. Ela pretende identificar os pontos fortes, as vantagens comparativas com relação à concorrência, os diferenciais que fidelizam clientes e reforçam a imagem institucional. Mas também deve apontar os pontos fracos, as deficiências e os gargalos que atuam como entraves ao desenvolvimento.
Ao estudar este ambiente interno, a verdade deve prevalecer. Forças devem ser valorizadas e aproveitadas para elevar a competitividade. Fraquezas devem ser encaradas com atenção, e não jogadas para sob o tapete. Deve-se agir para minorar os impactos negativos decorrentes destas fragilidades.
Passo 3 – Composto de marketing
É provável que você já tenha ouvido falar em "4Ps", metodologia apresentada por Jerome McCarthy em sua obra Basic Marketing, de 1960, apontando produto, preço, promoção e praça como únicas variáveis relevantes do chamado composto mercadológico.
Francisco Alberto Madia de Souza, presidente da Madia Mundo Marketing, desenvolveu ao longo de mais de 40 anos de estudo e trabalho uma fantástica matriz ampliada conforme apresentado a seguir.
Phocus
Pode parecer elementar, mas muitos têm dificuldades em estabelecer seu foco de atuação, comprometendo o resultado de todo o planejamento. Erram ou por constituir muitos focos ou por eleger como primordial um objetivo inadequado.
Várias flechas não garantem o acerto do alvo e vários alvos confundem o arqueiro. Por isso, a definição deve ser clara, analítica e específica. Procure fundamentá-la em sua missão, orientá-la pelos seus valores e traçá-la em direção à sua visão.
Defina com toda precisão possível o mercado que deseja conquistar. Isso significa identificar o perfil do consumidor a partir de fatores geográficos (localização), demográficos (sexo, idade, escolaridade, renda), psicográficos (estilo de vida, interesses, expectativas) e comportamentais (hábitos de consumo, preferências). Não tente abraçar o mundo, oferecendo toda sorte de produtos e serviços. Determine seu phocus e busque a excelência, dando 110% de esforço.
Positioning
O posicionamento consiste no planejamento e organização de uma identidade corporativa que seja prontamente percebida pelo consumidor. Representa todos os sinais e códigos de comunicação transmitidos por seu estilo e personalidade.
Bons exemplos são a Umbro, que adotou o futebol como única modalidade esportiva em seu negócio em detrimento de todas as demais, e a Nike, que conseguiu traduzir a essência de sua identidade em um único traço – sua logomarca.
Product
Trata-se do produto, que em seu âmago encerra uma prestação de serviço. Você não vende um DVD, mas entretenimento; não vende um medicamento, mas a expectativa de recuperar a saúde; não vende um cosmético, mas a promessa de beleza. Saem os predicados objetivos, entram os subjetivos. Em lugar da forma, o conteúdo. Em vez do palpável, o intangível.
Há quase três décadas comprávamos "produtos duráveis" e a garantia oferecida era critério relevante na tomada de decisão. Os programas de qualidade total ganharam força, reduziram os índices de devolução e troca, e o consumidor se acostumou com produtos mais confiáveis. Hoje, qualidade total não é diferencial e sim mera condição para ingressar no jogo. Analogamente, garantia e assistência técnica são preceitos legais. Diante da evolução tecnológica, os "produtos duráveis" perderam sua razão de ser, porque a obsolescência determina o tempo de vida útil dos produtos.
Como se não bastasse, tudo concorre com tudo agora. A competição é pelo tempo e pelo dinheiro do consumidor potencial. No restaurante, refrigerante disputa com tubaína, suco, água natural ou aromatizada, a preferência do cliente. No hospital, cardiologista concorre com oncologista, e também com administradores, advogados e até engenheiros pela direção do estabelecimento.
Atendimento é a palavra de ordem. O bom atendimento, é pertinente frisar. Atendimento que deriva de atenção, da capacidade de direcionar não somente olhos e ouvidos, mas os cinco sentidos para acolher a uma demanda qualquer.
Promotion
Não adianta ter o melhor produto ou prestar o melhor serviço do mundo se ninguém tomar conhecimento. É preciso difundir e repercutir. Esta ferramenta é traduzida literalmente por promoção, mas envolve mais do que isso: é o campo da comunicação integrada.
As armas disponíveis são muitas. Do marketing indireto (propaganda e assessoria de imprensa), passando pelo marketing direto (papelaria, site, newsletter, publicações, outros) até o merchandising (embalagem, rótulo, PDV, exposições, outros).
A comunicação deve ser alinhada, congruente, sinérgica e, sobretudo, verdadeira.
Place
Falamos aqui de distribuição, melhor compreendida a partir do conceito de logística como um processo coordenado para gerar disponibilidade. Na era da conveniência, capitaneada pela internet, um grande diferencial competitivo é ampliar a acessibilidade ao consumidor final, permitindo-lhe adquirir o que quiser, quando quiser e onde quiser.
Price
O preço é um atributo típico dos produtos. E estes têm sido comoditizados ao longo do tempo. Olhe ao seu redor e avalie produtos similares de marcas distintas das mais variadas empresas. As eventuais diferenças são muito tênues.
É certo que você pode optar por uma estratégia de preço agressivo, trabalhando com margens reduzidas para auferir ganhos em um maior volume de vendas. Também pode trabalhar com preços diferenciados por nicho de mercado, região geográfica, sazonalidade e outros critérios. Ainda, pode lançar mão de descontos por fidelidade, para pagamento antecipado ou por lotes expressivos, por exemplo.
Se o preço é absoluto, objetivo e tangível, o valor é sempre relativo. É nessa esfera que o jogo deve ser jogado. Sua missão deve ser elevar o valor percebido destacando atributos emocionais, ou seja, centrando foco no serviço inerente ao produto ofertado. A melhor maneira de fazer isso é mediante a construção de uma marca capaz de seduzir e conquistar o consumidor.
People
A era do conhecimento colocou as pessoas em primeiro lugar, suplantando as máquinas. E a importância das pessoas começa pelo cliente, esta entidade poderosa dotada da propriedade de fazer uma companhia prosperar ou capitular.
Porém, há um cliente específico, igualmente significativo, cuja relevância precede ao anterior. Trata-se do cliente interno, formado pelos parceiros de trabalho, os quais em um ambiente saudável elevam seu comprometimento, resultando em um atendimento mais qualificado e em uma maior produtividade. O instrumento utilizado neste processo de evolução das relações internas atende pelo nome de endomarketing.
Considere em seu planejamento ações para desenvolvimento dos colaboradores tais como pesquisas de clima, avaliação por competências, treinamentos para capacitação técnica e comportamental, políticas de remuneração variável, planos de carreira, ações afirmativas para inclusão de pessoas com deficiência, campanhas para prevenção de acidentes e promoção da qualidade de vida. Busque cultivar o incentivo, o entusiasmo e a motivação. Em suma, cuide das pessoas que cuidam de sua empresa.
Providers
Fornecedores já foram tidos como uma espécie de "mal necessário". Eram tempos em que os monopólios reinavam absolutos impondo-nos preços, prazos e condições.
A tecnologia, a profusão e difusão das inovações, a expansão dos mercados, enfim, as novas relações de consumo alteraram o perfil dos providers. Por decorrência do exposto na variável anterior, o endomarketing tornou você cliente e fornecedor ao mesmo tempo.
A necessidade de concentrar tempo, recursos e energia no phocus propiciou o surgimento da terceirização. As empresas passaram a se dedicar quase integralmente à sua atividade-fim, delegando operações acessórias a outras companhias para elevar sua competitividade.
Contudo, lembre-se de que um fornecedor é uma extensão de sua empresa. Por isso, ao contratar estes novos parceiros, certifique-se de que eles trabalham em sintonia com seus valores e padrões de qualidade e que podem atender suas demandas dentro de condições favoráveis.
Post-place
A primeira venda não é a mais difícil de ser realizada. É a segunda, porque sinaliza fidelidade. Conquistar e manter clientes depende de seu aftermarketing, ou seja, das ações desenvolvidas depois de efetivada a venda.
Assim, coloque-se disponível aos seus clientes. Elimine obstáculos até a assistência técnica, desburocratize processos de troca, facilite a comunicação. Construa não apenas um Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) exemplar, mas faça com que todos na organização transpirem excelência no atendimento.
Desenvolva um banco de dados eficiente e use as informações para um atendimento personalizado. Faça follow-up para verificar a satisfação, mensurar se as expectativas foram atendidas, receber com humildade críticas e sugestões. Trate seus clientes como únicos – não como mera estatística.
Protection
Esteja atento para a legalidade jurídica das ações definidas em seu planejamento. Isso envolve as relações com os clientes reguladas pelo Código de Defesa do Consumidor, as relações comerciais regidas pelo Código Civil, as relações trabalhistas previstas na CLT, as obrigações tributárias presentes na Constituição Federal e suas leis complementares.
O propósito é resguardar a empresa e sua imagem, evitando dissabores como ações indenizatórias, restrições à comercialização ou comunicação cerceada.
Percognitiom
A última variável das ferramentas para edificação de seu plano de marketing é um neologismo em inglês que representa uma sequência de ações capazes de referendar os passos anteriores: percepção, reconhecimento, reputação, imagem e marca.
Isto posto, todo o planejamento só poderá ser qualificado como válido se resultar na percepção pelo consumidor das qualidades e atributos de seu produto ou serviço. Uma vez percebido ou notado, que ele seja reconhecido e, ato contínuo, experimentado para que possa ser reputado positivamente. Assim, será possível respaldar uma imagem sólida que se incorporará à marca.
O percognitiom é fruto de um processo de diferenciação capaz de dotar seu produto ou serviço de características únicas e indissociáveis, suficientes para conquistar o respeito, a admiração e a confiança dos consumidores em seus corações e mentes.
Lembre-se de que todo planejamento só é útil quando colocado em marcha. Determine quem o executará, como o fará, em qual prazo e com qual custo. Monitore os resultados, corrija desvios na rota e persista. O único pecado é não elaborar o plano. Falhar em planejar é planejar falhar.
* Tom Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 17 países. É autor de "Somos Maus Amantes – Reflexões sobre carreira, liderança e comportamento" (Flor de Liz, 2011), "Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional" (Saraiva, 2008) e coautor de outras cinco obras. Contatos através do e-mail tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite: www.tomcoelho.com.br e www.setevidas.com.br.

domingo, 29 de julho de 2012

Livro de Gestão Estratégica de Marca

Publicado por


Nossa indicação dessa semana é o livro Gestão Estratégica de Marca de autoria de Kevin Lanne Keller e Marcos Machado. A obra aborda o bem mais valioso de uma empresa, a marca.
Uma marca, mesmo sendo um ativo intangível e valioso, criar e mantê-la representa um grande desafio. O conceito “brand equity” fornece aos profissionais de marketing um denominador comum para interpretar os efeitos potenciais de diferentes estratégias para as marcas. O “brand equity” representa o valor agregado a um produto como resultado de investimentos anteriores em uma marca.
O livro está dividido em nove capítulos que abordam os seguintes temas:
- Capítulo 1: definição de marca e o papel que ela desempenha nas estratégias de marketing e gestão de marca;
- Capítulo 2: apresenta o conceito de brand equity baseado no cliente, esboça sua estrutura e resume diretrizes para sua construção, mensuração e gerenciamento;
- Capítulo 3: desenvolve um modelo conceitual do conhecimento de marca e aborda a importante questão do posicionamento;
- Capítulo 4: aborda o primeiro tópico de construção do brand equity, ou seja, escolhendo elementos de marca (nomes de marca, logotipos, símbolos, slogans, etc);
- Capítulo 5 e 6: construção do brand equity, que se dá por meio de otimização do mix de marketing ;
- Capítulo 7: examina a alavancagem de associações secundárias de outras entidades (por exemplo: empresas, regiões, pessoas, outras marcas e assim por diante);
- Capítulo 8: considera questões relacionadas a estratégias de arquitetura de marcas (por exemplo, quais elementos de marca uma empresa opta por utilizar nos vários produtos que comercializa) e mostra como brandy equity pode ser maximizado por meio de todos os diferentes produtos e marcas de uma empresa;
- Capítulo 9: esboça os prós e os contras de extensões de marca e desenvolve diretrizes para sua avaliação e para introdução de novos produtos.
Uma verdadeira bíblia do Branding e Gestão de Marcas! #ficaadica

quarta-feira, 25 de julho de 2012

O futuro é móvel: como as mídias portáteis estão transformando o mundo?

Em entrevista ao Administradores.com, Tomi Ahonen – um dos maiores especialistas do mundo em mídias móveis – diz que a popularização dos aparelhos de comunicação móveis fortalece a democracia e cria novas oportunidades de negócio

Por Simão Mairins

Hoje um indivíduo com um smartphone na mão pode ter mais poder do que tinha o governo dos EUA com todos os seus computadores nos anos 1950. A afirmação é auspiciosa, mas seu autor a defende com bastante convicção e apresenta fortes argumentos para isso.
Em entrevista ao Administradores.com, Tomi Ahonen – ex-diretor do Departamento de Consultoria Global de Negócios 3G da Nokia e um dos maiores especialistas em mídias móveis do mundo – afirma que a popularização dos aparelhos de comunicação móveis fortalece a democracia, dando como exemplo as revoluções no Oriente e a implementação de serviços cidadãos através de celulares em países de tradição democrática consolidada.
Além disso, ele destaca que a explosão da comunicação móvel cria novas oportunidades de negócio, e garante que o futuro está nesse segmento.

Você diz que o futuro é mobile. Por quê?

Boa pergunta. No começo, a indústria da comunicação e a mídia eram eletrônicas. Agora, são digitais. Nesse processo, se tornaram multimídia e agora estão se tornando interativas. E mobilidade é isso. A televisão é eletrônica, sim. Ela é multimídia, sim. Mas não é tão boa em interatividade. Já a Internet é ótima nisso, mas ainda não está em todo lugar com os dispositivos tradicionais. Mobilidade é, então, a transformação que vem acontecendo. Cada vez mais é por meio dos aparelhos móveis que fazemos nossa primeira comunicação. Se fazemos algo interessante, na hora tiramos fotos. Pelo celular, usamos a internet para carregar jogos ou ler alguma notícia. Nós podemos fazer isso com diferentes dispositivos, podemos ligar o rádio, pegar o vídeo game, tanto faz. Mas o celular é o dispositivo de comunicação que não largamos. Gostamos de enviar mensagens. Então, quando o dispositivo que usamos para isso ganha uma câmera, a partir de então, essa será nossa câmera preferida. Se ganha uma tela, essa se torna nossa tela preferida. Se ganha funções de interatividade, a partir desse momento, se torna nosso principal dispositivo de comunicação multimídia.
Tomi Ahonen, um dos maiores especialistas em mídias móveis do mundo (Foto: Simão Mairins/Administradores.com)

Você diz que hoje nós temos mais poder com um celular na mão do que os Estados Unidos tinham com imensos computadores, há 50 anos. O que esse poder significa?

Esse é um ótimo ponto. Se olharmos para o cálculo tradicional do poder da computação, o foco está no poder de processamento, quantos milhões, bilhões de contas ele pode fazer. Então, desde cedo, os computadores foram capazes de realizar muitos cálculos por segundo. E hoje nós temos esses milhares de cálculos em um pequeno celular. Nós temos a mesma memória que um computador cujo uso dependia de um centro bem equipado com ar condicionado, onde eles recebiam uma placa refrigerada, cheia de memória, que era destinada apenas para ler e calcular, ler e calcular. Então, se você medir o poder do computador, você será confrontado por um Iphone que é mais poderoso que qualquer computador do planeta, há 20 ou 40 anos, e ainda pode ser levado a qualquer lugar.

E para os negócios, o que esses avanços tecnológicos significam?

Se você pensar sobre os primeiros computadores, vai ver que eles foram inventados para a ciência espacial, energia e bombas nucleares. Eles foram usados para espionagem. Hoje, os computadores mais poderosos do mundo estão com as equipes de Fórmula 1, e são eles que fazem o design dos carros de corrida. Nós estamos usando celulares para nos habilitarmos e computadores para criar filmes como Avatar. Computadores já foram "coisa séria", exclusividade de militares, segurança nacional, você sabe, emergências. A nossa geração substitui esse uso pelo entretenimento. Fazer filmes, propagandas e até as músicas soarem melhor. Se você pensar nos telefones celulares, nós sabemos que eles podem fazer filmes em três dimensões, assim como Avatar. Nós podemos ter filmes curtos e torná-los magníficos no nosso bolso. Então, nós estamos usando o poder da computação para nos entreter. Nós não precisamos calcular.

Você acredita que milhões de pessoas, cada uma com um smartphone na mão, são mais fortes que um governo em posse de um super computador?

Sim, e eu acredito que temos o exemplo perfeito. Observe a Primavera Árabe. Telefones celulares não criaram o movimento, assim como não criaram a revolução Occupy Wall Street. Revoluções são com a Francesa, a Comunista, a Russa. Revoluções sempre existiram. Mas o celular permite às pessoas dizerem "a polícia está chegando", "vamos nos encontrar nas ruas" ou "agora vamos ao banco". Permite que as pessoas se comuniquem instantaneamente. Aparelhos telefônicos simples, no nosso bolso, já estão preparados para o caso de um policial bater em um jornalista. Alguém poderá fotografar ou filmar rapidamente e isto chegará ao presidente com a frase "veja o que os policiais estão fazendo". Telefones celulares estão viabilizando uma nova democracia, mais realista, humana, onde todos de fato se envolvem. A existência desses aparelhos permite o acesso à democracia pelas pessoas. Elas podem controlar a hostilidade do governo com a população.

O mercado e as empresas precisam se preparar para lidar com esse tipo de democracia?

Eu acredito que isso mostra a maturidade do governo e da democracia. Por exemplo: para alguns países, a democracia é algo novo e o governo está com medo, São lugares como a China, Coréia do Norte, Irã, entre outros. O governo tenta sufocar a comunicação entre as pessoas, mas se por acaso você for à Coréia do Sul você conhecerá o sistema de comunicação que liga o governo e a população. Lá se você cair em um buraco na rua é possível ligar diretamente para o órgão responsável e exigir que seja feita uma manutenção. Imagine você em São Paulo, na mesma situação, mandando mensagem para o responsável pela rua e recebendo dele uma resposta imediata, já que é digital e você tem uma gravação da reclamação da pessoa. O problema seria resolvido e você receberia uma mensagem de volta com os agradecimentos. Se os governos assumirem uma postura positiva em relação às novas tecnologias, eles estarão aproveitando uma grande oportunidade.

O que falta para as regiões menos desenvolvidas chegarem a esse nível mencionado, em que as mídias digitais são úteis. Como podemos chegar lá e por que ainda não chegamos?

É fácil olhar para a Apple, seus computadores, iPads, iPhones e pensar: esse é o futuro. Não é. Para a maioria das pessoas, principalmente nos países emergentes onde o maior dispositivo digital é o celular, e não é um iPhone ou Blackberry, é apenas um Nokia simples e barato, ou Motorola, LG. Nós precisamos construir algo, principalmente serviços governamentais, que funcionem através de SMS. Exceto para documentos importantes, como um passaporte, tudo seria feito por mensagem, consultar impostos, relatar um problema, puxar seu histórico. Cingapura foi pioneira nisto, e a Índia seguiu o exemplo. É um serviço chamado "e-govermment", que pode ser acessado pelo celular ou computador. Lembre-se de que só 5% da população possui um computador, mas todo mundo tem um celular para mandar mensagens e receber respostas imediatas. Se em Cingapura temos esse sistema, é possível aplicá-lo no Brasil.

Você diz que o celular é uma mídia de massas, mas tem propriedades particulares. O que significa ter uma mídia massificada, porém personalizada?

O conteúdo de uma mídia de massas alcança milhares de pessoas, mas não é personalizado. Por exemplo, enquanto você recebe milhares de notícias sobre esportes no Brasil, eu posso programar para receber notícias apenas sobre Fórmula 1. Eu não me interesso por futebol, mas quem é fã pode receber notícias sobre esse jogo e qualquer outro que lhe interesse. Isso é pessoal. Então nós podemos focar em como adequar esse conteúdo pessoal em uma mídia que tenha audiência das massas. No celular, nós podemos focar no que é relevante para nós. Seu melhor amigo escolherá um conteúdo diferente, assim como sua mãe, pai, filho, cada um selecionará as noticias dentro de um mundo de opções. Um exemplo: no Japão, foi introduzido um serviço de notícias que opera na tela do seu celular. Geralmente, a tela inicial do seu aparelho mostra que horas são. Melhor que o relógio, nós podemos ter a atualização de notícias de uma fonte como a CNN, através de um botão. Quando eles apresentaram esse sistema no Japão, foi um sucesso instantâneo. As pessoas pagavam US$ 2 por mês pelo acesso. Quando eu dizia isso nos jornais, eles diziam "Meu Deus". A reação era a mesma no rádio, na televisão e então eles passaram a reparar nessa nova moda e classificá-la como uma nova mídia de massas.

Você afirma que as empresas encontraram um novo caminho para ganhar dinheiro com celulares. Como isso é viabilizado?

Sim, os celulares são fábricas de dinheiro para a mídia. Eu lhe darei um exemplo que é até meio óbvio. O American Idol (formato original dos programas da linha do "Ídolos"). O que você pagar para votar em seu artista preferido pelo telefone é dividido entre a emissora, a companhia telefônica e os donos do American Idol. Nós podemos fazer isso pela Internet, podemos vender conteúdo e ganhar dinheiro através de mensagens premiadas. Nós podemos fazer isso na Billboard, no impresso, na televisão, cinema, em qualquer lugar. O celular é uma máquina mágica de fazer dinheiro. Nós podemos criar um conteúdo especial, no qual podemos vender pelo celular ou, paralelamente, adicionar novos elementos.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Potencializando sua estratégia de marketing com o Instagram

 

Publicado por
Como todos sabem, por meio do Instagram é possível realizar o compartilhamento de fotos de forma gratuita. O aplicativo soma mais de 30 milhões de usuários, e esse número deve crescer de forma exponencial, principalmente após sua liberação para o sistema Android – até então só era possível no iPhone.
As possibilidades de compartilhar imagens são infinitas e já começam a ser usadas como estratégias de marketing, pois se trata de uma comunicação direta e eficaz, que permite atrair possíveis clientes por meio do uso da imagem. O aplicativo possui filtros que brincam com as cores das imagens deixando-as com aspecto retrô, cores saturadas, como os “momentos Kodak” das gerações anteriores. Vale lembrar que o Instagram não é usado diretamente para vender produtos, mas sim para mostrar e despertar curiosidade sobre eles. Até porque nem preços são colocados nas imagens, no máximo a localização da loja, empresa, etc.
Eis algumas dicas de como você poderá potencializar sua estratégia de marketing com o Instagram:
  • Mostre seu produto: apresente o que você vende e desperte o desejo dos consumidores através da imagem. O aplicativo poderá deixar sua imagem mais atraente por conta dos recursos disponíveis;
  • Mostre a experiência com o seu serviço: nada melhor do que seu cliente postando imagens das experiências que ele obteve com seu produto. Crie ações para incentivar os seus clientes a produzirem imagens e postar no Instagram.
  • Mostre sua personalidade: toda empresa tem uma personalidade, ou seja, um posicionamento. Pense como você quer que sua marca seja percebida. Podemos citar como bom exemplo a Red Bull. A empresa é reconhecida por patrocinar grandes eventos esportivos e radicais. No seu Instagram, a Red Bull posta as fotos dos seus eventos para que seu público possa acompanhar.

  • Mostre seu processo produtivo: mostre a seu cliente ou prospect como o produto é produzido e como é todo processo de qualidade. Isso gera valor e credibilidade! Um exemplo é a Tiffany, fabricante de joias que mostra à suas clientes todo seu processo produtivo.

Muitos flashs de oportunidades. Acredite.

Dicas práticas de como produzir um e-mail marketing de qualidade

 

Publicado por



Hoje o foco da maioria das empresas está no desenvolvimento de ações de Marketing Digital, onde a maior concentração, cerca de 80% é o e-mail marketing. Segundo estudo realizado pela SeeWhy Software divulgado no ano passado (2011), a principal fonte de tráfego ao carrinho de compras de diversos sites de e-commerce nos Estados Unidos foi o e-mail marketing.
Um e-mail marketing desenvolvido com algumas boas práticas torna extremamente eficiente as vendas de e-commerce, com baixo custo e alto retorno. Para se ter retorno através desse recurso, apresentamos alguns passos importantes:
1) Quem é sua base de dados?
Quando a empresa envia um e-mail marketing para uma base de usuários desconhecida ou comprada sem saber a procedência, a taxa de conversão será ínfima.
Quando se tem uma base de clientes opt-in e de público segmentado, o retorno de conversão pode ser 3 vezes maior.
2) Palavras proibidas
Na construção da arte para o e-mail marketing, as palavras inseridas são de extrema importância. Não se deve usar, por exemplo, newsletter, news, e-mails, todos os direitos reservados, grátis, promoção, sigilo absoluto, entre outras. Evitando as palavras proibidas, a probabilidade de entrega de e-mail marketing é bem expressiva.
3) E-mail marketing não é revista
A arte da newsletter bem feita em um e-mail marketing deverá ter 60% de texto e 40% de imagem, e tem que ser em código HTML.
4) Retorno de reputação
Muitas empresas, por envio indevido de e-mails e compras de listas sem procedência, prejudicam a reputação do seu domínio, podendo, assim, tê-lo bloqueado por minutos ou dias e entrar para as black lists, tornando sua imagem negativa para os clientes.
5) Qual a reputação do provedor
Existem inúmeros provedores, mas você deve escolher um que tenha reputação positiva no mercado, com centenas de ip’s, links dedicados e gerenciamento.
6) Frequência de envio
É muito importante que haja um planejamento de envio de e-mail marketing: quantos dias na semana, qual o melhor horário, a velocidade e o volume de disparo. Não será positivo enviar um milhão de e-mails em um único horário. Tudo isso interfere no resultado da entregabilidade. E-mail marketing bem feito não é quantidade, e sim qualidade. Pesquise o melhor horário para envio.
Coloque em prática essas dicas para que seus e-mails marketing produzidos aqueçam o tráfego do seu site e principalmente as vendas.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Guinness QR Cup: design inovador e integração com as redes sociais

Publicado por

Em alguns bares dos EUA, ao pedir uma cerveja Guinness – cerveja irlandesa escura do tipo premium – o cliente recebe junto um copo especial.

Foto: Divulgação
Uma ação inovadora proposta pela cervejaria irlandesa traz a aplicação do QR Code que é revelado quando o copo está cheio, e detalhe, o código só é revelado se a cerveja for da marca Guinness! Quando é colocado alguma outra marca de cerveja ou outro tipo de bebida, o código não é mostrado completamente. O segredo é a cor característica da cerveja Guinness, a tonalidade preta da bebida ativa a visualização do QR Code.
Guinness QR Cup: copo de ação promocional da cervejaria Guinness em bares dos EUA. QR Code é ativado pelo produto.
Integração com as redes sociais: Foursquare, Facebook e Twitter
Ao fotografar o QR Code do copo com a câmera do celular, automaticamente é feito o check-in no Foursquare indicando o local onde o cliente está, uma atualização de status é feita no perfil do Facebook e também uma postagem é publicada no Twitter, além do download de arquivos com informações sobre a Guinness.
Tendência: uso de QR Code em produtos
Cada vez mais presente em projetos de design, o QR Code, além do uso em campanhas publicitárias e ações promocionais, vem conquistando seu espaço em produtos e embalagens. É uma excelente solução para incluir as informações necessárias sobre o produto, como manuais de instruções ou mesmo receitas em embalagens de alimentos que podem ser incluídas no QR Code e acessadas pelo consumidor ao fotografar o código, permitindo a criação de projetos de design clean, sobrando mais espaço para a criatividade.

Quem são e por que as marcas não entendem os consumidores infantis

Segundo pesquisa “Infância Influente”, falta às empresas compreensão de que as crianças nasceram em plena era tecnológica. Estratégia errada afeta diálogo e fidelização

Por Isa Sousa, do Mundo do Marketing | 11/07/2012

isa@mundodomarketing.com.br

Infância Influente,TNS Global,pesquisa,consumidores infantis,criançasFilhas da tecnologia, as crianças de hoje nascem inseridas em um mundo recheado por telas touchscreen, celulares com comando de voz, videogames sem joystick e multi-aparelhos com multi-tarefas. Nesse contexto mutável, as marcas passam por dificuldade por não entenderem quem são e o que querem os consumidores infantis.

Segundo a pesquisa “Infância Influente”, realizada pela TNS Global, com foco em crianças de seis a 11 anos, o objetivo das empresas têm de ser na geração de experiências para criação de vínculos afetivos. Ainda que os pequenos não entendam as mensagens com a mesma propriedade que os adultos, mesmo porque não desenvolveram o raciocínio abstrato totalmente, podem referenciar as marcas por meio de seriados, personagens e ídolos.

Nesse cenário, as empresas devem definitivamente entender que as crianças de hoje definirão os tipos de consumidores do futuro. As mudanças não serão rápidas, mas é preciso correr contra o tempo. “A infância está mais tecnológica, mas crianças continuam sendo crianças: elas querem explorar, brincar, saciar curiosidades, experimentar. Ávidas, abertas e destemidas frente a novas possibilidades, absorvem informações mais rápido”, diz Alexandre Momma, responsável pela pesquisa.

Cinco tendências de consumo infantil
O entendimento das marcas em relação a quem são e o que desejam os consumidores infantis e que tipo de consumidores eles se tornarão, aponta para cinco tendências do mercado, segundo o estudo. A primeira delas é a compreensão que os pequenos têm do domínio da tecnologia: eles utilizarão cada vez mais, com mais facilidade, e absorverão mais rápido os aparatos tecnológicos naturalmente.

O segundo ponto é que as empresas precisam entender que as crianças não atuam apenas como receptoras de informação, mas também como emissores. “O poder social já é forte e será potencializado pelas redes sociais. Os pequenos opinam, repassam, influenciam e são influenciados”, explica.

Em terceiro lugar está a autosuficiência, quando buscam informações e elas devem estar disponíveis onde e como quiserem. “Dessa forma, os processos de compra e pontos de venda precisarão de um update quanto a preços, produtos e vendedores, por exemplo”. A quarta tendência é o conteúdo espontâneo, que cresce não só em presença, mas em importância. Segundo o estudo, a mensagem da marca não pode entrar em dissonância com a mensagem sobre a marca.

A última tendência é quanto à participação. Em um cenário bastante ativo, os consumidores buscarão adequar o que consomem às suas necessidades e valorizarem produtos em que tenham voz, desde que o objetivo não seja apenas comercial.

Diálogo certo, vínculo criadoInfância Influente,TNS Global,pesquisa,consumidores infantis,crianças
De forma quase natural, marcas como a Fiat e a Estrela são exemplos de sucesso quanto à tendência de diálogo com as crianças. A montadora lançou o Uno Passeio e o Uno Elétrico, versões infantis do Uno. Já a Estrela relançou o jogo “Banco Imobiliário” trazendo como opção a forma de pagamento em cartão de crédito com a bandeira Mastercard. Outras marcas também entraram no universo infantil: os jogadores podem comprar ações de mentirinha da Vivo, Itaú, TAM Viagens, Nivea e Ipiranga.

“As marcas têm de oferecer formas de desenvolvimento e quem fizer parte desse momento começará a criar vínculos. É natural. Não é empurrar para o consumo, mas gerar experiências e benefícios para essas crianças. As marcas têm de ser preparar hoje para o que esse consumidor pode ser no futuro”, afirma Alexandre Momma.

A presença das marcas no dia a dia das crianças cria uma relação duradoura, por meio da geração de experiência. A partir de ações que criem uma espécie de parceria entre público infantil e a empresa, os resultados poderão ser positivos para ambos os lados. “A criança se diverte e futuramente resgatará as memórias, com uma origem no afeto pela marca”, completa Momma.

Depois de adultos, as memórias da infância também ganham continuidade e passam de geração para geração. Um case de sucesso é o seriado Chaves. Há 31 anos no ar pelo SBT, o programa mexicano é relembrado por pais, que compartilham com os filhos as trapalhadas dos personagens. A criação do desenho do Chaves, em 2006, e a ativação do mesmo por meio do McLanche Feliz, do McDonald’s, em que as crianças ganhavam bonequinhos no kit, são exemplos de um sucesso que sempre se renova.

Outro exemplo é a Lego. Criada nos anos 1950 e febre nos anos 1980, a empresa caiu no esquecimento nos anos 2000,Infância Influente,TNS Global,pesquisa,consumidores infantis,crianças chegando a fechar fábricas e demitir mais de 3.500 funcionários. No Brasil, a marca fechou as portas em 2004 e voltou em 2006, após reestruturação mundial. Entre as iniciativas que resgataram o sucesso da marca, estão ações de licenciamento que permitiram lançar peças temáticas, como do filme Star Wars e de super heróis, fazendo com que o brinquedo agradasse crianças e adultos.

“Conheço adultos com mais de 30 anos que colecionam Lego e vi esses dias uma cena que chamou atenção: uma criança com os ‘óculos canudo’ do Chaves na rua. Obviamente ela gosta do desenho, mas deve ter o fator influenciador dos pais. Nem sempre o seriado ou desenho são ótimos, mas se ele consegue resgatar experiências e sentimentos é o importante. Esse tipo de transporte que precisa acontecer e não está acontecendo”, pontua Momma.