segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Skol apresenta nova identidade visual sábado passado, 29

 

Marca produz vídeo com a música “Linda Demais”, do grupo Roupa Nova, que tem como protagonista uma lata de cerveja em situações românticas e bem humoradas

Por Bruno Garcia, do Mundo do Marketing | 28/09/2012

bruno.garcia@mundodomarketing.com.br

A partir de amanhã, dia 29, a Skol apresenta ao mercado a sua nova identidade visual. Com a ação “A Skol está de Roupa Nova”, a marca traz um vídeo com a música “Linda Demais”, do grupo Roupa Nova. No clipe, uma lata de cerveja é a protagonista de cenas românticas e divertidas. Também foi criado um aplicativo para o Facebook que permitirá ao usuário trocar o layout da própria página para brincar com os amigos surpreendendo-os com um novo visual, utilizando elementos da música e do vídeo. Materiais de ponto de venda e conteúdo para outras mídias completam a ação. A criação é da F/Nazca e o design da nova lata é da Narita Design.

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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Bel Pesce: jovem dá lição de empreendedorismo em palestra no Sebrae

 

Bel Pesce empolgou a plateia ao mostrar que é possível obter sucesso cedo com dedicação

Por Hédio Ferreira Júnior, Agência Sebrae

Com uma mente que parece não parar de fervilhar e a desenvoltura típica de uma jovem ávida por conhecimento, a paulista Bel Pesce, 24 anos, superlotou o auditório doSebrae Nacional na noite dessa quarta-feira (26). A jovem falou à uma plateia majoritariamente na faixa etária dos 20 anos, e contou êxitos de uma carreira bem-sucedida e recheada de episódios engraçados e improváveis.
Simpática, Bel é uma menina de aparência simples e que passaria despercebida entre a turma que a ouviu por quase duas horas. Determinada a conseguir tudo que planejava - contando apenas com a falta de vergonha em tentar um sim quando o não ela já conhecia -, decidiu aos 17 anos tentar uma vaga no renomado Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. O detalhe: prazos de inscrição e entrevista já haviam terminado.
Tanto fez que conseguiu o que lhe disseram ser impossível. Ao chegar nos Estados Unidos e se envolver em feiras e eventos para os quais ainda não tinha experiência curricular, conseguiu estagiar em uma das maiores empresas da internet, o Google, ainda no primeiro semestre da faculdade. Ela também ousou dar passos que pareciam absurdos ao deixar a empresa e trancar o mestrado para se dedicar a um projeto menor, mas no qual ela vislumbrava sucesso. "Minha família e meus amigos achavam que eu era louca, mas meus riscos eram completamente calculados", disse ela.
Como é definida na contracapa de seu livro A menina do Vale - como o empreendedorismo pode mudar sua vida, Bel é mesmo um ponto fora da curva. Ela montou sua própria startup, empresa jovem e inovadora, em busca de modelo negócio escalável e sustentável no Vale do Silício, na Califórnia.
Hoje, Bel Pesce faz parte do time fundador da Lemon, empresa de aplicativos para smartphones, que após três meses de lançamento já contava com mais de um milhão de usuários.
Simples, bem articulada, extremamente carismática e bem-humorada, ela decidiu, no ano passado, contar as suas histórias recheadas de improbabilidades em uma publicação lançada na internet. Em apenas um mês foram atingidos 500 mil downloads, sucesso que migrou para a versão impressa por meio da editora Casa da Palavra. O livro foi autografado por ela após a palestra no Sebrae.
Aprender, Bel garante, é uma motivação diária. Do tipo que faz dez coisas ao mesmo tempo, ela já concluiu os cursos de engenharia elétrica, ciências da computação, administração, economia e matemática. Cursava na faculdade 13 disciplinas ao mesmo tempo - quando a recomendaram não passar de quatro - e admite que para conseguir sucesso em um projeto é preciso dar um passo de cada vez e testar o interesse das pessoas pelo seu produto.
"A minha definição de empreendedorismo é a de quem cria serviços e produtos que podem tocar a vida das pessoas", descreveu. Ela contou que muitos dos seus projetos também fracassaram, mas que aprender com os erros está na fórmula de quem quer crescer. "Errar faz parte do empreendedorismo. Quando se valoriza o erro é sinal de que se é capaz de corrigir e melhorar. E, mais do que isso, não ter medo de arriscar".
Atualmente, Bel dedica 99% do seu tempo e de suas funções na Lemon. O ciclo de palestras pelos Sebrae começou em Belo Horizonte, passando pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e se encerra nesta quinta-feira (27) em Porto Alegre.
Com projetos para a área da educação, ela diz ainda ter vontade de fazer música e jura que mesmo no ritmo alucinante a que se propõe trabalhar quer uma casa cheia de filhos. "Às vezes queremos fazer tudo estruturado e nem sempre é assim. Pipocar ideias de pequenas coisas pode fazer com que, juntas, elas valham muito", definiu os passos de sua carreira que podem ser perfeitamente encaixados aos seus planos pessoais.

Como definir o público-alvo para sua empresa?

 

Dependendo do tipo de negócio que se pretende implementar, pode ser importante identificar desde a faixa etária e o nível de renda dos possíveis clientes até o estado civil e se têm filhos (e quantos, claro!)

Por Simão Mairins, Revista Administradores

Quando se pensa em abrir um negócio, há uma série de fatores que precisam ser considerados para que o empreendimento saia do papel e consiga sucesso. Levantamento de capital inicial, definição do produto e planejamento financeiro são alguns exemplos. Nesse conjunto, entretanto, poucos são tão determinantes quanto um: a definição do público-alvo.
Dependendo do tipo de negócio que se pretende implementar, pode ser importante identificar desde a faixa etária e o nível de renda dos possíveis clientes até o estado civil e se têm filhos (e quantos, claro!). Com as informações em mãos, o próximo passo é delimitar a parcela desse grande público para a qual valerá a pena dedicar as maiores atenções. "É melhor falar bem com os vizinhos do que mais ou menos com todas as pessoas do bairro", destaca o professor Paulo Tamanaha, autor do livro Planejamento de mídia: teoria e experiência.
"O lançamento de um negócio sem um prévio entendimento de quem será o seu público principal faz com que o empreendedor assuma riscos que podem afetar de forma bastante negativa seu negócio", complementa André Banchi Alves, da Cauduro Associados, empresa especializada em branding e design.

Dicas

– Pesquise
É importante conhecer muito bem o mercado que se pretende atingir. Quanto mais detalhes, melhor. É uma região de imóveis residenciais ou comerciais? Existem mais edifícios ou casas? Os prédios são novos ou antigos? Ali moram mais pessoas solteiras ou casadas? Qual a faixa etária predominante? Qual a faixa de renda? Agora, claro, cuidado para não perder tempo com o que não fará diferença para sua estratégia.
– Delimite seu público majoritário
Agora você já sabe quem é quem no mercado em que pretende atuar. Mas vá com calma e não saia atirando para todos os lados. Afinal de contas, quem tenta agradar a todos não agrada a ninguém. Delimite um grupo específico no qual valerá a pena focar seus principais esforços, cruzando informações e identificando o que será mais vantajoso para seu negócio.
– Organize a oferta
Público majoritário definido, agora é só preparar sua oferta de modo que atenda o máximo possível de necessidades dele. "Digamos que ao montar uma farmácia em um local de muitos prédios residenciais novos, o perfil predominante dos moradores seja de recém-casados, faixa etária entre 25 e 35 anos, com filhos pequenos. Assim, talvez seja razoável deduzir que, ao incrementá-la com produtos como fraldas e de higiene pessoal, poderá gerar maior atração junto aos moradores", exemplifica Tamanaha.
– Evite confundir gosto pessoal e gosto dos clientes
Muito profissionalismo nessa hora. Quando for definir os produtos, a arquitetura do ponto de venda, a decoração, a abordagem dos clientes, coloque-se no outro lado do balcão. "Evite achar que o que é bom para você é bom pra todo mundo. Essa é uma atitude que deve ser abandonada imediatamente, a não ser que o perfil do público seja totalmente idêntico ao seu", afirma Tamanaha.
– Defina uma estratégia de comunicação
Aqui, tudo depende do tipo de negócio e do público a que se pretende chegar. Procure identificar os principais canais através dos quais será possível chegar a seus clientes e defina ações para eles, levando em conta o grau de retorno de cada um e os custos. "Uma loja de bairro, por exemplo, pode utilizar canais específicos da região onde está localizada, como jornais de bairro, mala direta nos edifícios, e-mail marketing, panfletagem etc.", explica André Banchi.
– Escute e observe
"Aproveite todos os contatos que você tiver com seu cliente para ouvir e compreender quais são suas reais necessidades. Além disso, pergunte o que poderia melhorar no seu negócio. Depois disso, observe o comportamento de compra. Pequenos gestos podem indicar onde você precisa fazer ajustes na sua operação", explica André.

Análise: segmentação é a tendência das redes sociais

 

A possibilidade de voltar a ter um contato mais próximo pessoas que estavam distantes animava os usuários. Mas ao mesmo tempo em que aproximou quem estava longe, as redes sociais distanciaram quem está perto no mundo real

Por Marcelo Spinassé, Administradores.com
 
O sucesso das redes sociais não é mais novidade. Você conhece alguém que não participe de alguma rede social? Acho que não. Elas se popularizaram nos anos 2000 e hoje não conseguimos imaginar nossas vidas sem esta forma de interação social. Como tudo se transforma e na internet não demora muito para que isso aconteça, as redes sociais também já sofreram diversas mudanças e agora estão na fase da segmentação. Será que a moda vai pegar?
Quando as redes sociais se popularizaram a ideia era reunir todos os amigos e conhecidos em um único lugar. A possibilidade de voltar a ter um contato mais próximo pessoas que estavam distantes animava os usuários. Mas ao mesmo tempo em que aproximou quem estava longe, as redes sociais distanciaram quem está perto no mundo real.
Nas redes segmentadas a história muda. Todos os participantes estão interessados em um mesmo assunto. Além dos amigos do mundo 'real', os usuários destas redes têm a possibilidade de conhecer novas pessoas com interesses semelhantes e trazer esta amizade para fora do mundo virtual. As redes sociais segmentadas aproximam quem está longe e ainda criam a possibilidade de conhecer novas pessoas.
Acredito que o futuro das redes sociais é a segmentação porque chegamos ao limite das redes de massa. Primeiro, a novidade atraiu milhões de usuários, agora as pessoas estão se saturando e buscando uma 'nova' forma de se relacionar. O que não exclui as redes sociais, porque elas são inerentes a nossa sociedade.
O Brasil é o quarto país do mundo com mais usuários de internet em redes sociais. Cerca de 97% dos internautas brasileiros acessam sites como Facebook e Twitter, segundo estudo da comScore. O Facebook, com certeza, é a rede social mais popular. Neste ano, atingiu um índice de 54,99% de participação no Brasil, frente os 18,24% registrados em 2011, um crescimento de 36,75 pontos percentuais.
Mas o crescimento da rede criada por Mark Zuckerberg não intimida as redes sociais segmentadas. Afinal, ser segmentada não significa ter poucos usuários e sim atrair um público específico. Rede social corporativa, de moda, de troca de serviços, para relacionamentos, para médicos, profissionais de RH, universitários e recém-formados. Já existem redes sociais específicas para todos esses públicos e muitos outros.
As redes sociais segmentadas são para troca de informações e ideias entre pessoas interessadas em um determinado tema. Em uma rede só para profissionais de recursos humanos, por exemplo, os usuários podem compartilhar as dificuldades da profissão, trocar experiências e encontrar novas ideias através do conhecimento de pessoas que também têm aquela dificuldade. É possível usar uma linguagem mais técnica, por exemplo, e ter certeza que todos estão entendendo do que se trata.
Mesmo sem os números grandiosos do Facebook essas redes específicas podem sim ter sucesso. A rede social é antes de qualquer coisa um local (mesmo que seja virtual) de troca, um relacionamento horizontal, no qual todos são iguais e o conhecimento de um pode ser muito útil para o outro. Se as pessoas conseguem aproveitar o conteúdo disponível a rede social já cumpriu a sua função e é sim um sucesso.
Marcelo Spinassé, idealizador da rede social de troca de serviços WinWe.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Como as redes sociais podem colaborar na educação e influenciar o consumo?

 

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Nosso tema de hoje será um pouco mais reflexivo e pensando na futura geração que vem aí e que respira tecnologia e informação a todo o momento. São eles nossos brilhantes filhos, que se tornarão profissionais do futuro, nossos neoconsumidores decisores na compra de produtos e serviços. E vem aquela pergunta? Como lidar com essa geração Y e aliar o ensino amparado por meio da tecnologia e das redes sociais?
 
No passado, o processo de aprendizagem era totalmente off-line e por meio dele realizávamos as interações com nossos professores, colegas de classe e toda comunidade escolar. O método era eficaz? Era e sempre foi eficaz! Porém, por meio das novas tecnologias os alunos e colégios passaram a ter à sua disposição um universo de interação em tempo real e de rápida distribuição.
Há vários motivos para utilização das redes sociais na educação. Em primeiro lugar, elas são o habitat dessa nova geração, pois ela está lá e quer ser ouvida de alguma forma. Se de um lado pode haver resistência por parte dos próprios alunos em misturar estudo no momento em que eles se divertem, de outro eles já sabem utilizar as mídias, estão familiarizados com vários recursos e os acessam com frequência, o que facilita atividades realizadas nas redes. Além de possuir um potencial incrível para gerar interação, o que é um dos principais desejos da educação, o compartilhamento de opiniões e ideias é base de qualquer rede social. Na educação atual, é necessário formar alunos para trabalhar em grupos e em redes; então nada mais adequado do que já fazer isso de maneira autêntica.
Como nossos “baixinhos” já estão conectados boa parte do dia, muitas empresas se aproveitam da situação para fazer seu marketing. Segundo o jornal The Daily Telegraph, mais de 300 mil crianças já foram recrutadas em pesquisas de marketing de grandes empresas, como Mattel, Nintendo e Coca-Cola. A Mattel, por exemplo, na campanha de marketing de um MP3 player da Barbie, pediu a 50 meninas, de idade entre 7 e 11 anos, para divulgar o produto. Para ganhá-lo, além de outros prêmios da marca, elas precisavam criar seus próprios sites de fã do MP3 da Barbie e conseguir que suas amigas se cadastrassem no Barbie.com. Em outros casos, empresas pedem que crianças façam e publiquem vídeos mostrando sua devoção à marca, como foi o caso da Pizza Hut, entre outros diversos casos.
Veja o vídeo abaixo, trabalhadado pela empresa Mattel e divulgado no canal do Youtube para atingir esse público:


E em sua opinião, qual sua visão referente a presença das redes sociais no processo do ensino e formação?

Cliente oculto no shopping: "Ei, olha pra mim!"

Será que um indivíduo simples, de chinelo e vestindo roupas já bem surradas, recebe o mesmo tratamento que um engravatado no shopping? Fizemos o teste. Saiba o que aconteceu

Por Simão Mairins, Revista Administradores

Sexta-feira, passava das 18h. O rush já começava a se formar nas avenidas e no estacionamento do maior shopping da cidade já estava engarrafada a busca por uma vaga. Depois de circularmos um pouco e esperarmos bastante numa fila de indecisos que não sabiam se iam ao subsolo ou subiam ao primeiro andar do edifício garagem, finalmente encontramos um lugar para estacionar. Era o extremo do pátio, bem em frente ao portão que dá acesso à favela que fica lá por trás. Para a maioria dos que ali passavam, aquele lugar era uma espécie de Faixa de Gaza. Para nós, perfeito.
Já devidamente paramentado com a velha camisa (uns quatro anos de uso, no mínimo!) que comprei no Carrefour em um supercombo daqueles de três por R$ 12,00, um short que quase morreu afogado na água sanitária na minha mais mal sucedida tentativa de ser um solteiro competente na lavanderia, um par de havaianas pretas milimetricamente sujas de terra, um boné desbotado e a barba por fazer, desci do carro e simulei uma entrada triunfal a pé pela porta dos fundos. Mas foi só para entrar no espírito. O teatro de verdade tinha que funcionar lá dentro.
Já tomando distância do meu editor, Fábio Bandeira de Mello, que me acompanhou até avistarmos as primeiras vitrines, comecei a estudar o ambiente e ver mais ou menos por onde começar, seguindo na medida do possível o roteiro previamente elaborado. A ideia ali era entrar em lojas de diferentes segmentos e níveis, e ver, de fato, como um cara simples seria atendido em cada uma. Como o shopping é, do ponto de vista da oferta, relativamente democrático (com lojas bem caras e outras mais acessíveis), sabia que seria possível traçar alguns paralelos. Com isso em mente, fui lá.
Matéria foi publicada na edição 16 da revista Administradores (Imagem: reprodução)


O bom tratamento

No térreo, tradicionalmente, estão as lojas mais populares. A primeira em que parei foi uma de calçados. Mas, se o objetivo era ser maltratado para ter uma história interessante para contar aqui, não deu certo. Mal parei na vitrine e já veio um vendedor me dando boa noite. Como vi que ali me tratariam bem, acabei não demorando muito. Mas, antes de sair, deu tempo ainda de outro atendente se aproximar e, simpaticamente, dizer que, caso eu precisasse de alguma coisa, poderia chamar.
Quase em farrapos, como eu estava, cheguei a acreditar que os seguranças poderiam me tratar, no mínimo, como um suspeito. Foi então que resolvi pedir informação a um deles. Caprichando nas gírias e no sotaque malandrês, perguntei a um deles onde ficava o banheiro mais próximo. E aí o indivíduo teve a petulância de, também muito educadamente, perder uns segundos de seu tempo me explicando detalhadamente como chegar ao toilette. Agradeci, abaixei a cabeça e sai.
Com todo mundo me tratando bem ali naquela área, peguei a primeira escada rolante e decidi passar logo para o nível 2 da ação: as lojas intermediárias. Cai em cheio na entrada da filial de uma grande rede de móveis e eletrodomésticos. Cresci logo os olhos para uma TV LED 3D que chamava atenção na entrada da loja. Parei em frente a ela e comecei a ler os detalhes. No momento, havia uns dois vendedores atendendo outros clientes e, por alguns minutos fiquei sozinho. Mas logo que ficou livre, um dos atendentes veio até mim, falando sobre o produto, dando detalhes sobre a tecnologia e já adiantando as incontáveis formas facilitadas de pagamento que eu poderia ter.
Foi aí que comecei a desconfiar dessa história de preconceito. Principalmente agora, com a economia brasileira bombando. A turma já tomou consciência de que a classe C - e até a D - está endinheirada, ou pelo menos com crédito suficiente para ir às compras. "Não dá mais para tratar ninguém mal simplesmente por achar que não vai sair dali uma venda, porque todo mundo agora pode comprar", pensei.

Mas nem tudo é simpatia

Mesmo cada vez mais descrente na possibilidade de encontrar boas histórias para a pauta, dei sequência à caminhada e resolvi parar numa loja de ternos, mas já com a certeza de que o cara ia pensar: "olha lá que oportunidade: a classe C não quer só TV de LED, quer andar na beca, bem elegante". Então, parei. Olhei. Caminhei em frente à vitrine. Entre os manequins, vi que uns cinco vendedores conversavam lá dentro. Suspeitei até que um tivesse me visto. Mas, para tirar a prova, decidi entrar. Entrei, olhei, esperei. Opa! Ali a coisa começou a mudar de figura. Dos cinco desocupados que jogavam conversa fora lá nos fundos da loja, um deles só se dignou a vir me atender quando comecei a dessarrumar as camisas empilhadas em um dos armários internos. Mesmo assim, ele desistiu no meio do caminho, quando um desenvolto usuário de camisas Lacoste entrou na loja e seguiu em direção ao lado contrário de onde eu estava.
Aquele primeiro desprezo me animou e aí fui com tudo para o teste da praça de alimentação. Quase sempre que alguém passa em frente aos restaurantes e lanchonetes, é comum as atendentes exibirem o cardápio e convidarem a conhecer as ofertas. Eu, então, para mostrar com bastante ênfase que queria comer alguma coisa, passei lentamente por toda a circunferência do ambiente, olhando para todos os menus afixados nas paredes. Em alguns casos, me atrevi até a olhar nos olhos de uma vendedora. E nada. Quase no fim, ao me ver com ar de humilhado depois de ter sido preterido por uma garçonete, que me deu as costas para oferecer todo o brilhos dos seus olhos a um casal aparentemente mais bem abastados, a funcionária de uma cozinha pegou um cardápio no balcão e disse: "pode olhar, moço".
As piores
Definitivamente, a coisa começava a mudar de figura. Segui, então, com toda a estranha felicidade de estar sendo mal atendido, para uma loja de relógios. E foi aí que o bicho pegou. Assim como nos estabelecimentos anteriores, fui completamente ignorado. Havia três vendedoras conversando ao lado de um balcão, mas todo esforço que fizeram foi o de não me deixar perceber que elas haviam me percebido. Para fazer com que elas mesmas se denunciassem, resolvi me fazer uma vergonha: olhei bem para o preço de uma peça e esbravejei: "R$ 3 mil conto? Tá doido! Lá no centro acho um igualzinho por R$ 10". O trio não aguentou e soltou aquela risada, me fitando com olhares que dispensavam qualquer palavra. Com o rabo entre as pernas, sai cabisbaixo, saltitando de alegria por dentro. Minha matéria estava salva.
Pouco mais à frente, vi logo as duas mais caras lojas de roupas de todo o shopping. A 20 metros, já senti que ali estavam escondidas boas histórias. E não deu outra. Dessa vez, nem me dei ao trabalho de fazer o teste da vitrine e entrei logo. Já na primeira, fui mais uma vez ignorado e, por persistir na presença, comecei a assustar a pobre moça do caixa, que logo chamou o único vendedor homem presente naquele momento e lhe disse algumas coisas no ouvido, sem me perder de vista. O homem, então, se dirigiu aos fundos da loja e eu sai, já começando a temer uma aproximação de seguranças (o que estragaria meu trabalho no melhor da festa).
Nesse momento decidi, estrategicamente, mudar de piso. Foi então que cheguei ao setor de serviços, no último andar. Lá, entrei na faculdade, onde fui pedir informações sobre cursos: "dona, eu queria saber aí se vocês têm uns curso técnico, profissionalizante. É que eu tô desempregado e queria ver se eu aprendia uma profissão". E ela, fazendo uso de toda a estupidez que tinha em si, me respondeu, apontando para o lado oposto: "sei não. Vá perguntar lá dentro". Fui. Mas não havia ninguém por lá. Vi, entretanto, por um vidro, que por trás da mulher que me atendeu, uma moça simpática explicava alguma coisa a alguém.
Já com material suficiente e temendo um baculejo dos seguranças, pois provavelmente eles já haviam sido avisados pelo pessoal da loja de roupas sobre minha presença estranha, decidi ir embora. Só que as coisas não acabaram por aí. Fiquei curioso para saber uma coisa: como toda essa gente com quem lidei nesse dia me trataria se eu estivesse de terno e gravata?

Agora, engravatado

Sexta-feira, passava das 18h. Uma semana depois de passear com minha camisa surrada, o short manchado e o boné desbotado (todos suficientemente velhos), entrei triunfalmente (neste momento usufrua da sua capacidade de imaginar em câmera lenta), todo na beca, pela porta da frente.
Passo a passo, refiz todo o roteiro de uma semana atrás e o resultado foi, no mínimo, engraçado. Na loja de calçados, me atenderam da mesma forma nos dois dias. Parabéns para aquela turma. Dei o maior valor. Na filial da rede de eltrodomésticos, entretanto, aconteceu algo inusitado: fui muito mais bem tratado quando cheguei arrastando o chinelo. Não sei se simplesmente dei o azar de pegar um mau vendedor na segunda vez. Mas sai de lá com a suspeita de que os juros do crediário pagos pelo meu eu mais pobre poderiam ser mais interessantes que a possível compra à vista do meu eu mais rico.
Como iria jantar por lá mesmo, mudei o roteiro e deixei a praça de alimentação para o fim. Passei, então, pela loja de ternos, onde rapidamente fui atendido. Mas foi lá onde percebi o primeiro indício de um fato que viria a comprovar mais tarde: independente da roupa do cliente, alguns vendedores atendem realmente mal. Nesse caso, por exemplo, disse que queria uma camisa de uma cor que não tinha lá. A moça, então, me respondeu dizendo apenas que infelizmente não tinha, sem fazer nenhum esforço para me mostrar que poderiam existir outras opções.
Na sequência, voltei à loja de relógios. Confesso que estava ansioso para esse momento. E, de fato, foi um dos mais excitantes. Coloquei o primeiro pé na loja e a vendedora que mais havia zombado de mim na semana anterior me abriu um sorriso imenso: "Olá, boa noite! Posso ajudar?". Sem nenhum ressentimento pelo ocorrido do último encontro, pedi para ver um relógio femino para presentar minha namorada. Ela logo se apressou em abrir a vitrine, de onde tirou uma peça que, segundo ela, era uma das mais caras da loja, mas que valeria a pena. Disse que seria um presente encantador e que mulher nenhuma resistira aos lindos detalhes feitos com pedras preciosas. Já contente com a cena, não perdi muito tempo. Agradeci o atendimento e, para não sair com a impressão de que entrei só para olhar, pedi um cartãozinho, perguntei o nome e prometi que voltaria para comprar.
Repeti o mesmo modus operandi em todos os estabelecimentos seguintes. Na loja de roupas em que levantei suspeitas na primeira vez, fui recebido como um velho amigo da família. A moça do caixa chamou novamente o único vendedor homem presente no momento. Mas dessa vez não se preocupou em falar baixo: "fulano, por favor, atenda aquele senhor que acaba de entrar". Nessa hora, juro, quase comecei a rir. Mas consegui me conter. E então aproveitei a oportunidade para por em prática uma pequena vingança. Pedi para ver quase todas as camisas visíveis na vitrine e ainda boa parte das que estavam bem dobradas nas prateleiras internas. Depois disse: "Obrigado. Queria só dar uma olhada mesmo. Até logo".
Já feliz da vida, segui rumo ao ponto final. Novamente, entrei na faculdade e me dirigi à moça da recepção. Dessa vez, não era a mesma pessoa. Mas, tudo bem. Ela não era exatamente quem eu procurava. Cumprindo a formalidade, pedi a ela informações sobre MBAs e, depois de demonstrar um certo despreparo para a função, me apontou a moça da sala ao lado, aquela que uma semana antes a vi pelo vidro, atendendo um rapaz. Naquele instante, lá de dentro, ela já me olhava atentamente. Nos entreolhamos e ela me chamou. Na hora, percebi logo: foi amor à primeira vista (dela pelo que ela pensava ter no bolso do meu terno ou na minha conta bancária imaginária).
Como um cavalheiro, cruzei a porta e fui até sua mesa: "boa noite?", disse eu. "Olá.. Boa noite! Tudo bem?", disse a garota. Daí para a frente, mandei a mesma conversa. Só que, em vez de cursos técnicos profissionalizantes, pedi sugestões de bons MBAs. Ela, daí, tirou da gaveta um monte de panfletos com informações sobre diversos cursos. Enquanto eu olhava, já foi logo perguntando meu nome, e-mail e telefone (e eu fiquei morrendo de medo de a próxima pergunta ser: "vai fazer o que hoje à noite?"). Antes de eu decidir por uma opção, o senhor que estava ao lado (e eu havia pensado que era um cliente) chegou junto e começou a fazer recomendações, falar sobre formas de pagamento e até mesmo tentar me convencer a fazer duas especializações ao mesmo tempo (mal sabendo eles o quanto estou suando para pagar a que meu eu real está cursando!).
Satisfeito, agradeci a gentileza e, como um bom cafajeste, pedi o telefone e prometi ligar. Em seguida, dei as costas e sai por aquela mesma porta de vidro, para nunca mais voltar.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Barsa: como a enciclopédia sobreviveu à revolução digital?

Expectativa do grupo é vender 70 mil exemplares até o fim de 2012. Próximo passo, no entanto, é conquistar consumidores jovens e mirar em modelos digitais

Por Isa Sousa, Mundo do Marketing


Até o fim de 2012, a Barsa terá vendido 70 mil enciclopédias no Brasil. O número não é comparável a média de 100 mil exemplares que alcançava por ano em seu ápice, mas é considerado excelente pelo grupo espanhol Editorial Planeta, que comprou a empresa há 12 anos. Item de luxo quando lançada, em 1964, os 18 volumes vermelhos na estante de casa significavam status: em reais, o material custaria R$ 10 mil. Os tempos são outros e hoje o material pode ser parcelado em 24 vezes de R$ 100,00. Atenta as mudanças, a marca não pensa (ainda) em abandonar o papel, mas já mira nas mídias online para atrair um novo público e não virar refém da revolução digital.
Para se adequar aos novos formatos de comunicação, os itens da enciclopédia passaram por adições e o consumidor ganha um DVD com acesso exclusivo ao site Barsa Saber, que dá direito a atualizações mensais durante um ano. Ao expirar o prazo, por R$ 100,00 é possível validar o sistema por mais um ano e assim sucessivamente. Com a iniciativa, a marca possibilita um relacionamento duradouro. Hoje são cinco milhões de clientes ativos.
Outra adequação da marca foram nos modelos de venda. Se em seu ápice, o porta a porta chegou a ter dois mil representantes em diversas capitais do país, hoje são 200 que circulam prioritariamente no interior do Brasil, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. A justificativa é que o número reduzido possibilita um controle maior de pessoas. O formato é responsável por 30% das vendas.
A implantação do call center também é significativa. Com 80 operadores, o telemarketing é responsável por 50% das vendas da Barsa. A loja virtual é outra plataforma de sucesso. Inaugurada em fevereiro deste ano, por ela são vendidas 12 unidades por dia, que representa 3% das vendas totais. Os 30% restantes do faturamento da marca vêm da venda aos governos municipal, estadual e federal. Como o produto não encontra concorrência, não precisa de licitação.
A construção do desejo
Sem anúncios em mídias tradicionais ou ações de Marketing nas mídias digitais, motivo da sobrevivência da Barsa está no imaginário que foi sendo construído por ela mesma durante seus quase 50 anos. "Quando foi lançada, tivemos grandes nomes que ajudaram na construção da marca. Houve Oscar Niemeyer falando de arquitetura, Jorge Amado sobre Bahia e Antônio Calado sobre literatura, por exemplo. A publicidade foi feita no boca a boca e, de lá para cá, as pessoas mantiveram o desejo. O sonho de qualquer um era ter uma Barsa em casa, mas era muito cara", lembra a Diretora de Marketing da Barsa, Sandra Carvalho, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Comparando-se à realidade da época, comprar a enciclopédia significava abrir mão de um fusca, carro popular na década de 1960. A grande mudança, no entanto, uniu a redução de custos da impressão, o cenário estável da economia brasileira e, principalmente, a ascensão da nova classe média, que já desejava o material, mas não podia comprar.
Diferente da década de 1960, hoje é possível parcelar o pagamento das enciclopédias em até 24 vezes. "A marca é aspiracional. Essas pessoas da classe média de hoje eram exatamente as crianças da época que desejavam o material, mas a família não tinha condição para tal. Hoje crescidos, eles podem realizar uma vontade que permeou o imaginário durante muito tempo e, mais ainda, ter a credibilidade que o produto sempre ofereceu, o que nem sempre a internet possibilita", avalia Sandra.
O desafio
Apesar das vendas estáveis, um dos desafios da Barsa é na conquista dos filhos da classe média. Mais ligados a Wikipedia do que a modelos tradicionais de pesquisa, os jovens terão de ser conquistados com plataformas digitais mais convincentes.
Entre os projetos do grupo, um aplicativo para smartphones e tablets está sendo desenvolvido e deve sair até o mês de novembro. Além dele, a marca vem testando nuvem de livros. "Os jovens são nosso maior desafio. A gente tinha uma geração de avós e pais que desejavam muito, mas manter essas pessoas de 14 anos será a parte mais difícil. Esse mundo digital não vai embora e isso é o futuro. Estamos testando e fazendo investimentos nessa área", afirma Sandra Carvalho.
Na opinião Coordenador Adjunto do Centro de Empreendedorismo da Fundação Getúlio Vargas, Marcelo Marinho Aidar, a adaptação para o online não pode demorar. "O caminho é o digital. A Barsa continuará a ter espaço dela se fizer um modelo que dialogue, que tenha matérias e assuntos com fotografias, com vídeos, com conteúdo dinâmico. O Estadão e Folha de São Paulo, por exemplo, disponibilizam seus acervos nos sites. O caminho é de reinvenção. Se nada mudar, nem a forma de vender, é uma questão de tempo para começar uma curva descendente", avalia Marcelo Aidar.