quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

O storytelling da Montblanc

O storytelling da Montblanc

 

Em tempos de questionamentos  sobre a integridade da história que as empresas contam a respeito de si mesmas, gosto de usar a Montblanc como exemplo de storytelling e, principalmente, do impacto que ela consegue causar no público potencial.
Por se tratar de uma marca de luxo, sua comunicação precisa seguir as características do segmento onde se encontra. Pode parecer banal ou até ilógico justificar os valores de produtos clássicos da marca como a linha de canetas – mesmo as tradicionais beiram na casa dos quatro dígitos, mas a diferença está em, justamente, representar os valores do produto na mensagem que deseja passar.
Tanto a linha tradicional de produtos quanto as especiais e limitadas (como as canetas que homenageiam grandes personalidades da história) sempre valorizam os detalhes de forma sutil e, ainda assim, direto ao ponto. Apesar da qualidade, ainda assim são anúncios que podemos considerar comuns se compararmos com outras empresas do mesmo segmento.
Agora vamos para o Natal, o final de ano e esse período festivo. A maioria das empresas mudou sua comunicação para vermelho e branco, está utilizando os elementos clássicos como árvore de natal, duendes, renas, presentes, neve, luzes piscantes e, claro, o próprio Papai Noel, e não estão erradas. Acho.
Enfim, voltamos para a Montblanc. Ela poderia fazer uma campanha com o Papai Noel respondendo as cartas das crianças com uma caneta da empresa, ela poderia ter utilizado as cores festivas da época, mas não. Não mesmo. Eles desenvolveram uma minissérie na Internet chamada A Parisian Wintertale, escrito por Tatiana de Rosnay.
A história é sobre Élise, uma mulher de 25 anos com um relacionamento terminado recentemente, refletindo sobre se ficaria sozinha pelo resto de sua vida – e ela não queria isso. Um dia, andando na rua, ela encontra uma carteira perdida, e a partir daí eu não conto mais nada – ainda não saiu o final da história, vocês podem acompanhar no site oficial clicando aqui. Por ora, assistam abaixo os vídeos que já saíram:




Simples, não? O mais interessante é que os elementos que aparecem na animação são da Montblanc e o destaque acontece pelas cores, pois as animações são praticamente brancas e com tonalidades de sombras, enquanto os elementos da empresa são da cor preta.
Claro que temos elementos clássicos, porém pouco perceptíveis como a tonalidade das notas que compõe a trilha, até detalhes simples como alguns flocos de neve (apesar da história se passar em uma região que tenha neve, o que não significa necessariamente uma referência natalina), mas o principal é ver como a propaganda é feita através de uma encantadora história e dentro de uma época conveniente: o Natal.
Certamente não existe um mestre artesão que desenvolve, sozinho, todas as canetas da Montblanc (apesar delas serem, sim, produzidas artesanalmente, mas por diversas pessoas), mas ele representa o valor da empresa em relação ao seu produto – seria errado comunicar desta forma? Até onde vão os limites da personificação dos valores de uma empresa na construção de uma história, independente dela ser sazonal ou institucional? Essa discussão surgiu recentemente e, pelo visto, não terminará tão cedo.
E isso é bom

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