por: Afonso Bazolli
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24 de julho de 2013 - 19:25
As lojas
virtuais têm a sua disposição um volume de dados cada vez maior. Passados quase
10 anos desde que as estratégias de Customer Relationship Management ganharam
destaque dentro do planejamento de Marketing das empresas. O desafio agora é
implantar sistemas que sejam capazes de lidar com o grande volume de
informações disponíveis e a personalização proporcionada por estes sistemas.
Boa parte
das companhias, porém, ainda não consegue aproveitar de forma efetiva todas as
informações que os usuários disponibilizam nas lojas virtuais e nos perfis das
marcas nas redes sociais. “Nenhuma companhia despreza a sua base. A questão é
que faltava capacidade técnica para processar toda esta informação. A empresa
podia ter uma base enorme de clientes, mas não tinha condições de extrair informações
simples”, avalia Jorge Toledo, Diretor de Produtos de CRM da Oracle para a
América Latina, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Experiência
no ambiente virtual deve ser customizada
Nas lojas
virtuais, a experiência de compra tende a ser mais fria. Não existe interação
com os vendedores, nem mesmo com outros visitantes. Por esta razão, as
informações sobre o consumidor e sobre suas preferências são ainda mais
relevantes, pois permitem a customização da entrega. “A Netshoes é um
case mundial neste aspecto. O mínimo que uma pessoa espera ao entrar em uma
loja virtual é ser reconhecido e receber ofertas do seu interesse. A
personalização tem que ser total. Esta é a palavra chave. Quanto mais forte for
a personalização, mais fidelização a marca obtém”, explica o Diretor de
Produtos de CRM da Oracle.
Esta
experiência diferenciada deve ser a mesma em todos os canais onde o e-commerce
estiver presente, mas a integração do CRM com estes meios ainda não é realidade
em grande parte dos casos. “A loja deve estar preparada para entregar a mesma
experiência de compra independente do dispositivo que o cliente usar:
computador, tablet ou smartphone. Por isso os mecanismos de CRM devem estar
integrados a todos estes ambientes”, afirma Jorge Toledo.
O CRM
integrado ao comércio virtual tem também o objetivo de unir as bases de dados
que antes estavam separadas em grupos distintos. Como estas bases não conversam
entre si, a experiência personalizada na loja fica comprometida. “Estes silos
de informação dificultavam o atendimento. Por isso todos os dados sobre os
consumidores precisam estar guardados em um só lugar e funcionar de maneira
integrada. É o que o mercado chama da Master Data Management. Quem tem a
informação mais completa sobre quem é o cliente, o que ele faz e onde ele está,
tem uma grande vantagem competitiva. Hoje o empresário tem mais ferramentas
para fazer isso”, complementa o Diretor de Produtos de CRM da Oracle.
Transformando
a venda online em uma venda de balcão
No
Mercado Livre, o CRM é utilizado para aproximar os usuários e transformar as
transações online quase em uma venda de balcão. A plataforma para compra e
venda reúne 5 milhões de vendedores e 14 milhões de compradores apenas no
Brasil. Em média, dois produtos são vendidos a cada segundo dentro do site. No
primeiro semestre de 2012, foram 31 milhões de itens comercializados. As
informações obtidas tanto de compradores quanto dos vendedores a partir de
todas estas transações ajudam a empresa a segmentar suas ações e direcionar
mensagens específicas para cada grupo.
A ideia
de reproduzir no ambiente online a mesma experiência de compra de uma loja
física faz parte do DNA da companhia desde a sua fundação. “Conseguimos
entender a necessidade daquela pessoa e fazer uma ação individualizada com cada
um. Isso é o mais próximo da vida real, onde o lojista interage com o
visitante, e reflete na demanda, pois estamos sempre trazendo o cliente para
novas compras”, explica Leandro Soares, Diretor de Marketplace do Mercado
Livre, em entrevista ao portal.
Outro desafio
para a empresa é fazer com que usuários do sistema, sejam compradores e
vendedores, que tenham interesses similares, conversem entre si. Essas
interações transformam o site quase em uma rede social voltada para compra e
venda. “Precisamos sempre de tecnologias mais modernas para fazer tudo isso
funcionar. Passamos 24 horas por dia e sete dias por semana pensando em como
melhorar nossos sistemas. Os dados estão disponíveis, a informação existe, mas
é a tecnologia que vai pegar tudo isso, analisar, comparar com outros grupos e
daí concluir sobre o comportamento de diversos perfis. Isso não é trivial”,
analisa o Diretor do Mercado Livre.
Integrando
o CRM às redes sociais
Um
desafio que as lojas virtuais têm pela frente é integrar os seus sistemas de
CRM às redes sociais. Embora o social commerce ainda não tenha se massificado,
a possibilidade de integrar a loja a plataformas como o Facebook ou permitir
mecanismos de recomendação de acordo com o perfil, histórico e preferências de
cada um contribui para customizar a experiência de compra e melhorar o
relacionamento com cada público alvo.
Além
disso, a integração permite que a visita a um e-commerce se transforme em algo
que pode ser compartilhado e socializado, uma característica que atende
principalmente aos anseios da nova geração de consumidores, que cresceu em
contato direto com a internet e com a cultura do compartilhamento. “Para este
grupo, apenas ter um site na web oferecendo produtos não quer dizer muita
coisa. Isso é o básico. A dinâmica que eles esperam das empresas é totalmente
diferente de quando o CRM ganhou força. Por isso é tão importante esta
integração com as redes sociais. Isso permitirá às marcas conhecerem de fato
cada um dos seus clientes”, explica Jorge Toledo, Diretor de Produtos de CRM da
Oracle.
A união
entre CRM e sites de relacionamento contribui para a fidelização. “As empresas
estão com dificuldade em criar um relacionamento verdadeiro com seus
consumidores. Elas começam a enviar uma série de e-mails diariamente e com isso
não criam relevância para o cliente. A estratégia é criar relevância
individualmente e reduzir a quantidade de mensagens que são enviadas para cada
um. Temos que romper com os velhos paradigmas sobre como manter a base de dados
fiel no ambiente digital”, avisa João Bernartt, CEO da Chaordic, empresa que
oferece plataformas de customização do relacionamento para lojas virtuais como
Saraiva, Compra Fácil e Ponto Frio, entre outros.