Muitos de nós, quando mal humorados ou afetados pelo estresse que toma conta do cotidiano, provavelmente preferiríamos trabalhar com um punhado de robôs, ao invés de colegas e subordinados, ou seja, gente.
Quem um dia já não teve um pensamento como esse? Afinal, robôs bem programados responderiam sem questionar, sem cara-feia e seriam neutros aos nossos dias de mau humor.
Parece chocante, entretanto, a maioria de nós já pensou em algo análogo! Somos humanos, sujeitos a quaisquer pensamentos. Porém, é preciso ficarmos atento. Se frequentes, tais atitudes podem trazer prejuízos em vários âmbitos da sua vida, dos quais gostaria de destacar três:
- 1) Pessoal – afetará sua saúde física e mental;
- 2) Profissional – como líder, por exemplo, você sedimentará uma cultura de prostração e reatividade, instalando a desmotivação;
- 3) Relacionamento interpessoal – as pessoas se afastarão de você.
Muitas organizações não conseguem quantificar o que isso pode significar e o que isso pode representar em perdas financeiras. Isso mesmo,financeiras!
Estudos mostram que, em ambientes desmotivados e reativos, há 34% mais paradas de máquinas provocadas por colisões e falhas humanas que poderiam ser evitadas se o clima fosse motivador e se houvesse respeito às características individuais.
Quando pensamos que as pessoas poderiam ser robôs, deveríamos nos perguntar também – Por que eu estou pensando isto? Se identificarmos os motivos, sem preconceitos ou pré-julgamentos iremos perceber que muitas vezes isso decorre da nossa dificuldade em lidar com as diferenças humanas. Afinal ao longo de nossas vidas aprendemos que diferente é igual a errado.
Exercitando a inteligência emocional, oxigenando ou revendo aspectos que podem influenciar os relacionamentos e a motivação, poderemos atingir um novo paradigma e aprender que diferente é igual a diferente e que isso é muito saudável para a vida.
Estabelecer esse novo paradigma exige um exercício que pode fazer muita diferença na vida das organizações. Gostaria de compartilhar três passos para aprender a lidar com as diferenças humanas:
- 1) Conheça seu estilo predominante – faça um exercício de reflexão: você é mais racional ou emocional, prefere lidar com concreto ou possibilidades, analisar detalhes ou o quadro geral, trabalhar só ou com pessoas, analisar ou organizar, ser lógico ou intuitivo? E as pessoas que te cercam, o que causam em você? Por que?
Quando se observar e observar o outro, identificará reações diferentes diante dos mesmos estímulos. Isso porque recebem e processam informações de maneiras diferentes.
- 2) Identifique as preferencias das pessoas – da mesma maneira que buscou o autoconhecimento, compreenda as características emocionais e racionais dos que convivem com você. Busque começar, principalmente, com aquelas pessoas com quem você possui mais dificuldade de relacionar-se, mas isso só será possível se você fizer esse exercício sem pré-julgamentos.
- 3) Ação – utilize os resultados anteriores para desenvolver sua capacidade de lidar com as diferenças e respeitá-las. Não utilize suas preferências como escudo diante dos outros, mantendo-se em uma zona de conforto. Enfrente as dificuldades. Encontre pessoas com preferências opostas às suas e utilize-as como modelo de desenvolvimento de suas habilidades mais vulneráveis. São pessoas que, involuntariamente, você prejulga, estereotipa ou foge quando ouve a voz.
Reflexão – quem sabe um dia, quando estiver em um momento ruim, você possa mudar seu mapa mental e, conseguir espontaneamente, pensar ou dizer - “gostaria de encontrar pessoas dispostas e motivadas, ao invés de continuar agindo como um robô fechado às diferenças individuais”.
Quando compreendemos as pessoas elas respondem as nossas perguntas e entendem nossos dias de mau humor. Se estiver disposto a contribuir com as pessoas e desenvolver sua inteligência emocional, através delas, certamente terá maior facilidade para encontrar o seu próprio “quem somos nós”.
Pedro Luiz de Almeida Alves – Sócio da ACT – AÇÃO CONSULTORIA E TREINAMENT