A sociedade contemporânea se configura a partir do processo de transformações em todos os níveis: social, econômico, cultural e político dentre outros. Tais transformações são reflexos do processo de evolução da sociedade oriunda das revoluções científica, industrial e tecnológica.
Hoje vivemos no mundo das mídias, das tecnologias da informação e da comunicação. A sociedade está em rede e na cultura da virtualidade.
A revolução tecnológica propiciou grandes mudanças nos domínios da vida social e, sobretudo política, visto que as tecnologias da informação também influenciaram no campo político. Isto porque os sistemas políticos também precisam se apropriar de meios mais eficazes e modernos para difundir seus ideais e pensamentos, gerar competições e, de certa forma, tentar influenciar as massas. Contudo, entender essa evolução no campo da política, requer em primeira instância que se faça algumas considerações sobre os primórdios do marketing político.
Pode-se dizer que o marketing político não é uma criação do mundo contemporâneo. Ele existe desde a Antiguidade e se apresentava de forma mais simples. A configuração atual foi que se estruturou a partir do século XX.
Segundo Drummond (1996) “o que difere o marketing político de ontem do de hoje são as condições sócio-econômicas, políticas e culturais usadas e os meios adotados, agora representados pela complexa sociedade contemporânea industrial e pelas modernas técnicas de informação e comunicação”.
Na Antiguidade os recursos não eram tão avançados. As estratégias de marketing adotadas para difundir os princípios políticos e as doutrinas religiosas eram as propagandas políticas, as quais propiciavam contatos sólidos com a massa.
Destarte, fica evidente que a história do marketing político está associada ao desenvolvimento das propagandas, as quais procuram criar, transformar e impor sentimentos, opiniões e condutas. Todavia, graças à evolução dos meios e campos de ação e, principalmente devido às transformações societárias, o marketing político evoluiu, atingindo uma maior abrangência e complexidade.
Mas afinal, o que é marketing político?
Segundo Figueiredo (1994) “marketing político é um conjunto de técnicas e procedimentos que tem como objetivos adequar um (a) candidato (a) do seu eleitorado potencial...” .
Com esta conceituação fica evidente que marketing político não se limita a simples propaganda. Vai muito além do que isso é estratégia pensada e planejada antecipadamente e que requer uma série de instrumentos e/ou critérios, dentre os quais: análise geral do cenário social, sobretudo o político, análise da vida dos adversários e perfil, bem como os anseios do eleitorado, realização de pesquisas não só quantitativas mas também qualitativas (pesquisas de opinião) e por fim, comunicação.
Assim fica claro que o marketing político tornou-se ferramenta indispensável no campo da política como um todo.
Atualmente torna-se quase impossível pensar em processo eleitoral sem um bom marketing político por trás.
O marketing político nos dias atuais se configura como uma atividade profissional que requer multidisciplinariedade. Nesse sentido, as equipes que assessoram os candidatos, são formadas por uma gama de profissionais das mais diversas áreas com o objetivo de planejar adequadamente todas as estratégias a serem postas em prática numa campanha eleitoral.
As campanhas eleitorais deixaram de ser baseadas nas simples intuições e palpites aleatórios e se transformaram em um amplo espaço de discussões, planejamento e pesquisas com fins táticos. A distribuição de “santinhos” e as exibições de nomes e partidos de candidatos pichados nos muros das casas não são mais suficientes
Uma campanha vitoriosa requer a estruturação de todo um aparato físico e humano. Faz-se necessária não só a existência de planos estratégicos, mas também, a estruturação de mão-de-obra especializada em propaganda, bem como, a criação de um processo de avaliação da campanha.
Vale ressaltar que não apenas o marketing político é fundamental mas, todo e qualquer tipo de marketing, pois este permeia as nossas vidas seja no âmbito político, cultural ou comercial como ilustrado no artigo “a fábrica do desejo” do autor Franck Mazoyer, publicado no jornal Le Monde Diplomatique Brasil, o qual retrata o marketing no mundo do mercado.
Por outro lado, não podemos perder de vista um ponto crucial: a estratégia de marketing deve ser bem elaborada discutida e refletida com o intuito de analisar se o alvo desejado terá a possibilidade de ser atingido da forma adequada. Em muitos casos o marketing político pode ser interpretado às avessas ou expressado de forma negativa, o que tende a derrubar um candidato, ou transmitir uma imagem desfavorável, que a depender da mudança de estratégia implementada poderá ou não reverter e/ou maquiar a imagem previamente criada.
No documento “Fahrenheit 11 de Setembro” (Michael Moore) nota-se o uso de um marketing político negativo. A princípio as redes de televisão projetaram George Bush como candidato eleito à presidência dos EUA, em detrimento do favoritismo do também candidato Al Gore.
Diante de manipulação e de fraudes Bush foi eleito a contra-gosta da população. Sua imagem política ficou em baixa e sua popularidade na estaca zero.
Após os atentados de 11 de setembro de 2001, Bush se aproveitou do clima de tensão na sociedade americana e criou um clima de medo constante, ao divulgar a possibilidade de novos ataques terroristas ao país. Com o discurso de que iria proteger “o seu país” passou a receber apoio popular.
O fato ocorrido ilustra perfeitamente uma das grandes estratégias do marketing político: a manipulação. Em muitos casos, se distorce a imagem do real ou até mesmo a postura de um candidato ou representante político, em função de que o objetivo deste seja alcançado.
Comunicação: um instrumento essencial para a efetivação do marketing político
Comunicação é tudo. É a peça fundamental para a difusão do marketing político nas campanhas eleitorais.
Na sociedade contemporânea onde há o predomínio da cibernética e da robótica, em suma das tecnologias da informação e da comunicação, o marketing político tem se apresentado com uma nova roupagem: mais moderna, eficiente e bastante diversificada.
O marketing político na sociedade contemporânea se apresenta de forma digital.
Nas campanhas políticas alguns candidatos têm se apropriado do uso do “blog” como uma ferramenta para a difusão de suas idéias e propostas de governo, bem como, para a promoção de uma interatividade expressa pela configuração de espaços de debates virtuais.
Além disso, vem sendo utilizado outros instrumentos tecnológicos como celulares e wallpaper mobile para a divulgação da imagem do candidato na sua campanha política. Sites de relacionamento, como por exemplo, o orkut também vem sendo utilizados com esta finalidade.
A internet vem se constituindo em uma excelente ferramenta da comunicação para os candidatos e seus marketeiros. Todavia, vale lembrar que a internet não é uma mídia de massa. Muitas vezes, as pessoas estão conectadas “navegando” por coisas inúteis. A televisão ainda é o principal veículo de comunicação, dominação e manipulação coletiva. É a mídia das massas.
Contudo, diante das transformações ocorridas em todo o meio social, principalmente no que se refere aos avanços tecnológicos, a tendência é a de que o marketing político digital atinja, aos poucos, outras camadas da população.
Considerações finais:
O marketing político, portanto, surge como um instrumento capaz de evidenciar o candidato de forma planejada, utilizando técnicas, estudo e os diversos meios de comunicação.
Nesse contexto, a atuação do gestor público é algo fundamental para o desenvolvimento do marketing político, uma vez que, o exercício de sua profissão implica diretamente na visão político da sociedade.
Referências bibliográficas:
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede: A era da informação, a sociedade e a cultura. 4ª. Ed. Trad. Klauss Brandini Gerhardt e Roneide Venâncio Majer. São Paulo: Paz e Terra, 2000.(V. 01).
DRUMMOND, Kátia Mattos. Marketing eleitoral. Planejamento e ação. Salvador: Ruído Rosa, 1996, p. 17-39.
FIGUEIREDO, Rubens. O que é marketing político. São Paulo: Brasiliense,1994. (Coleção Primeiros Passos, v. 289).
MARKETING Político.
Disponível em: < http://www.umacoisaeoutra.com.br/marketing/mktpol.htm.>. Acessado em 1º de setembro de 2007.
SILVA, Valdir Roberto da. Marketing político. Disponível em: www.portaldomrketing.com.br/Artigos/Marketing%20político.htm.