sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Os principais gatilhos mentais do consumidor

Por Bruno Gianelli

Listamos abaixo os principais mecanismos utilizados em marketing que poderão ser úteis ao seu negócio e como aproveitá-los da melhor maneira

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A psicologia é um fator essencial e determinante na maioria das estratégias de marketing. Isso porque todas as decisões, desde as mais simples às mais complexas, são tomadas primeiro no inconsciente. Esse processo, dependendo da complexidade da decisão, pode demandar bastante energia do cérebro. Para evitar a fadiga mental, adotamos algumas diretrizes, os chamados gatilhos mentais. Quando aplicados da maneira correta, são capazes de ajudar no engajamento dos seus consumidores, motivando-os a agir. Em outras palavras, podem atuar como incentivadores em uma decisão de compra.
Listamos abaixo os principais mecanismos utilizados em marketing que poderão ser úteis ao seu negócio e como aproveitá-los da melhor maneira. Confira!

1. Segurança

Ao oferecer um produto ou serviço, é fundamental demonstrar-se confiante e seguro em relação àquilo que está vendendo. Esse gatilho diz respeito tanto à segurança transmitida pela sua loja quanto à sensação que o produto causa no consumidor.
Como aplicar
— "Resultados em uma semana ou devolvemos o seu dinheiro";
— "99% de clientes satisfeitos".

2. Escassez

Sabe aquele papo de que "é preciso perder para dar valor"? Acredite ou não, mas essa lógica funciona para os negócios. As pessoas tendem a valorizar aquilo que é escasso e há uma explicação: o inconsciente costuma associar que quanto mais difícil for para adquirir um produto, mais raro e valioso ele é.
Como aplicar
— "Apenas uma unidade restante em estoque";
— "Vagas limitadas";
— "Frete grátis para os 20 primeiros compradores".

3. Urgência

Muito parecido com o da Escassez, porém está relacionado ao fator temporal, pois o produto ou serviço oferecidos possuem um prazo limite para serem adquiridos. É agora ou nunca! Depois desse período, o consumidor perde a oportunidade de obter o item ou de aproveitar um desconto, por exemplo. É um gatilho muito efetivo, pois diante dessa situação, tendemos a agir o mais rápido possível.
Como aplicar
— "Contagem regressiva para comprar";
— "Só neste fim de semana";
— "Última chance".

4. Prova Social

Por pertencermos a uma sociedade, querendo ou não, o inconsciente tende a seguir a maioria. Seres humanos sentem necessidade de pertencer a grupos que os identifiquem como indivíduos, dessa forma, a Prova Social é um gatilho poderoso.
Como aplicar
— Depoimentos de clientes satisfeitos e pesquisas de satisfação;
— Opiniões e imagens de pessoas influentes que utilizam o produto;
— Quantidade de unidades vendidas.

5. Reciprocidade

"Gentileza gera gentileza". Concorda? Seu inconsciente também. O ser humano tem uma tendência natural a querer retribuir algo que lhe agrega valor de alguma forma. Portanto, se você pratica algum gesto que seu cliente entenda ser de coração, ele se sentirá grato e retribuirá de alguma forma, seja compartilhando uma publicação, seja cadastrando o e-mail na sua lista ou mesmo comprando um de seus produtos.
Como aplicar
— Amostras grátis;
— Brindes.

6. Antecipação

Ao assistir a um trailer empolgante de um filme que será lançado em breve, bate uma ansiedade pela estreia, certo? Assim funciona o gatilho da Antecipação. Ele diz respeito às expectativas em relação a algo que está por vir e, portanto, é muito poderoso, uma vez que o futuro é algo incerto e o ser humano se sente confortável quando as perspectivas são positivas. Estimular a novidade, antecipando informações sobre um lançamento é mais um modo de conquistar a atenção do público.
Como aplicar
— Planeje a apresentação do produto e comece a fazer publicidade, estimulando a curiosidade do público sobre o que está por vir.

7. Razão 

Mesmo que as decisões sejam tomadas primeiramente no inconsciente, a mente tende a procurar sempre por razões que justifiquem as ações. Quando encontramos essas motivações, acreditamos estar fazendo o certo.
Como aplicar
— Apresente os motivos pelos quais deveriam comprar seu produto/serviço;
— Quando usar os gatilhos de urgência e escassez, explique o motivo do prazo ou da oportunidade ser única.
Os gatilhos mentais são poderosas ferramentas de convencimento, portanto devem ser utilizados com ética e responsabilidade. Se você não entrega ao público aquilo que promete e os utiliza apenas para benefício próprio, você não estará persuadindo as pessoas, mas manipulando-as. Lembre-se: A persuasão é a capacidade de entender o que o seu público pensa e deseja, se comportando de forma que os seus objetivos se alinhem a esses desejos e vice-versa.
*Bruno Gianelli é sócio-diretor da Betalabs, especialista em sistemas de gestão e plataformas de e-commerce. 

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Como fazer neurobusiness e influenciar pessoas


 POR 
O neurobusiness é um conceito ou pode ser aplicado na prática? O artigo falará sobre: estudo do cérebro para influenciar pessoas, como aumentar a performance profissional e pessoal, subconsciente e consciente, 11 dicas da especialista Martha Gabriel para fazer negócios e influenciar pessoas. Boa leitura!

Como o neurobusiness pode ser utilizado no seu negócio? Na verdade, trata-se de algo simples. É como dizer: “não pense numa maçã”. Se você imaginou uma maçã, não se preocupe, é algo que o cérebro faz. Por isso, “não perca a chance de vender mais!” pode ser menos eficiente do que “como vender mais!”. O cérebro ignora o “não”. Isso é neurobusiness.
Martha Gabriel, especialista da área, traz insights sobre como usar o cérebro para obter melhores resultados e vamos mostrar como aplicá-los.

Por que é importante aprender sobre neurobusiness?

O título do artigo não é por acaso. “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, de Dale Carnegie, de 1936, continua sendo uma grande referência sobre a compreensão do comportamento humano. É essa última parte que faz diferença: queremos entender o relacionamento com as pessoas e como melhorá-lo. Em Neurobusiness, Martha Gabriel traz o sentir antes do pensar. Carnegie, igualmente, aborda conceitos de empatia.
Em sua palestra no RD Summit, em 2017, Martha faz questão de enfatizar a importância do estudo do cérebro em neurobusiness. “Tudo o que fazemos, vemos e sentimos está conectado. Nada tem significado sem que seja dado pelo cérebro”. Entender sobre isso trará mudanças positivas para o profissional, seu negócio e consumidores.

Neurobusiness: o conhecimento aplicado aos negócios

O neurobusiness, de acordo com Martha, é uma aplicação que permite alcançar objetivos em qualquer área, desenvolver, inovar, gerenciar negócios e liderar.
O que isso significa? O neurobusiness é capaz de melhorar objetivos de negócios a partir de: tomada de decisão, produtividade, saúde pessoal e a capacidade de influenciar pessoas.
O cérebro precisa ser exercitado, pois tem a capacidade de se modificar de acordo com a aquisição de experiências, a neuroplasticidade. Quando o indivíduo se desafia a fazer algo novo, mesmo não adquirindo expertise no que está aprendendo, mas para estimular a neurogênese, o processo de criação de novos neurônios.

Subconsciente e consciente: o que utilizar em neurobusiness?

Há ainda as estratégias utilizadas pelo marketing que atuam em duas esferas: subconsciente e consciente. A primeira é extremamente poderosa, mas proporcionalmente perigosa. O subconsciente não consegue entender determinados conceitos.
O que não é filtrado tem muito poder. É o exemplo do “não”. Porém, em neurobusiness, é importante estudá-lo para entender que:
  • perguntas diretas são mais eficientes: não começar com por favor, bom dia, etc.;
  • ter sempre um P.S. na comunicação, todos lêem o P.S. O comportamento padrão é: ler o parágrafo de abertura, pular para a conclusão e depois para o P.S.
O ideal é trabalhar sempre com o consciente, mais ético e do mesmo modo eficaz. O ser humano é uma máquina de influência. O neurobusiness aponta como influenciar outros por meio de gatilhos e como melhorar a própria performance.

11 hacks de neurobusiness para performance pessoal e profissional

1. O sentimento vem primeiro, o racional depois

Todos já devem ter escutado: “penso, logo existo”. Martha desafia a frase clássica ao modificá-la: “sinto, logo existo”. O sentimento acontece e depois o racional justifica. As pessoas agem de acordo com o que sentem.
Exemplos:
  • as lojas da Disneys que estão localizadas no final de cada atração, quando o consumidor está envolvido com a experiência;
  • a realização de test drive, para encantar e proporcionar uma imersão não só no produto, mas num conceito, entre outros.

2. Mudança em nível emocional

É comum se perguntar sobre o que faz com se alcance mais resultados. Por exemplo: qual música faz a performance melhorar?
Num estudo citado pela especialista, atletas que ouviram antes das competições a música “We Will Rock You”, da banda Queen, obtiveram resultados superiores. E como é possível replicar em uma empresa?
O neurobusiness pode ser adaptado para qualquer área, as empresas não ficam de fora. Dormir 8 horas por dia é o mínimo para a produção de neurônios. O que deve ser proporcionado para todos os colaboradores.
Sonecas de 20 minutos também trazem mais sinapses. Algumas empresas, inclusive, adotaram “a hora da soneca”.

3. Energia, mais energia!

Em neurobusiness, a produção de energia é um dos caminhos para o sucesso. Com mais energia, aumenta a eficácia de: tomada de decisão, bom humor, saúde e sustentabilidade.
Mas nada de açúcar ou bebidas alcoólicas, o segredo são as castanhas e o café até, no máximo, às 15 horas. O jejum é outro desafio para o cérebro e pode contribuir significativamente com os benefícios acima.

4. Aposte na criação de neurônios

Já que o assunto é neurobusiness, uma pergunta que poderia ser feita é:qual a melhor atividade para o cérebro? Anteriormente, você aprendeu sobre a importância de novos desafios. Martha convida a experimentar dois:
  • aprender a tocar um instrumento;
  • aprender uma língua nova, quanto mais diferente da nativa, melhores são os resultados.
A criação de neurônios faz com que: problemas sejam solucionados com mais facilidade, estímulo da criatividade, memória mais rápida e eficiente, aumento da performance das funções executivas.

5. Exercícios físicos? Sim!

É uma dica que serve para vários objetivos. No caso de neurobusiness, exercitar-se faz com que a cognição melhore, neurogênese, desaceleramento do envelhecimento.

6. Como aumentar a confiança?

A confiança é a base de qualquer relacionamento. Pode soar clichê, mas o relacionamento marca-consumidor faz parte disso. Não se trata de autoajuda, mas de hacks que fazem o hormônio da oxitocina entrar em ação e gerar mais amor e confiança:
  1. um abraço. Você não precisa abraçar um cliente, mas encostar levemente no ombro pode já gerar aproximação;
  2. ouvir o outro. Você precisa falar do seu negócio, produto e serviço. Apenas de ouvir o que seu cliente tem a dizer. É ali, inclusive, que você saberá qual a dor que ele precisa curar e qual remédio que a empresa oferece;
  3. bom humor. É básico, mas essencial: tratar bem, atender com atenção e trazer para o outro um ambiente de bem-estar e bom humor.

7. Gamificação

O que mais motiva as pessoas? As competições fazem com que as pessoas fiquem engajadas. Dê um empurrão para a tomada de ação e verifique o que pode ser gamificado.
Os Hackathons se tornaram populares no ambiente de tecnologia, são eventos em que profissionais de diversas áreas ou de uma mesma se reúnem durante um período, geralmente divididos em equipes, com um único objetivo ou problema para resolver. É possível adaptar a metodologia para aplicar com os colaboradores, independentemente do segmento da empresa.

8. Storytelling para negócios

Não pense apenas no uso do storytelling na publicidade. O termo acabou sendo banalizado, mas nada mais é do que atrair a atenção do receptor por meio de um roteiro. O que pode ser usado para apresentar problemas e soluções para consumidores ou, até mesmo, para o feedback interno.
Aqui, a especialista, Martha Gabriel, traz a “técnica sanduíche”: comece com uma boa história, insira o problema ou ponto negativo e finalize com uma história boa ou ponto positivo.

9. Meditação

Meditação não é a chave para resolver todos os problemas. Mas é preciso entender que nem todas as respostas estão no Google. Meditar, mesmo que por poucos minutos, numa rotina diária, irá afetar e modificar o cérebro.

10. Saiba decidir

Você sofre da fadiga da decisão? Quando há tanta questões, com várias opções e que precisam ser resolvidas em um curto tempo? Nisso, a força de vontade acaba diminuindo e chega praticamente ao nível zero no final do dia. Como resolver?
Evite decidir o que não é tão relevante. Delegue para sua equipe;
O que não é possível delegar, decida na hora certa: pela manhã.

11. Neurobusiness digital

A tecnologia trouxe ferramentas que podem auxiliar em todos os hacks acima. Para isso, basta pesquisar e utilizar as que farão diferença. Desde assistentes digitais até aplicativos para lembretes. Não se limite apenas ao cérebro!
Neurobusiness é simples. Mudar a rotina é que se torna trabalhoso. Começar aos poucos e entender como cada passo irá trazer resultados é um diferencial para o sucesso. Neurobusiness não é somente sobre negócios, mas sobre pessoas. Não apenas o consumidor, mas também você.
Confira como foi a palestra de Martha Gabriel no RD Summit 2016: 4 dimensões para ser sustentável, segundo Martha Gabriel
Foto: Lisi Moraes/Dialetto

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Embalagem deve mudar a cada dois anos – Há muito tempo as embalagens deixaram de ser…


Embalagem deve mudar a cada dois anos
Por Guilherme Neto
novas embalagens
novas embalagens














Há muito tempo as embalagens deixaram de ser simples invólucros para proteção de produtos para fazerem parte da estratégia de Marketing para uma marca. Hoje, elas não apenas são mais uma força de vendas de uma empresa, mas também um meio de agregar valor à marca e aproximar o consumidor através de promoções.
Nesse meio, a indústria brasileira vem se destacando. No ano passado, dos 13 trabalhos inscritos pelo país no Worldstar Packaging Awards 2007, realizado em outubro e organizado pela Organização Mundial da Embalagem (WPO), apenas um não levou o prêmio.
À frente desta indústria está a Associação Brasileira de Embalagem (ABRE), uma associação privada, sem fins lucrativos, que já completou 40 anos de idade. Tem objetivo de promover e representar a indústria de embalagem no Brasil, a entidade promove diversas pesquisas e programas relevantes para o setor. Hoje, a indústria brasileira de embalagens movimenta mais de R$ 30 bilhões ao ano e no ano passado exportou R$ 479 milhões.
Em entrevista ao Mundo do Marketing, Luciana Pellegrino, Diretora Executiva da ABRE, fala sobre o desenvolvimento desse mercado no Brasil, o comportamento do consumidor no que se refere à embalagem e o uso dela dentro do plano de Marketing das empresas, sejam ela pequenas, médias ou gigantes.
Qual é a importância da embalagem para o mercado de consumo?A embalagem, além de essencial para a sociedade como forma de evitar o desperdício de mercadorias, também reflete os hábitos de consumo e a cultura da sociedade, já que ela precisa evoluir para atender as novas demandas. Quando você visita um país, pode se conhecer muito sobre ele ao entrar num supermercado e olhar as embalagens dos produtos que estão à disposição. Quanto mais desenvolvido o país, tanto socialmente quanto economicamente, de melhor qualidade são as embalagens.
Quais são as principais características que as embalagens foram adquirindo do início do século XX até hoje?Quando surgiram os supermercados, consolidando o auto-serviço, a embalagem teve que assumir o papel de vendedor do produto. Já quando surgiram os equipamentos de eletrodomésticos, como forno, fogão ou freezer, a embalagem de produtos de alimentos começaram a trazer uma conveniência para que se facilite o seu preparo em um desses equipamentos.
A última tendência do mercado, por exemplo, são produtos congelados que podem ser preparados em questão de minutos em microondas. Isso acontece porque a embalagem tem uma estrutura que reage às ondas do microondas e acelera o aquecimento do produto.
Outras características que surgiram com o tempo são métodos de segurança contra crianças na abertura de tampa de remédio ou para facilitar o método de uso, ou ainda alternativas de embalagem para consumo em movimento – um mercado que cresceu muito nos últimos anos, principalmente após o surgimento de lojas de conveniência em postos de gasolina.
Qual a importância da gestão da embalagem no plano de Marketing?A embalagem tem um papel estratégico para vender o produto. Dos 30 a 50 mil produtos expostos à venda, geralmente 90% dos itens são têm apoio de mídia. Todos esses produtos em que a empresa não tem o poder de comunicação nem sobre si mesma ou sobre o produto. Com isso, a embalagem ganhou esse papel e essa força de comunicação.
Naqueles três segundos que o consumidor passa pela embalagem e mira o produto, ela tem que chamar a atenção para todo o diferencial oferecido. Mais do que isso, hoje a embalagem está realizando o papel de transparecer perante o consumidor os valores da empresas.
Para o consumidor, produto e embalagem são uma coisa só?Sim, mas a embalagem está atrelada à qualidade e o desempenho do produto em si. O consumidor avalia a embalagem e o produto como um único item. Essa interação, tanto em relação à proteção e manutenção das propriedades do produto, bem como a promoção de uma utilização adequada, como um sistema de abertura fácil e conveniente, favorece para fidelização do consumidor para aquele produto.
A embalagem pode ser o diferencial mais importante, principalmente em setores como commodities?
Em produtos commodities, a embalagem pode fazer uma grande diferença, tanto na apresentação do produto como na forma de manuseá-lo. Há ainda a possibilidade de agregar algum valor diferencial, como quando os cereais, até então de uso no café de manhã, ganharam versões em barras para consumo em trânsito.
Há ainda o caso da Nestlé, que estendeu sua linha de leite condensado Leite Moça em diversos produtos de embalagens diferentes. É verdade. É o mesmo produto, mas aplicado para diferentes ocasiões de consumo e aplicação, como decoração de bolo ou para consumo imediato. São embalagens diferenciadas que agregam essas aplicações de consumo diferenciadas para um produto que tem muitos concorrentes.
A importância da embalagem como força de vendas importante também pode ser vista no setor de cosméticos.
Ela é bastante estratégica sim. O que acontece na área de cosmético especificamente é que ele é um produto voltado às sensações do consumidor. Toda essa emoção voltada à proposta do produto é transmitida através da embalagem. Ela tem que ter uma estrutura e uma apresentação condizente com o resultado que ela está vendendo ao consumidor.
O Prêmio ABRE Design consagra desde 2000 os melhores projetos de embalagem no Brasil. Uma das categorias é o Voto Popular, onde o consumidor que comparece ao estande da entidade nas feiras Fispal Tecnologia e Fispal Alimentos votam nas embalagens. Que tipo de embalagens costuma vencer nessa categoria?No voto popular, vencem embalagens que trabalham o lado emocional. Na pesquisa sobre como o consumidor vê a embalagem, descobrimos que na hora de adquirir um produto, ele leva em conta o aspecto emocional além do racional, principalmente o público feminino. Elas questionam qual a sensação transmitida por aquele produto e os valores subjetivos que proporciona. Fazem sucesso embalagens que resgatam aquela memória mais antiga, que faz a pessoa lembrar-se da infância ou algum outro momento especial. Outras questões que sobressaem são a que trabalham o lúdico, proporcionando sentimentos positivos no consumidor.
A presença de profissionais exclusivos para a gestão de embalagens é algo que está crescendo nas empresas e agências?Hoje o que vemos crescendo no Brasil é a formalização de agências de Marketing especializadas no design de embalagem ou com pessoas dedicadas a esse trabalho. Isso porque o design exige mais que uma arte bonita e harmoniosa. Requer saber os efeitos dessa arte em diferentes formatos de embalagem. A empresa tem que entender também qual que seria a embalagem ideal para aquele produto.

Uma boa gestão de embalagens também pode ser efetuada por pequenas e médias empresas?Hoje a embalagem está acessível para empresas de diferentes portes. A ABRE tem convênio há quase quatro anos com a SEBRAE através do programa “Design de Embalagem para MPE – Empresas de Micro e Pequeno Porte”. O trabalho visa subsidiar o desenvolvimento de novos projetos de embalagem para pequenas e médias empresas, de qualquer tipo de produto. Pode ser tanto uma alteração na estrutura da embalagem ou na arte e forma de comunicação. Hoje já temos mais de 300 embalagens desenvolvidas através dessa parceria.
Quais cases interessantes já foram desenvolvidos nesse programa?Tem um case muito interessante, do chocolate Nugali, marca catarinense que desenvolveu simplesmente um novo layout da embalagem através desse convênio. Só com isso eles conseguiram aumentar suas vendas em torno de 500%. O produto ganhou tamanho destaque, um valor adicional tão grande, que a empresa pôde aumentar a margem de lucro em cima do produto, já que o chocolate passou a ser visto como produto Premium, posicionado com um maior valor agregado. Tem ainda produtos bem regionais como geléia e mel que trabalharam a nova embalagem e criaram uma identidade para que esse produto possa entrar em redes de varejos diferenciadas.
De quanto em quanto tempo é bom mudar a embalagem?
Esse número varia de acordo com a necessidade do segmento do produto. Certamente, o setor que mais exige uma renovação da embalagem é o setor de alimentos, com uma média de atualização de dois anos. Isso porque é um segmento em surgem muitos novos produtos, através de extensão de linhas ou novas marcas. O consumidor é muito suscetível a inovação. Ele se leva pela curiosidade de conhecer produtos novos. Por isso, as empresas investem em novas embalagens para agregar atualização em seus produtos e voltar a chamar a atenção do consumidor.
Outra questão importante é que tem alguns produtos focados para públicos específicos. As novas embalagens passam a atender as novas gerações que surgem também, adotando os novos hábitos e a cultura desses novos consumidores. Até mesmo em embalagens atreladas a tradição há mudanças sutis, de forma a não perder a característica tradicional buscado pelos consumidores, mas também adotando pequenas atualizações de forma a refletir mudanças do mercado – como na mudança de grafia, por exemplo.
Hoje, as embalagens vêm sendo muito utilizadas como mídia, por exemplo, em embalagens de pizza utilizadas em serviços delivery. Que outros exemplos você vê no setor?Isso realmente vem crescendo e está baseado naquela questão de que 90% dos produtos não têm apoio de mídia. As empresas estão utilizando as embalagens como meio de divulgação e promoção de outros produtos da mesma marca. O que se vê, por exemplo, são embalagens que divulgam outros itens daquela linha de produtos, como outros sabores de cereais.
Vemos também até mesmo a apresentação de produtos não ligados àquela categoria. Por exemplo, embalagem de produtos de limpeza que promovem a esponja daquela mesma marca. Já vimos também uma marca de biscoitos salgados trazer uma fita anexada à embalagem que promovia uma linha de macarrão instantâneo daquela mesma empresa.
O que a gestão de embalagem deve trabalhar quando levado em conta a relação B2B?A logística é um dos critérios de competitividade de uma empresa. Em um país como o Brasil, com mais de 8,5 milhões de metros quadrados, o transporte de um produto de uma região para a outra pode levar até um mês. Cada vez mais há estudos específicos para fazer com que as embalagens passem por testes que resistam ao transporte e variações climáticas.
Na Europa, uma tendência que vemos e que pode chegar aqui daqui a alguns anos são as embalagens de transporte prontas para gôndola. Ou seja, a embalagem utilizada para transportar um produto podendo ser aberta para ser utilizada nas gôndolas, facilitando a organização dos supermercados.
Como as embalagens podem fazer parte do trabalho de desenvolvimento sustentável de uma empresa?No Brasil, a destinação de embalagens pós-consumo está focada na reciclagem, que é uma atividade que promove ainda desenvolvimento social com geração de empregos, além do benefício ecológico. As empresas vêm trabalhando muito para conscientizar e participar de programas de coleta seletiva.
Lançamos no dia 6 de Junho a cartilha “Rotulagem Ambiental Aplicada às Embalagem”. O objetivo é orientar a indústria de embalagem como as de bem de consumo sobre como devem se dispor nas embalagens a identificação de qual material é feita o invólucro e como aplicar os símbolos da reciclagem na embalagem segundo padrões internacionais. A cartilha também está disponível no site da ABRE.
Quais outros assuntos estão em pauta no setor?Há a questão da segurança do consumidor, de forma a evitar a violação de produtos. Outro assunto é a questão da informação, com pesquisas estabelecendo sistemas de impressão, de qualidade ou novas formas de rotulação. Hoje também se vê crescendo duas linhas antagônicas: de um lado, as empresas trabalham de forma a aumentar a capacidade produtiva do setor, mas de outro, se aprimoram também no quesito flexibilidade. Ou seja, atender a pequenas demandas.
Há ainda a preocupação com a acessibilidade do produto, como embalagens que passam a fornecer informações em braile ou com sistema de abertura fácil, de forma a pessoas idosas ou com deficiências físicas não tenham dificuldade para abrir o produto. Essa questão é um dos tópicos mais discutidos e desenvolvidos atualmente no setor. Hoje, já começamos a ver empresas no Brasil adotando rótulos auto-adesivos, que acompanham a embalagem, com informações em braile.

Mundo do Marketing: Publicado em 17/6/2008