quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Marketing não é um departamento, Marketing é tudo!

 


Recordo-me que nos meus bons e velhos tempos de faculdade, a primeira definição que vi sobre Marketing, no que foi então o meu primeiro contato com a área, ocupava um considerável espaço na lousa.
Referenciada pelo maior autor de Marketing de todos os tempos, o americano Philip Kotler, ela, apesar de ser bem explicativa, não era nenhum pouco didática, um problema que em minha opinião, afeta não só a definição dada por ele, como também a descrita por diversos outros autores.
Até hoje, nunca fui adepto dessas definições estilo “resposta de aluno que não sabe a questão da prova e tenta enrolar o professor”. Para mim, quanto mais curta e mais clara for à definição de algum termo, desde que não atrapalhe a sua compreensão como um todo, melhor.
Foi em meio as minhas leituras, e não dentro da sala de aula, que encontrei a definição de Marketing mais didática que já vi até hoje, quem cita ela é o também americano Jay Levinson, o mestre do Marketing de Guerrilha, em seu atemporal livro sobre o tema.
Para o autor, Marketing é simplesmente “cada contato, por menor que seja, que sua empresa tem com qualquer pessoa no mundo exterior”.
Menos é mais. A simplicidade acima de tudo.
Desde o momento em que li essa frase, procurei enquadra-la em todas as palestras que ministro sobre o tema. A partir desse significado, fica muito mais fácil entender que o Marketing não é só um departamento escondido dentro da empresa, o Marketing é tudo!
ISC_MarketingModel
Mas como assim tudo? Vamos lá:
Marketing é algo que todos os funcionários fazem 24 horas por dia, 365 dias por ano.
Toda vez que você atende o telefone, está fazendo marketing
Toda vez que você envia um e-mail, está fazendo marketing
Toda vez que você alguém usa seu produto, está fazendo marketing
Cada palavra escrita no seu site é marketing
Se sua empresa tem um aplicativo de celular, cada mensagem de erro que aparece é marketing
O cafezinho que sua empresa serve aos clientes, é marketing
O uniforme que seus funcionários usam, é marketing
E por aí vai…
Perceba que todas essas coisinhas são mais importantes do que a escolha de um brinde que o cliente leva quando adquire seu produto, e ainda existem donos de empresas que acham que um brinde bonito irá salvar um péssimo atendimento, uma fila de espera absurda ou um ambiente sujo e descuidado. ESTÃO ERRADOS.
Essa visão de que o Marketing está ligado apenas a Promoção precisa mudar! É compreensível ver uma pessoa de outra área cometer esse equívoco, mas ele é inadmissível quando acontece com algum profissional da área de negócios!
Marketing não refere-se a alguns poucos eventos isolados, repetindo, Marketing é a soma de todos os contatos que a sua empresa faz com qualquer pessoa do mundo exterior.
Ao contrário do que tudo indica, é preciso ter extrema sensibilidade e conhecimento para “orquestrar” todas essas pequenas coisas, esse tema por sinal, é o princípio de outro assunto da área chamado Branding, mas deixo isso para um próximo dia…

quarta-feira, 31 de julho de 2013

CRM: aliado do e-commerce no relacionamento com os consumidores


 

por: Afonso Bazolli

 

24 de julho de 2013 - 19:25


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A correta utilização do CRM pode ser um dos caminhos para que o comércio eletrônico entregue uma experiência diferenciada aos seus consumidores. As marcas que vendem pelo ambiente digital podem usar estas ferramentas para aumentar o diálogo com comprador e fortalecer o vínculo com ele no momento em que visita a loja virtual. Integrar o e-commerce ao CRM permite ainda uma maior personalização das ofertas para que os clientes sejam impactados por estímulos compatíveis com o seu interesse.

As lojas virtuais têm a sua disposição um volume de dados cada vez maior. Passados quase 10 anos desde que as estratégias de Customer Relationship Management ganharam destaque dentro do planejamento de Marketing das empresas. O desafio agora é implantar sistemas que sejam capazes de lidar com o grande volume de informações disponíveis e a personalização proporcionada por estes sistemas.

Boa parte das companhias, porém, ainda não consegue aproveitar de forma efetiva todas as informações que os usuários disponibilizam nas lojas virtuais e nos perfis das marcas nas redes sociais. “Nenhuma companhia despreza a sua base. A questão é que faltava capacidade técnica para processar toda esta informação. A empresa podia ter uma base enorme de clientes, mas não tinha condições de extrair informações simples”, avalia Jorge Toledo, Diretor de Produtos de CRM da Oracle para a América Latina, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Experiência no ambiente virtual deve ser customizada

Nas lojas virtuais, a experiência de compra tende a ser mais fria. Não existe interação com os vendedores, nem mesmo com outros visitantes. Por esta razão, as informações sobre o consumidor e sobre suas preferências são ainda mais relevantes, pois permitem a customização da entrega.  “A Netshoes é um case mundial neste aspecto. O mínimo que uma pessoa espera ao entrar em uma loja virtual é ser reconhecido e receber ofertas do seu interesse. A personalização tem que ser total. Esta é a palavra chave. Quanto mais forte for a personalização, mais fidelização a marca obtém”, explica o Diretor de Produtos de CRM da Oracle.

Esta experiência diferenciada deve ser a mesma em todos os canais onde o e-commerce estiver presente, mas a integração do CRM com estes meios ainda não é realidade em grande parte dos casos. “A loja deve estar preparada para entregar a mesma experiência de compra independente do dispositivo que o cliente usar: computador, tablet ou smartphone. Por isso os mecanismos de CRM devem estar integrados a todos estes ambientes”, afirma Jorge Toledo.

O CRM integrado ao comércio virtual tem também o objetivo de unir as bases de dados que antes estavam separadas em grupos distintos. Como estas bases não conversam entre si, a experiência personalizada na loja fica comprometida. “Estes silos de informação dificultavam o atendimento. Por isso todos os dados sobre os consumidores precisam estar guardados em um só lugar e funcionar de maneira integrada. É o que o mercado chama da Master Data Management. Quem tem a informação mais completa sobre quem é o cliente, o que ele faz e onde ele está, tem uma grande vantagem competitiva. Hoje o empresário tem mais ferramentas para fazer isso”, complementa o Diretor de Produtos de CRM da Oracle.

Transformando a venda online em uma venda de balcão

No Mercado Livre, o CRM é utilizado para aproximar os usuários e transformar as transações online quase em uma venda de balcão. A plataforma para compra e venda reúne 5 milhões de vendedores e 14 milhões de compradores apenas no Brasil. Em média, dois produtos são vendidos a cada segundo dentro do site. No primeiro semestre de 2012, foram 31 milhões de itens comercializados. As informações obtidas tanto de compradores quanto dos vendedores a partir de todas estas transações ajudam a empresa a segmentar suas ações e direcionar mensagens específicas para cada grupo.

A ideia de reproduzir no ambiente online a mesma experiência de compra de uma loja física faz parte do DNA da companhia desde a sua fundação. “Conseguimos entender a necessidade daquela pessoa e fazer uma ação individualizada com cada um. Isso é o mais próximo da vida real, onde o lojista interage com o visitante, e reflete na demanda, pois estamos sempre trazendo o cliente para novas compras”, explica Leandro Soares, Diretor de Marketplace do Mercado Livre, em entrevista ao portal.

Outro desafio para a empresa é fazer com que usuários do sistema, sejam compradores e vendedores, que tenham interesses similares, conversem entre si. Essas interações transformam o site quase em uma rede social voltada para compra e venda. “Precisamos sempre de tecnologias mais modernas para fazer tudo isso funcionar. Passamos 24 horas por dia e sete dias por semana pensando em como melhorar nossos sistemas. Os dados estão disponíveis, a informação existe, mas é a tecnologia que vai pegar tudo isso, analisar, comparar com outros grupos e daí concluir sobre o comportamento de diversos perfis. Isso não é trivial”, analisa o Diretor do Mercado Livre.

Integrando o CRM às redes sociais

Um desafio que as lojas virtuais têm pela frente é integrar os seus sistemas de CRM às redes sociais. Embora o social commerce ainda não tenha se massificado, a possibilidade de integrar a loja a plataformas como o Facebook ou permitir mecanismos de recomendação de acordo com o perfil, histórico e preferências de cada um contribui para customizar a experiência de compra e melhorar o relacionamento com cada público alvo.

Além disso, a integração permite que a visita a um e-commerce se transforme em algo que pode ser compartilhado e socializado, uma característica que atende principalmente aos anseios da nova geração de consumidores, que cresceu em contato direto com a internet e com a cultura do compartilhamento. “Para este grupo, apenas ter um site na web oferecendo produtos não quer dizer muita coisa. Isso é o básico. A dinâmica que eles esperam das empresas é totalmente diferente de quando o CRM ganhou força. Por isso é tão importante esta integração com as redes sociais. Isso permitirá às marcas conhecerem de fato cada um dos seus clientes”, explica Jorge Toledo, Diretor de Produtos de CRM da Oracle.

A união entre CRM e sites de relacionamento contribui para a fidelização. “As empresas estão com dificuldade em criar um relacionamento verdadeiro com seus consumidores. Elas começam a enviar uma série de e-mails diariamente e com isso não criam relevância para o cliente. A estratégia é criar relevância individualmente e reduzir a quantidade de mensagens que são enviadas para cada um. Temos que romper com os velhos paradigmas sobre como manter a base de dados fiel no ambiente digital”, avisa João Bernartt, CEO da Chaordic, empresa que oferece plataformas de customização do relacionamento para lojas virtuais como Saraiva, Compra Fácil e Ponto Frio, entre outros.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Segmentação: 5 dicas para criar negócios únicos

 

Então, se você pensa em empreender ou se está reavaliando seu negócio, o que fazer na prática? Veja minhas cinco sugestões

Marcelo Lombardo, Administradores.com,


Já parou para pensar no contexto em que, milênios atrás, um ancestral nosso começou a pintar cavernas? Penso que foi aí que nasceu o primeiro ser humano fora da curva. Afinal, o “normal” era caçar e não pintar. Podemos comparar o comportamento deste indivíduo com o de empreendedores capazes de cultivar a inovação e quebrar paradigmas.
A evolução permitiu ao ser humano o poder de empreender e buscar crescer em direções que antes eram impossíveis. O fato é que quanto mais ricos nos tornamos como espécie, menos “normais” acabamos sendo, pois temos oportunidade de fazermos mais e mais do que nos inspira.
Portanto, o processo de morte do “normal” é algo que vem acontecendo há muito tempo. Foi um longo caminho que percorremos entre a existência de um único modelo de automóvel até os dias de hoje, onde mais de cento e oitenta marcas de carros, cada uma com dezenas de modelos e cada modelo com dezenas de cores inundam o planeta. Temos cada vez mais escolhas personalizadas, e é por isso que vamos ao mercado e uma simples pasta de dente do mesmo fabricante pode ser encontrada em inúmeras versões.
Para colocar um pouquinho mais de tempero nesta história, a internet hoje é massivamente disseminada no mundo todo, em todas as classes sociais. Só no Brasil, são mais de 94 milhões de usuário ativos. O ritmo da falência do “normal” foi tremendamente acelerado pela rápida adoção do digital pelo consumidor.
Com a internet, cada um de nós pode dar vazão aos próprios gostos e preferências em termos de consumo e de comportamento com uma velocidade inesperadamente maior, e encontrar vários outros como nós mesmos mundo afora. O resultado disso é que temos cada vez mais coisas específicas para pequenos grupos de pessoas únicas. É a magia da segmentação.
O velho e bom “one size fits all” (expressão que significa “um modelo serve para todos”) já era, pelo simples motivo que hoje não existe um consumidor que queira ser tratado igual a outro. Consumidores querem uma experiência personalizada, e o maior erro que se pode cometer no planejamento de um negócio é tentar agradar a todos.
Então, se você pensa em empreender ou se está reavaliando seu negócio, o que fazer na prática? Veja minhas cinco sugestões:
1 - Reposicione-se. Não caia na armadilha de “sendo mais genérico eu atendo um público maior (o dito consumidor normal)”. Sendo generalista, a tendência é você atender de forma mediana ou parcial uma fatia do público que ainda tolera isso. Lembre-se que o consumidor “normal” está em extinção.
2 - Pense nos aspectos comerciais. Assim como existe um grupo de consumidores que curtem determinados recursos de um produto, existem aqueles que compram pela forma como ele é vendido. O que quero dizer é que a diferenciação pode estar na oferta comercial e não apenas no produto.
3 - Segmente sua atuação. Se está claro que você não atende a todo o mundo, quem você atende? Muitas vezes se faz confusão aqui. Segmentar é muito mais do que escolher um ramo de atividade como público alvo. Entram em questão critérios geográficos, psicográficos e até comportamentais.
4 - Faça tudo ao mesmo tempo. O ideal é que todas as frentes (produto, praça, preço e promoção) sejam diferenciadas ao mesmo tempo. Um produto inovador, para um público específico, ofertado de uma forma única. É disso que estamos falando!
5 - Use o marketing a seu favor. Marketing de massa virou um erro em si mesmo - ao menos para as pequenas empresas com recursos limitados para investir em divulgação. Se cada consumidor é único, a massa não é mais assim tão massa, e certamente boa parte do investimento (ou todo ele) será desperdiçado. Em suma, segmentando fica muito mais fácil descobrir onde está o seu cliente e dirigir seus esforços de forma mais eficiente.
Se você pensa em empreender, acreditem em mim: o mundo não precisa de mais gente medíocre fazendo coisas medianas para pessoas “normais”. Considere morto o “normal” e aproveite as grandes oportunidades que esse novo universo pode abrir. Viva a individualidade!
Marcelo Lombardo é sócio fundador da NWG Tech, e criador do Omiexperience, software de gestão para micro e pequenas empresas

O inusitado SAC da Viação Cometa

 

Social Media da Viação Cometa dá show na administração de crise. Já a diretoria... Bom humor, respeito ao cliente, pitadas ponderadas de ousadia e foco na solução revertem, o que poderia ter sido um problema, em admiração.

Nelson Gonçalves,


Nesses dias bicudos e tecnológicos, a velocidade e a destreza na resolução de um problema são vitais para a sobrevivência das empresas e para a manutenção de suas marcas – mesmo que elas já sejam muito admiradas. E foi isso que aconteceu nessa semana: um bom exemplo de administração do que poderia vir a ser, senão um problema, uma boa aporrinhação.

No domingo, 14/07, os visitantes e curtidores da fanpage da Viação Cometa S/A no Facebook se depararam com o seguinte post on.fb.me/13mkFMw, do publicitário, internauta e cliente, Hilário Júnior:

- Adorei ligar agora pra vocês e a atendente falar em alto e bom som:
“AI, QUERIA TANTO CHUPAR UMA ROLA!” Daí percebeu a “mancada” desligou na minha cara. RISOS! Melhor equipe de atendimento. RISOS!

Imagino, por observação, que a Viação Cometa S/A, não disponha de monitoramento das redes sociais nos fins de semana. Mas na segunda-feira, às 9h48, a social média postou um pedido de desculpas dirigido ao cliente - aberto para a rede - sugerindo que ele, se quisesse, fizesse contato “in box” para as providências cabíveis. Até aí nada de novo, qualquer empresa faz isso para se limpar de uma eventual lambança corporativa. O genial foi que, na sequência, a social média postou o seguinte: “a propósito, o episódio foi Hilário TUDUMM PISSSHIHHH” (sic) – se você souber o que significa isso, por favor, me informe! Rsrs.

Ao brincar com a situação e fazer o trocadilho com o nome do cliente, a social média quebrou o protocolo e neutralizou quaisquer investidas de internautas mais pudicos ou conservadores, porque o próprio cliente entrou na onda e replicou, na sua própria rede, o desdobramento. Mas o fato é que a estória “bombou” na página da Viação Cometa S/A. A social média foi interagindo com leveza, seriedade, um pouco de picardia e muito foco na dissipação do problema. O episódio acabou se transformando em um case de administração de crise na rede, com milhares de likes, compartilhamentos, comentários e cumprimentos à postura adotada pela empresa. Com tamanha repercussão, o fato foi parar no UOL http://ow.ly/n7U60 e certamente ainda tem fôlego pra muita discussão e análise.
Eu poderia parar por aqui. Já contei o ocorrido, dei o link da página onde o post que originou o caso foi publicado, o link da repercussão na imprensa e já fiz meu elogio para a empresa e à social média. Mas, a meu ver, tem um detalhe nessa estória que não dá liga. A postura da empresa no desdobramento do caso não combina com a agilidade e leveza da mediadora da fanpage.
Na terça-feira, prevendo a repercussão do fato e os ensinamentos que dele poderia tirar, resolvi aprofundar a análise e compartilhar as respostas que, eventualmente, eu obtivesse junto à empresa no fechamento do episódio. No tocante à atendente: ela seria demitida ou levaria apenas um pito, para aprender a reservar seus desejos para os momentos de folga? Gostaria de saber mais sobre a profissional (cismei que é uma mulher!) que, com seu talento e perspicácia, administrou o problema; queria saber o real impacto do ocorrido na rede (total de likes, compartilhamentos, comentários) e a avaliação da empresa sobre a atitude do cliente, que passou a defendê-la nos posts mais críticos, agindo como um mediador colaborativo, etc.
Mesmo tendo cobrado, por duas vezes, a empresa não me respondeu. Apenas a social média, agora, com bem menos agilidade, limitou-se a informar:“estou aguardando feedback da direção para saber se posso passar as informações para você. Assim que tiver retorno (ainda não tenho previsão) eu aviso”. Corroborando minha opinião quanto à postura da empresa, observei que o UOL, no dia 18/07, também não havia logrado êxito nem mesmo junto à assessoria de imprensa da mesma, que ignorou a demanda.
Agora estou a pensar com os meus botões: Não obstante a elogiável performance da social média, nesse episódio, será que a extrovertida atendente não estava apenas de SAC cheio?
Nelson Gonçalves é palestrante e jornalista

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Marketing, consumo e conflito de gerações

 

Este artigo aborda aspectos do conflito de gerações e sua relação com o marketing e o consumo

Carlos Hilsdorf,

Recentemente, em uma entrevista para a televisão, uma jornalista me perguntou: - Carlos Hilsdorf como se resolve o conflito de gerações?
A resposta?
Não resolve!
Devemos aproveitar o conflito de gerações. Bem administrado ele é extremamente produtivo para a vida e os negócios. Deste conflito surge um atrito criativo, uma faísca que gera oportunidades em todas as direções.
Vejamos...
O conflito de gerações é uma realidade desde que o mundo é mundo, sempre existiu e sempre existirá. A simples diferença cronológica em termos de tempo vivido e experiências acumuladas entre duas gerações já basta para que estejam em momentos de maturidade psicológica diferentes, o que resulta em divergências.
A adolescência, tal qual a compreendemos atualmente, é o ritual de passagem da sociedade moderna, onde o cérebro matura seus mecanismos voltados à independência e sobrevivência, de onde deriva que este ser que se torna adulto, desvincule suas escolhas das de seus antecessores, que até então, não raro, decidiam por ele - fato que passa a incomodá-lo intensamente e é importante mecanismo evolutivo na individuação.
Portanto, o conflito, além de suas evidentes características temporais, culturais e antropológicas possui características neuropsicológicas importantíssimas!
Você pode me perguntar: por que, então, tanto estranhamento frente ao conflito de gerações quando ele envolve a geração Y? Qual a diferença deste conflito de gerações frente a todos os outros que o antecederam na história da humanidade? Como isso afeta o consumo e o marketing?
Três das várias diferenças:
  1. A sucessão histórica, psicológica e mercadológica particular que envolveu a sequência baby boomers - geração X - geração Y.
  2. O peso de uma revolução tecnológica onde a comunicação migrou da oralidade ancestral para a imagética moderna.
  3. A organização de uma sociedade eminentemente urbana e construída ao redor do universo corporativo, no contexto da sociedade do consumo.
Os baby boomers cresceram ouvindo seus pais falando dos horrores da guerra e de como tinham que economizar para períodos de crise. A geração X cresceu ouvindo de seus pais que deviam estudar e trabalhar duro porque a prosperidade era fruto do número de horas dedicadas ao trabalho e que depois, ao se aposentarem, poderiam desfrutar a vida. Já a geração Y cresceu ouvindo de seus pais que poderiam ser o que quisessem na vida, se fossem originais, construíssem uma forte rede de relacionamentos e corressem atrás das oportunidades. Ouviram também que seus pais tinham dado um duro danado para lhes oferecer um futuro melhor e que tinham aberto mão de aproveitar a vida por conta disto.
Consequências...
A geração Y buscou a originalidade, a autoconfiança, prevaleceu-se da hiperinformação disponível e da conectividade para construir um excelente network, percebeu que a geração X dá muitas desculpas e reclama muito enquanto é possível fazer as coisas acontecerem mais rápido e, percebeu que seus pais não são assim “tão felizes”, porque adiaram demais os prazeres da vida. Daí deriva o caráter “imediatista” que se atribui à geração Y, que tem pressa de obter prosperidade em sincronismo com a época em que tem mais energia e disposição para curtir a vida!
Estas gerações juntas formam um mercado extremamente comprador e riquíssimo em oportunidades para novos produtos e serviços porque as três têm uma coisa muito importante em comum: decidiram que a hora de curtir a vida é agora!
Isso explica, em boa parte, o boom de turismo da melhor idade, o boom da construção civil de mais luxo e conforto da classe média e o estilo de consumo baseado em crédito adotado em massa pela geração Y que tem carro próprio, casa própria, viaja, conhece o mundo e só quer permanecer em empresas que lhe ofereçam oportunidades reais de aprendizagem e crescimento, pois aprenderam com os pais que ficar esperando promoções que nunca chegam costuma não compensar.
Tudo isso sem mencionar, mais a fundo, as gerações Z (os nativos digitais, filhos das gerações X e Y, pós a revolução WEB) e a geração Alpha (os nascidos a partir de 2010) que trarão ainda mais diferenças, particularidades e riqueza a este cenário plural e multitribal.
A história nunca foi tão rica e extraordinária em oportunidades de negócios!
Então, siga os hyperlinks e mentes à obra, pois “seguir em frente” e “mãos à obra” é da época dos baby boomers!

sexta-feira, 26 de julho de 2013

O segredo da criatividade

 

Para ser criativo é preciso desvencilhar-se do lugar-comum e procurar ideias menos óbvias. Isso não é segredo. Mas deveria ser!

Rodolfo Araújo,

Em Psicologia Experimental um dos maiores desafios na hora de desenhar um experimento é encontrar uma forma de disfarçar o real objetivo da investigação.
Isto é necessário porque, segundo explica Elliot Aronson em The Social Animal, se os participantes souberem o verdadeiro propósito da pesquisa, eles não se comportarão naturalmente. Em vez disto, tentarão agir de forma a se destacar individualmente ou, ainda, "ajudar" o pesquisador buscando um resultado compatível com o que eles acham que os pesquisadores esperam*.
No Experimento de Stanley Milgram, por exemplo, se os voluntários soubessem que o objetivo era medir os efeitos da autoridade - em vez de verificar o impacto das punições no aprendizado - certamente os resultados teriam sido bem diferentes dos registrados. E no Experimento de Solomon Asch, por conseguinte, se os participantes soubessem que o que estava sendo avaliado era a pressão exercida pelo grupo - e não a acuidade visual - a pesquisa também teria sido inútil.
Disfarce2
O segredo é disfarçar
Mas esta técnica, de disfarçar os verdadeiros objetivos daquilo que se busca, também pode render frutos muito interessantes para o mundo corporativo. Em Sausalito, na Califórnia, a Lexicon Branding especializou-se em batizar empresas e produtos através de metodologias pouco ortodoxas.
Para criar nomes de sucessos como BlackBerry e Pentium, o fundador e CEO David Placek vale-se de um artifício parecido com o dos cientistas sociais: camuflar as verdadeiras finalidades de algumas tarefas confiadas a seus funcionários. Ele acredita que, desta forma, evita que eles tomem atalhos, sejam vítimas de viéses cognitivos, ou adotem ideias pré-concebidas e conceitos óbvios demais.
Segundo contam Dan e Chip Heath, no recém-lançado Decisive: How to Make Better Choices in Life and Work (Crown Business, 2013), para criar um nome para um novo produto da Colgate - uma mini escova de dentes descartável, que já vem com um creme dental que dispensa enxágue - Placek criou uma força-tarefa que trabalhou no escuro. Bem, quase no escuro...
Em vez de saírem a campo atrás de ideias para o nome de uma escova de dentes - o que inevitavelmente restringiria a busca a uma categoria pré-definida e já existente, prejudicando o caráter inovador do produto - a equipe foi levada a acreditar que o cliente era a marca de cosméticos Olay, que estaria introduzindo uma linha de higiene oral.
A escolha do cliente fictício tinha, também, uma razão de ser, pois a própria Olay lida com estética e beleza, conceitos importantes para a venda de uma escova de dentes.
Wisp


Ao final do processo, prevaleceu a ideia central de algo leve e prático, em vez de associações mais óbvias relacionadas diretamente a produtos odontológicos. De analogias mais distantes e indiretas, surgiu o nome Wisp, que significa algo como um pequeno tufo, um feixe de cerdas, uma pequena e prática escova.
Muitas vezes, tudo o que precisamos é sair um pouco do óbvio, deixar de lado os conceitos imediatos e as ideias instantâneas. Quando tateamos no escuro, as chances de nos depararmos com algo novo e original acabam nos surpreendendo e trazendo ótimas novidades. Isto é que não deveria ser segredo para ninguém!

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Os riscos de um merchandising mal feito

 

Depois de viralizar o vídeo da apresentadora falando “Ai, que bosta!” em um merchan exibido na rede católica TV Aparecida, o tema sobre a influência positiva e negativa do merchandising voltou à tona

Fábio Bandeira,


Aumentar as vendas. Essa é uma ação que vive permeando a cabeça de executivos, empreendedores e profissionais de boa parte do mundo dos negócios. Afinal, para qualquer empresa sobreviver é preciso oferecer e vender um produto ou serviço. Nessa hora, montar estratégias para arrebanhar novos clientes se torna um processo mais do que natural, seja o consumidor sendo uma pessoa ou até mesmo outra empresa. 

O objetivo geralmente é convencer aquele cliente que o produto oferecido pode ser mais vantajoso do que o divulgado pelo concorrente. Um dos pontos primordiais nesse processo é o merchandising e o uso de técnicas e ferramentas de mídia para a veiculação de campanhas publicitárias.

A grande importância do merchandising está no fato dele ser a soma de ações promocionais e materiais de pontos-de-venda que ajuda no estágio da compra. O merchandising tanto pode usar a propaganda (quando divulga ofertas na mídia) como a promoção de vendas (através de preços mais baixos ou brindes).

E não faltam exemplos delas espalhadas. Basta ligar a TV, em qualquer programa de auditório ou capítulo de novela, que um produto aparecerá sendo comentado. O problema, no entanto, é quando o merchandising aparece completamente fora do contexto ou algo inusitado acontece. Aquilo que era para ser um momento de persuasão da marca transforma-se em algo bizarro.

Entre os campeões estão marcas de xampus, produtos de beleza, comidas, eletrodomésticos, lojas de roupas, que são empurrados ladeira abaixo e acabam se transformando em motivo de chacota. Muitas vezes, a falta de planejamento, a correria do dia a dia, a imposição dos anunciantes são as grandes inimigas para um produto ou serviço aparecer sem sentido do resto do contexto. 

Um fato recente que se transformou rapidamente em um viral - e poder ser destacado como esse outro lado do merchandising - aconteceu quando uma apresentadora se descuidou e praguejou no ar. “Ai, que bosta!”, enquanto anunciava o “óleo de chia”. O fato, que já seria inusitado caso ocorresse em qualquer atração, tornou-se ainda mais bizarro por acontecer durante o programa religioso “Bem-vindo Romeiro”, exibido pela rede católica TV Aparecida e apresentado por padre Evaldo. Após o descuido da moça, o sacerdote, visivelmente constrangido, tenta dar continuidade ao programa. Veja o vídeo abaixo:


Danette e o Porta dos Fundos

Quem resolveu fazer uma sátira sobre a utilização (até comum) do merchandising mal feito foi o canal de humor Porta dos Fundos. A produtora resolveu demonstrar isso em forma de uma propaganda da sobremesa láctea Danette, fabricado pela Danone, no meio de uma situação de perigo durante as cenas. Veja como ficou:



Em tom de brincadeira, o programa "Toma Lá Dá Cá", na emissora Rede Globo, também já adotou uma ação tirando onda do uso do merchandising, mas “forçando a barra” entre os sorrisos dos atores. A propaganda era para destacar o "Duetto Magiclean", da Arno. Veja como ficou:



O debate

Recentemente, o portal Administradores levantou o debate de mais um case clássico de merchandising aplicado na marca Tecnomania e Tekpix. "Vamos falar de coisa boa, vamos falar da Tekpix". "Pode começar a ligar antes que as linhas congestionem". Com esse tipo de abordagem, as duas marcas se tornaram bem conhecidas no Brasil.



Mas será que funcionou? Como você avalia a estratégia de marketing da empresa? Elas cumprem o seu propósito? Pode ser considerado um merchandising mal feito ou bem feito?