quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

4 Livros para entender o comportamento do consumidor


De um jeito ou de outro, sabemos que boas estratégias de marketing e publicidade conversam de forma mais profunda com o comportamento do consumidor. Afinal de contas, ao entender como o cérebro responde aos diferentes estímulos sensoriais da comunicação é possível traçar planos mais eficazes para impactar o público.
Pensando nisso e sabendo que existe uma grande oferta de informações relacionadas ao tema, hoje eu destaco para você 4 livros que vão te ajudar a entender melhor como funcionam as bases que regem nosso comportamento, tomada de decisão, e como isso se relaciona com as ações de mercado as quais somos expostos.
1 – O poder do hábito
Este livro é um grande marco da área de psicologia empresarial e foi escrito pelo repórter de negócios do NY Times, graduado da Harvard Business School, Charles Duhigg. Publicado em 2012, o livro te apresenta aos grandes princípios da neurociência que se relacionam com a formação de um hábito. O autor traz como referências estudos de caso da área de marketing que ajudam a tornar o seu conteúdo fácil e prático. Nas palavras do próprio autor, “vendendo uma nova música, uma comida ou um berço, a lição é a mesma: se você vestir uma nova coisa em velhos hábitos, é mais fácil para o público aceitá-la”.

2- Posicionamento: A batalha por sua mente.
Dos autores americanos Al Ries e Jack Trout, a ideia desse livro nasceu na década de 70, quando os dois iniciaram uma série de artigos para a revista Advertising Age, apresentando ao público o termo “posicionamento”. Isso gerou uma rica discussão sobre o lugar que um produto ocupa na mente dos consumidores, inclusive em relação a produtos parecidos e concorrentes. O livro foi publicado em 1981 e explicou a teoria dos publicitários sobre o papel do marketing nos negócios, o lugar de um produto na imaginação popular e a mudança necessária para que os consumidores prefiram um produto ao outro. Essa leitura ajuda a entender como o marketing e a psicologia se encontraram formando as bases para o que chamamos hoje de Neuromarketing.

3 – Hooked: How to Build Habit-Forming Products
Escrito pelo autor israelense Nir Eyal, o livro foca na forma como determinados produtos caem em uso popular. Com exemplos práticos, como Twitter e Pinterest, o autor aborda questões em torno do marketing de conteúdo e da experiência do usuário, explorando os fatores que resultam em produtos bem-sucedidos. Como seu conteúdo se baseia na criação de hábitos, esta opção é uma boa acompanhante do livro “O poder do Hábito”, indicado acima. Foi publicado em 2014 e até o momento, não possui edição em português.

4 – Foco
Escrito pelo psicólogo e jornalista Daniel Goleman, este livro aborda de maneira exemplificada os processos atencionais que ocorrem de forma implícita. Assumindo que a atenção se tornou um recurso escasso, o autor discorre sobre a importância do foco para aumentar a produtividade. O livro fala sobre os tipos de atenção, elementos distratores, processos bottom-up e top-down, entre outros, e te ajuda a entender o funcionamento da atenção e sua aplicação no dia-a-dia, tanto pessoal quanto profissional.

Estas foram as dicas de hoje para você começar a entender os processos por trás do comportamento do consumidor de forma prática, com leituras que trazem exemplos para facilitar o aprendizado. Entendendo melhor como nosso cérebro e nossa percepção funcionam, fica mais fácil trabalhar em ideias promissoras! Caso você não tenha visto ainda, este post aqui reúne outros 8 ótimos livros sobre Neuromarketing! Já conhece algum desses? Conta para gente!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

PESQUISA SOBRE COMPRAS PELA INTERNET COMPROVA QUE AS EMPRESAS TÊM MUITO ESPAÇO PARA CRESCER EM 2019


Das 15 formas de compras testadas, 3 são as mais experimentadas: sites de lojistas, e-commerces e apps


Imagem. Carrinho de mercado com sacola, tv e outros produtos dentro. Ao lado um computador. Do carrinho saem outros objetos que vão até o computador como: celular, caminhão, cartão, telefone, etc.
e-mail marketing, como estratégia de vendas, apontou baixa perspectiva de crescimento,  embora continue em uso constante. Essa foi uma das constatações levantadas por consumidores de todo o Brasil que participaram de uma pesquisa sobre Formas de Comprar, realizada entre os dias 31 de outubro e 6 de novembro, com o intuito de conhecer os hábitos de compras do brasileiro.
A pesquisa foi realizada pelo Digitalks, em parceria com o Opinion Box, e apresentada durante a Conferência Performance, que aconteceu em novembro na cidade de São Paulo. Foram realizadas 2.106 entrevistas e a margem de erro da pesquisa é de 2,1 pontos percentuais, com nível de confiança de 95%.
Foram testadas 15 formas diferentes de comprar: clicando em anúncios em sites e portais de notícias, em anúncios do Facebook, em anúncios do Instagram, em popups em sites e portais, em um e-mail marketing, pelas páginas de pessoas ou empresas do Facebook, pelo aplicativo de marcas ou empresas, pelo Facebook Messenger, pelo perfil de pessoas ou empresas no Instagram e no Pinterest, pelo WhatsApp, pelos sites de e-commerce ou das marcas, pelos sites que reúnem vários lojistas, por mensagens privadas (inbox) em redes sociais e seguindo recomendações de sites de avaliação.
Foi identificado que, em média, cada pessoa já utilizou 3,5 formas das 15 opções testadas. 79% dos consumidores preferem comprar através de sites de vários lojistas, 59% optam pelos e-commerces das marcas e 47% utilizam os apps. Ou seja, as 3 formas mais experimentadas são consequência da inexperiência com as demais opções.
Vale destacar que o uso de todas as 15 formas foi mantido e aumentado nos últimos 12 meses e que para todas as opções a expectativa também é de continuidade e aumento na utilização.  Porém, com diferentes perspectivas. Notou-se, por exemplo, perspectiva baixa de compra através de clique em e-mail marketing, anúncios em sites e portais de notícias e através de perfis no Pinterest.
Média perspectiva de compra nos próximos 12 meses foi medida através de páginas no Facebook (pessoas e empresas), Facebook Messenger, popups em sites e portais, anúncios no Facebook e mensagens privadas em redes sociais.
Já como perspectiva média alta apareceram os perfis de pessoas e empresas no Instagram, recomendações de sites de avaliação, WhatsApp e anúncios no Instagram. Pelo aplicativo de marcas e empresas, sites de e-commerce e sites que reúnem vários lojistas são as formas identificadas com alta perspectiva de compra pelos consumidores.
Para as empresas, o principal desafio será acertar o momento de abordar o consumidor. A pesquisa revelou que 61% não gosta quando pesquisa algo e depois começam a aparecer anúncios em sites e nas redes sociais, enquanto 24% são indiferentes e 15% aprovam esse tipo de ação. Por outro lado, 51% aprova receber informações sobre o produto em vários locais (Google, sites etc) quando está em dúvida sobre a compra porque ajuda na tomada de decisão, 26% não se importam com isso e 23% não aprovam essa atitude.
“Em um ambiente cada vez mais conectado, as marcas precisam estar atentas às diferentes formas de comprar dos consumidores. Pelos resultados da pesquisa fica nítido que os consumidores ainda não experimentaram diversas formas, ficando principalmente nas formas mais tradicionais como sites do e-commerce, sites que reúnem diversos lojistas e apps das marcas. Porém há potencial de crescimento para o próximo ano em compras pelo Instagram (pelos perfis e clicando em anúncios), WhatsApp e por recomendações em sites de avaliação. Uma boa estratégia nessas frentes podem ser o diferencial para uma marca crescer mais que as concorrentes em 2019”, declara Felipe Schepers, COO do Opinion Box.

Fonte: digitalks.com.br 

sábado, 29 de dezembro de 2018

38 filmes e séries para quem se interessa pela mente humana


Produções abordam os limites entre loucura e sanidade e enfatizam as nuances e obscuridades que marcam nosso modo de estar no mundo.

A série O Conto da Aia, baseada no livro homônimo da escritora canadense Margaret Atwood.
HUFFPOST BRASIL
A série O Conto da Aia, baseada no livro homônimo da escritora canadense Margaret Atwood.
Ver-se na tela, ver-se além da tela. Os filmes e séries há muito emprestam seus diálogos e cenas para algum comentário sobre o desconhecido da mente humana e suas consequências. São veículos para tentar entender o que se passa com os desejos mais recônditos, com as atitudes mais imprevisíveis dos seres humanos e com o sofrimento por qual passamos. Onde as respostas não chegam para os questionamentos sobre quem de fato somos, os filmes e séries nos permitem imaginá-las.
Fizemos uma lista de alguns exemplares da arte e do entretenimento que nos convidam a uma maior aproximação da mente humana, de suas contradições e, por que não, da loucura presente em algumas vidas. São obras desconcertantes, ao mesmo tempo em que nos amparam justamente quando faltam as certezas sobre o mundo.
São filmes e séries de ficção e documentais que podem ser encontrados na televisão e em serviços de streaming, como Netflix, NET Now, Looke e Amazon. Já sabemos que todo recorte é limitado, então muitos ficarão de fora. Mas aqui vão alguns títulos para começo de conversa:

1. O Experimento de Milgram (Experimenter)
Michael Almereyda
EUA, 2015

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O Experimento de Milgram
"Como foi possível pessoas normais, como nós na rotina diária, agirem desumanamente, sem nenhuma limitação da consciência?" Foi a partir dos horrores do nazismo que o cientista social Stanley Milgram se questionou sobre a capacidade humana de torturar alguém e de produzir sofrimento. O filme recria o polêmico experimento conduzido por ele na década de 60. Polêmico porque revelou as dimensões obscuras e possíveis dos seres humanos diante das relações de obediência, mas estas descobertas não foram recebidas calorosamente. Com atuações ótimas de Peter Sarsgaard e Winona Ryder, o filme é fundamental para entender a importância da responsabilidade na vivência coletiva e em tragédias como o Holocausto.

2. The Confession Tapes
Kelly Loudenberg
EUA, 2017

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Confession Tapes
O que leva uma pessoa inocente a confessar um crime que não cometeu? A presunção de inocência é um dispositivo institucional, mas, para algumas pessoas, ela praticamente desaparece, voluntariamente. Foi assim quando a americana Karen Boes confirmou ter incendiando a própria casa, matando a filha de 14 anos. "Não me lembro de ter feito isso, não sei como aconteceu. Mas, aparentemente, fui eu." A série documental da Netflix traz seis casos reais nos Estados Unidos em que os condenados não cometerem os crimes em questão, mas se pronunciaram como seus autores. Moral, religião, pressão da sociedade e a consciência parecem convergir para transformar uma culpa inconsciente, advinda de outra situação, em uma culpa factual.

3. Black Mirror 
Charlie Booker
Reino Unido, 2011

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Black Mirror
Uma vida mediada pelos likes nas redes sociais, uma lente de contato que registra toda a memória factual dos acontecimentos, uma humanidade refém das características assassinas de um robô, os efeitos devastadores do ódio na internet. A antologia ficcional da série Black Mirror é tão assustadora quanto familiar porque aponta para uma vivência sombria, no presente e no futuro, das relações que mantemos com a tecnologia. Os roteiros e as ambientações garantem uma imersão quase que real do espectador, projetando-o para situações bastante desconfortáveis. O alívio vem com a noção de que é uma série - basta interromper a exibição para se "salvar" desta distopia, como o despertar de um pesadelo. Mas aí vem o questionamento mais desconcertante: quem garante que estas histórias permanecerão na ficção?

4. Holocausto Brasileiro
Daniela Arbex e Armando Mendz
Brasil, 2016

JANE FARIA
Holocausto Brasileiro
Baseado no livro homônimo escrito pela jornalista Daniela Arbex, o documentário da HBO Brasil traz imagens e depoimentos inéditos sobre a tragédia ocorrida no Hospital Colônia, em Barbacena (MG), onde morreram 60 mil internos entre 1930 e 1980. Internados à força e tratados como "loucos", os pacientes foram submetidos ao frio, à fome e a doenças. Foram torturados, violentados e mortos. Seus cadáveres foram vendidos para faculdades de medicina, e as ossadas comercializadas. A violência, praticada pelo Estado, teve a conivência e o silêncio de médicos, funcionários e da população. Um episódio extremamente lamentável da história recente brasileira, e representante da luta antimanicomial, que defende o tratamento humanizado dos pacientes da saúde mental.

5. O Quarto de Jack (Room)
Lenny Abrahamson
EUA, 2015

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O quarto de Jack
A despeito da premissa triste - um garoto e uma mãe que vivem em um cativeiro - o filme transborda sensibilidade e beleza por meio dos diálogos entre Jack, de cinco anos, e sua mãe, Ma. É ela quem sustenta o imaginário da criança e permite que Jack alimente seus sonhos mesmo dentro do confinamento. O lugar de origem é também um lugar de horrores, e aí entra a criatividade da dupla de fazer daquele quarto uma possibilidade de vida. A saída deste aprisionamento bem poderia ser a solução final, mas realisticamente deflagra uma série de conflitos e dificuldades. Daí vêm alguns dos momentos mais comoventes do filme e da atuação de Brie Larson, que venceu o Oscar de melhor atriz.

6. O Conto da Aia (The Handmaid's Tale)
Bruce Miller
EUA, 2017

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O Conto da Aia
Um Estado totalitário passa a definir (mais justo dizer restringir) o papel da mulher em uma república militarizada. A violência que precede e que sustenta este tipo de regime deveria ser evidência suficiente para impedi-lo em qualquer canto do globo. Mas há mecanismos de obediência e de compactuação que tornam possíveis os horrores da humanidade, fazendo com que esta distopia baseada no livro homônimo de Margaret Atwood seja amargamente familiar. A série demonstra os processos de perda de subjetividade, o efeito do silenciamento das vozes dissonantes na sociedade e a importância da mediação do ódio. Requer estômago, mas devolve diversas reflexões fundamentais para nossa época.

7. The Sinner
Derek Simonds
EUA, 2017

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The Sinner
Aquilo que nossa mente encobre é muito mais revelador do que imaginamos. Na primeira temporada da série The Sinner, acompanhamos a busca de Cora (Jessica Biel) por palavras que tragam à tona acontecimentos do passado e que signifiquem afetos inexplicáveis para ela, especialmente depois de um crime que abala toda uma comunidade. Nesta jornada de reconhecimento, o que ela conhece sobre si mesma é colocado em total suspensão, e cada descoberta feita chega sob o impacto de algo estranhamente familiar. O detetive Harry Ambrose, soterrado por passados não resolvidos, é quem conecta a primeira à segunda temporada, na qual se investiga as motivações de um improvável assassino.

8. Mindhunter
Joe Penhall
EUA, 2017

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Mindhunter
Os catálogos dos serviços de streaming estão cheios de filmes e séries que investigam o que acontece na cabeça serial killers. Mas coube a David Fincher, diretor conhecido por O Clube da LutaGarota Exemplar e Zodíaco, a melhor abordagem sobre o tema. O diferencial nesta série, que traz a investigação de dois detetives, está no reconhecimento da complexidade de mentes assassinas e na ênfase dada ao tipo de efeito que elas querem provocar, sobretudo na polícia. A ingenuidade e o sensacionalismo saem de cena e dão lugar à crueza e a desconcertantes diálogos sobre as perversidades humanas.

9. Wild Wild Country 
Chapman e McClain Way
EUA, 2018

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Wild Wild Country
Com filmagens da época e depoimentos inéditos, a Netflix conta a história da comunidade criada em torno do guru espiritual Osho nos EUA, recebida com hostilidade pelos habitantes da pequena Antelope, no Oregon. O confronto entre diferentes culturas, o choque diante da sexualidade alheia, o conflito bélico e o fanatismo diante de um líder messiânico fazem deste documentário em forma de série um poderoso testemunho sobre o alcance de uma crença.

10. Relatos Selvagens (Relatos Salvajes)
Damián Szifron
Argentina, 2014

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Relatos Selvagens
Dividido em cinco contos, este memorável longa argentino observa situações em que os seres humanos perdem as regras civilizatórias e rompem os freios que permitem a convivência em sociedade, especialmente em momentos de exaustão e humilhação. Tudo com muito humor, apelo ao absurdo e narrativas com as quais podemos nos identificar em determinada medida, como é o caso do episódio estrelado por Ricardo Darín, esfolado por uma burocracia que não leva em conta seus esforços diários como contribuinte. Há uma função vital na contenção dos próprios desejos. Já o surrealismo aparece justamente quando os personagens se expressam em sua faceta mais "sem filtro", digamos. O prólogo é hilário e dá uma pista da fronteira tênue entre loucura e sanidade.

11. 13 Reasons Why 
Brian Yorkey
EUA, 2017

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13 Reasons Why
Responsável por intensificar a busca por ajuda no CVV (Centro de Valorização da Vida), a série norte-americana baseada no livro de Jay Asher sobre o suicídio da adolescente Hannah não foi uma unanimidade. Recebeu críticas e sugestões de boicote pela sua exposição gráfica do suicídio, ao mesmo tempo em que foi elogiada por fazer circular massivamente um assunto tão tratado com polêmica ou silêncio. É diante deste mérito que a colocamos nesta lista. É uma série que conseguiu trazer o tema para as conversas de adolescentes, seus pais e professores. O tabu com que o suicídio é tratado impede sua prevençãoestar sensível ao sofrimento dos adolescentes, geralmente comunicado de maneira "cifrada", é passo fundamental para prevenir tragédias.

12. Amnésia (Memento)
Christopher Nolan
EUA, 2000

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Amnésia
Diante de um assassinato, um homem tenta recuperar a própria vida em meio às constantes perdas da memória recente. É ela quem lhe oferece um chão para saber sobre o passado, mas é também quem compromete o futuro na medida em que favorece o engano. A narrativa inventiva, que confunde a cronologia, foi um dos trunfos deste filme que se tornou um cult pós-moderno. Mais tarde o diretor Christopher Nolan, conhecido pela mais sombria trilogia do Batman, iria explorar a noção de realidade ainda mais radicalmente com o filme A Origem.

13. Ferrugem 
Aly Muritiba
Brasil, 2018

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Ferrugem
Cyberbullying, exposição da vida íntima, falta de diálogo, sofrimento vivido em silêncio. O diretor Aly Muritiba tem um olhar certeiro e emergencial para as questões adolescentes neste filme que ganhou o Festival de Gramado deste ano. No longa, Tati perde o celular em um passeio da escola e depois descobre que um vídeo íntimo seu foi vazado na internet. O crime gera consequências trágicas e expõe a fragilidade das relações em uma era de pretensa conexão.

14. Cloverfield 10 (10 Cloverfield Lane)
Dan Trachtenberg
EUA, 2016

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Cloverfield 10
Depois de sobreviver a um acidente, uma jovem acorda em um local desconhecido, de onde não pode sair. Ali estão dois homens igualmente inéditos na sua vida, e os eventos que se sucedem a deixam em uma permanente dúvida: estaria ela em segurança ou em perigo? Sua sanidade é colocada à prova e esta agonia é vivida pelo espectador, que também não sabe do que se trata. Resta acompanhá-la nas incertezas, especialmente sobre o que é real.

15. Maniac 
Cary Joji Fukunaga, Patrick Somerville
EUA, 2018

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Maniac
Emma Stone e Jonah Hill vivem à margem de suas famílias - e, pode-se acrescentar, das próprias vidas. Depressão e esquizofrenia rondam suas biografias, mas outros elementos começam a surgir quando um tratamento experimental da mente é comprometido por falhas e ambos têm acesso a conteúdos até então desconhecidos. Com toques do surrealismo de Twin Peaks, a série é inventiva na narrativa e exuberante na fotografia. Já seus diálogos e desfechos questionam as soluções imediatistas e químicas oferecidas ao sofrimento humano, apontando caminhos que passem pela singularidade de cada história de vida.

16. O Presente (The Gift)
Joel Edgerton
EUA, 2015

MATT KENNEDY/STX PRODUCTIONS, LLC VIA AP
O Presente
Um casal reencontra um amigo do passado e as visitas do homem começam a ficar assíduas e inoportunas, o que estabelece um clima de desconfiança e paranoia. Aparecem fissuras no casamento e o passo sequencial é relacionar o problema ao velho conhecido que reapareceu, mas o desenrolar da história vai apresentando facetas e situações que embaralham as coordenadas de "certo" e "errado".

17. A Fita Branca (Das weiße Band - Eine deutsche Kindergeschichte)
Michael Haneke
Alemanha/Áustria/França/Itália, 2009

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Fita Branca
É seguro dizer que o austríaco Michael Haneke é um produtor de mal-estar. Desde O Sétimo ContinenteFunny GamesCaché e Amor ele cutuca feridas que denunciam perversidades, hipocrisias, falências morais e outros atributos pouco propagandeados dos seres humanos. Podemos ver este filme como uma espécie de metáfora para a gênese de regimes como o nazismo, em que a desumanização gradual se transforma em munição coletiva para os piores horrores. O foco aqui são crianças e eventos misteriosos em uma pequena cidade. Quando o Mal brota entre nós, temos capacidade de reconhecê-lo?

18. A Onda (Die Welle)
Dennis Gansel
Alemanha, 2008

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A Onda
Ao falar da Fita Branca, não dá para não pensar neste filme alemão que mostra os processos de adesão fanática às ideias e a disposição em cumprir determinadas tarefas desumanas em prol de uma crença. Em 1921, no texto "Psicologia das massas e análise do eu", Freud já havia alertado para os perigos da identificação das massas com um líder. O filme, que retrata um trabalho escolar sobre o autoritarismo que foge do controle, é pura ilustração das considerações freudianas.

19. Sun Dogs
Jennifer Morrison
EUA, 2017

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Sun Dogs
Ned Chipley é um jovem bastante obstinado. Quer ser oficial de guerra a todo custo. Vive o próprio sonho como uma realidade um tanto quanto chocante para quem o observa de fora. Mas, ao nos aproximarmos do mundo dele, como o faz a mãe dele, acabamos colocando alguns de nossos pragmatismos em perspectiva. Chacoalhar as próprias certezas é sempre um exercício árduo, mas bastante válido, especialmente se isto melhora a qualidade de nossas relações e nosso respeito com o outro. É a estreia de Jennifer Morrison, a Cameron, de "House", na direção.

20. Fragmentado (Split)
M. Night Shyamalan
EUA, 2016

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Fragmentado
Não poderia faltar M. Night Shyamalan nesta lista. Afinal, há décadas ele vem se debruçando sobre os mistérios humanos e utilizando alienígenas, monstros e fantasmas para metaforizarem nossos aspectos mais obscuros e rejeitados. Neste filme, James McAvoy interpreta múltiplas personalidades - um total de 23, mas nem todas são mostradas. Todas são habitadas por uma única pessoa, e uma delas decide sequestrar três adolescentes. As cenas de terapia são impressionantes.

21. Stockholm
Rodrigo Sorogoyen
Espanha, 2013

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Stockholm
O nome não remete à capital da Suécia. Quem assiste percebe que, possivelmente, é de outro tipo de Estocolmo de que se fala aqui. A premissa é um jovem espanhol tentando persuadir uma garota a ficar com ele. Ambos vão se conhecendo e permitindo proximidade, o que difere bastante de "intimidade". Este encontro vai alimentando uma tensão, sobretudo por conta dos diálogos. Tanto o enredo quanto o desfecho são surpreendentes e desconcertantes.

22. Filhos da Esperança (Children of Men)
Alfonso Cuáron
EUA/Reino Unido/Japão, 2006

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Filhos da Esperança
Distopias são naturais candidatas à reflexão sobre a mente humana por colocarem em contraste a sociedade idealizada, utópica, baseada em ideais de justiça e harmonia, e aquela que resulta de excessos humanos, como o controle, o autoritarismo e a violência. O modo como nos relacionamos diz muito sobre nosso psiquismo. Como seriam as relações em um mundo dominado pela infertilidade e pela produção de refugiados? Certamente turbulentas, como mostra este filme.

23. Alias Grace
Mary Harron
Canadá, 2017

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Alias Grace
A escritora canadense Margaret Atwood merece presença dupla na nossa lista por sua maestria em falar das nuances humanas, especialmente femininas. A jovem Grace Marks foi condenada por um crime, submetida a tratamentos violentos em um instituto psiquiátrico, e desacreditada de sua condição como alguém que pode ser mais do que uma vilã ou uma vítima. É esta ambivalência em Grace que permeia toda a trama e que deixa a narrativa ainda mais intrigante.

24. O Jantar (The Dinner)
Oren Moverman
EUA, 2017

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O Jantar
Este é um daqueles filmes em que refletimos sobre as contradições humanas a partir dos méritos do roteiro. Os diálogos, aqui, são cáusticos e revelam um teatro de máscaras. O que de tão terrível elas escondem? Em uma linha narrativa, dois casais saem para jantar em um luxuoso restaurante. O encontro não é exatamente agradável e beira ao mal-estar. Mas é na outra narrativa, que acompanha os filhos destes casais, que o mal-estar reina.

25. O Castelo de Vidro (The Glass Castle)
Destin Daniel Cretton
EUA, 2017

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O Castelo de Vidro
Baseado em uma história real, este comovente filme mostra os efeitos da criação parental sobre uma escritora e seus irmãos. O nomadismo e instabilidade financeira dos pais, interpretados por Naomi Watts e Woody Harrelson, são contrastados com o carinho oferecido aos filhos. Por meio de memórias, a personagem de Brie Larson reconstrói feridas atualizadas no presente. Enquanto isso, nos solidarizamos com seu desamparo ao mesmo tempo em que nos enternecemos com as atitudes dos pais.

26. Mistérios da Carne (Mysterious Skin)
Gregg Araki
EUA, 2005

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Mistérios da Carne
Dois garotos tentam lidar, de maneiras particulares, com as terríveis consequências da pedofilia. A solidão, o desamparo e a revolta marcam as trajetórias deles e caracterizam muitos dos laços formados. É uma dura reflexão e as interpretações de Joseph Gordon-Lewitt e Brady Corbet asseguram o tom avassalador do acontecimento na infância.

27. Broken
Rufus Norris
Reino Unido, 2013

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Broken
A pequena Skunk (que graciosamente lembra a Scout, de O Sol é para Todos) testemunha um violento ataque em sua vizinhança. Além de mudar tudo ao seu redor, o crime expõe aspectos cruéis da vida adulta que contrastam com seu olhar encantado pelo mundo. É uma potente narrativa sobre a perda da inocência e os rastros deixados pela intolerância.

28. Mary and Max
Adam Elliot
Austrália, 2009

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Mary e Max
Nesta comovente animação, a australiana Mary, de apenas oito anos, começa a trocar cartas com o americano Max, em seus quarenta-e-poucos. A solidão é um forte agregador nesta improvável amizade, tanto que as correspondências atravessam 20 anos e acompanham a evolução de cada um deles. Lencinhos são bem-vindos.

29. Atypical 
Robia Rashid
EUA, 2017

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Atypical
Esta delicada série aborda os conflitos e a busca por independência do garoto Sam Gardner, diagnosticado com o transtorno do espectro do autismo. Além da presença de um protagonista incrível, a ausência de condescendência e o espaço generoso dado às histórias individuais de cada membro da família são os grandes diferenciais da série, dando verossimilhança aos problemas enfrentados. É praticamente impossível não torcer por Sam em seus movimentos rumo à vida adulta, além de rir e chorar com as questões vividas pelos pais, pela irmã e por sua terapeuta.

30. The End of the F***ing World 
Charlie Covell
Reino Unido, 2017

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The end of the fucking world
Na premissa temos um adolescente decidido a se tornar psicopata que se envolve com a garota "escolhida" para ser a primeira vítima. Uma sucessão de erros coloca os planos em suspensão, e em paralelo passamos a conhecer com mais profundidade esta estranha aliança que vai se formando entre James e Alyssa. Os dois começam uma busca pelo pai dela e aí já não falamos mais para não estragar as coisas. Mas é importante saber o rol variado de emoções convocadas: da surpresa com o absurdo vamos ao riso e até mesmo ao choro.

31. Yonlu 
Hique Montanari
Brasil, 2018

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Yonlu
Yonlu é o nome adotado por Vinicius Gageiro, um adolescente de Porto Alegre com muitos talentos artísticos. Em 2006, aos 16 anos, o garoto, que tinha seu sofrimento acompanhado e passava por um tratamento de saúde mental, seguiu as dicas de um fórum virtual de incentivo ao suicídio e se matou. O ato foi transmitido pela internet. Para falar desta triste história real por meio de uma ficção, o diretor Hique Montanari desvia do sensacionalismo que cerca o suicídio e aposta em uma linguagem que tenta transmitir os tormentos vividos pelo adolescente e a música como sua tentativa de dar sentido à dor. O que importa ali é a reflexão sobre o garoto, com seus gostos, sua história, suas particularidades, e não sobre um suicida, como se o suicídio o definisse. Particularizar a situação é um movimento bastante importante para discutir o tema, especialmente pela urgência de sua prevenção.

32. The Fall 
Allan Cubitt
Reino Unido, 2013

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The Fall
Saudosos da Agente Scully, de Arquivo X, vão ficar grudados na tela com esta série protagonizada por ela. Aqui Gillian Anderson interpreta uma detetive que investiga uma série de assassinatos de mulheres. Desde o começo sabemos quem é o assassino, e os capítulos apresentam camadas que embaralham a suposta obviedade no encontro entre polícia e bandido. Quando os caminhos de ambos se cruzam, o resultado é perturbador. É uma série fundamental para pensar a misoginia e os dispositivos necessários de proteção da mulher na sociedade.

33. Precisamos Falar Sobre o Kevin (We Need to Talk About Kevin)
Lynne Ramsay
EUA, 2011

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Precisamos falar sobre o Kevin
Como vive a "mãe de um monstro"? Esta é a complicada questão que este filme, baseado no livro homônimo de Lionel Shriver, se propõe a fazer. O talentoso Ezra Miller interpreta Kevin, um adolescente com comportamentos cruéis e cujas ações deixam sua mãe, Eva (Tilda Swinton, em atuação memorável), completamente perplexa. Ela se pergunta se tem culpa nos crimes cometidos pelo filho. O filme é uma dolorosa ficção que encontra ressonância em casos reais, como os assassinatos em massa cometidos por adolescentes - a tragédia na escola Columbine, em 1999, é um deles.

34. A Caça (The Hunt)
Thomas Vinterberg
Dinamarca, 2012

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A caça
O diretor dinamarquês Thomas Vinterberg é conhecido por colocar o dedo em feridas bastante incômodas – vide Festa de Família (1998), que expõe a toxicidade nas relações familiares, e Querida Wendy (2004), que questiona as sociedades armamentistas. O que norteia A Caça é uma acusação de pedofilia. Não há delicadeza no tratamento do assunto, mas também não há exploração sensacionalista. Mas para o diretor, o que interessa discutir são as ciladas moralistas nas quais nos colocamos diariamente, bem como as armadilhas cruéis do justiçamento e da destruição de reputações – tão em voga nas redes sociais. Mads Mikkelsen foi merecidamente premiado no Festival de Cannes por sua atuação. Prepare o lencinho, pois será necessário. O filme é fundamental para uma época de reações inflamadas da era digital.

35. O Segredo dos Seus Olhos (El Secreto de sus Ojos)
Juan José Campanella
Argentina, 2009

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O Segredo dos Seus Olhos
Neste belíssimo drama policial estrelado por Ricardo Darín, acompanhamos os diferentes rumos tomados em nome do amor. A investigação de um crime brutal aos poucos vai se revelando como uma investigação das relações humanas e da complexidade dos sujeitos. Não há qualquer tipo de previsibilidade na trama. O filme venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2010.

36. As Vantagens de Ser Invisível (The Perks of Being a Wallflower)
Stephen Chbosky
EUA, 2012

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As vantagens de ser invisível
Logan Lerman e Emma Watson estão inesquecíveis neste delicado filme sobre a difícil vivência da adolescência quando situações de sofrimento até então "abafadas" resolvem romper o silêncio. As temáticas são pesadas, mas a sensibilidade na abordagem oferece contexto aos acontecimentos e desperta empatia pelos personagens. Um vitorioso filme na exposição de conflitos de adolescentes, frequentemente subestimados em nome da imaturidade e da impulsividade. Para quem gostou da série 13 Reasons Why, da qual falamos aqui, o filme pode ser um acerto.

37. Mais Forte que Bombas (Louder than Bombs)
Joachim Trier
Noruega/França/Dinamarca, 2015

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Mais Fortes que Bombas
Quão fraturado pode ser o interior de uma família? Isabelle Ruppert e Gabriel Byrne levam suas atuações a um impressionante e silencioso duelo, expondo feridas aparentemente cicatrizadas do casamento e da criação dos filhos. O ponto de partida do filme é a morte, mas cada conflito gerado no luto é, na verdade, uma construção necessária de vida. Jesse Eisenberg dá a profundidade necessária ao filho mais velho, mas a revelação é o garoto Devin Druid, o Tyler de 13 Reasons Why.

38. Os Suspeitos (Prisoners)
Dennis Villeneuve
EUA, 2013

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Os Suspeitos
Eis um suspense altamente angustiante tanto pelo conteúdo quanto pela forma. O diretor canadense Dennis Villeneuve, do indicado ao Oscar A Chegada, tem conquistado mais e mais fãs com seu olhar atento às contradições humanas. O rapto de duas crianças dá início a um duelo bastante incômodo entre a Justiça e o justiçamento, a confiança e a sensação de desamparo. Hugh Jackman interpreta o pai obstinado a encontrar a filha, enquanto Jake Gyllenhaal é o detetive que tenta dar contornos de credibilidade à desacreditada instituição que é a polícia. De dar nó no estômago.