sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Embalagem deve mudar a cada dois anos – Há muito tempo as embalagens deixaram de ser…


Embalagem deve mudar a cada dois anos
Por Guilherme Neto
novas embalagens
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Há muito tempo as embalagens deixaram de ser simples invólucros para proteção de produtos para fazerem parte da estratégia de Marketing para uma marca. Hoje, elas não apenas são mais uma força de vendas de uma empresa, mas também um meio de agregar valor à marca e aproximar o consumidor através de promoções.
Nesse meio, a indústria brasileira vem se destacando. No ano passado, dos 13 trabalhos inscritos pelo país no Worldstar Packaging Awards 2007, realizado em outubro e organizado pela Organização Mundial da Embalagem (WPO), apenas um não levou o prêmio.
À frente desta indústria está a Associação Brasileira de Embalagem (ABRE), uma associação privada, sem fins lucrativos, que já completou 40 anos de idade. Tem objetivo de promover e representar a indústria de embalagem no Brasil, a entidade promove diversas pesquisas e programas relevantes para o setor. Hoje, a indústria brasileira de embalagens movimenta mais de R$ 30 bilhões ao ano e no ano passado exportou R$ 479 milhões.
Em entrevista ao Mundo do Marketing, Luciana Pellegrino, Diretora Executiva da ABRE, fala sobre o desenvolvimento desse mercado no Brasil, o comportamento do consumidor no que se refere à embalagem e o uso dela dentro do plano de Marketing das empresas, sejam ela pequenas, médias ou gigantes.
Qual é a importância da embalagem para o mercado de consumo?A embalagem, além de essencial para a sociedade como forma de evitar o desperdício de mercadorias, também reflete os hábitos de consumo e a cultura da sociedade, já que ela precisa evoluir para atender as novas demandas. Quando você visita um país, pode se conhecer muito sobre ele ao entrar num supermercado e olhar as embalagens dos produtos que estão à disposição. Quanto mais desenvolvido o país, tanto socialmente quanto economicamente, de melhor qualidade são as embalagens.
Quais são as principais características que as embalagens foram adquirindo do início do século XX até hoje?Quando surgiram os supermercados, consolidando o auto-serviço, a embalagem teve que assumir o papel de vendedor do produto. Já quando surgiram os equipamentos de eletrodomésticos, como forno, fogão ou freezer, a embalagem de produtos de alimentos começaram a trazer uma conveniência para que se facilite o seu preparo em um desses equipamentos.
A última tendência do mercado, por exemplo, são produtos congelados que podem ser preparados em questão de minutos em microondas. Isso acontece porque a embalagem tem uma estrutura que reage às ondas do microondas e acelera o aquecimento do produto.
Outras características que surgiram com o tempo são métodos de segurança contra crianças na abertura de tampa de remédio ou para facilitar o método de uso, ou ainda alternativas de embalagem para consumo em movimento – um mercado que cresceu muito nos últimos anos, principalmente após o surgimento de lojas de conveniência em postos de gasolina.
Qual a importância da gestão da embalagem no plano de Marketing?A embalagem tem um papel estratégico para vender o produto. Dos 30 a 50 mil produtos expostos à venda, geralmente 90% dos itens são têm apoio de mídia. Todos esses produtos em que a empresa não tem o poder de comunicação nem sobre si mesma ou sobre o produto. Com isso, a embalagem ganhou esse papel e essa força de comunicação.
Naqueles três segundos que o consumidor passa pela embalagem e mira o produto, ela tem que chamar a atenção para todo o diferencial oferecido. Mais do que isso, hoje a embalagem está realizando o papel de transparecer perante o consumidor os valores da empresas.
Para o consumidor, produto e embalagem são uma coisa só?Sim, mas a embalagem está atrelada à qualidade e o desempenho do produto em si. O consumidor avalia a embalagem e o produto como um único item. Essa interação, tanto em relação à proteção e manutenção das propriedades do produto, bem como a promoção de uma utilização adequada, como um sistema de abertura fácil e conveniente, favorece para fidelização do consumidor para aquele produto.
A embalagem pode ser o diferencial mais importante, principalmente em setores como commodities?
Em produtos commodities, a embalagem pode fazer uma grande diferença, tanto na apresentação do produto como na forma de manuseá-lo. Há ainda a possibilidade de agregar algum valor diferencial, como quando os cereais, até então de uso no café de manhã, ganharam versões em barras para consumo em trânsito.
Há ainda o caso da Nestlé, que estendeu sua linha de leite condensado Leite Moça em diversos produtos de embalagens diferentes. É verdade. É o mesmo produto, mas aplicado para diferentes ocasiões de consumo e aplicação, como decoração de bolo ou para consumo imediato. São embalagens diferenciadas que agregam essas aplicações de consumo diferenciadas para um produto que tem muitos concorrentes.
A importância da embalagem como força de vendas importante também pode ser vista no setor de cosméticos.
Ela é bastante estratégica sim. O que acontece na área de cosmético especificamente é que ele é um produto voltado às sensações do consumidor. Toda essa emoção voltada à proposta do produto é transmitida através da embalagem. Ela tem que ter uma estrutura e uma apresentação condizente com o resultado que ela está vendendo ao consumidor.
O Prêmio ABRE Design consagra desde 2000 os melhores projetos de embalagem no Brasil. Uma das categorias é o Voto Popular, onde o consumidor que comparece ao estande da entidade nas feiras Fispal Tecnologia e Fispal Alimentos votam nas embalagens. Que tipo de embalagens costuma vencer nessa categoria?No voto popular, vencem embalagens que trabalham o lado emocional. Na pesquisa sobre como o consumidor vê a embalagem, descobrimos que na hora de adquirir um produto, ele leva em conta o aspecto emocional além do racional, principalmente o público feminino. Elas questionam qual a sensação transmitida por aquele produto e os valores subjetivos que proporciona. Fazem sucesso embalagens que resgatam aquela memória mais antiga, que faz a pessoa lembrar-se da infância ou algum outro momento especial. Outras questões que sobressaem são a que trabalham o lúdico, proporcionando sentimentos positivos no consumidor.
A presença de profissionais exclusivos para a gestão de embalagens é algo que está crescendo nas empresas e agências?Hoje o que vemos crescendo no Brasil é a formalização de agências de Marketing especializadas no design de embalagem ou com pessoas dedicadas a esse trabalho. Isso porque o design exige mais que uma arte bonita e harmoniosa. Requer saber os efeitos dessa arte em diferentes formatos de embalagem. A empresa tem que entender também qual que seria a embalagem ideal para aquele produto.

Uma boa gestão de embalagens também pode ser efetuada por pequenas e médias empresas?Hoje a embalagem está acessível para empresas de diferentes portes. A ABRE tem convênio há quase quatro anos com a SEBRAE através do programa “Design de Embalagem para MPE – Empresas de Micro e Pequeno Porte”. O trabalho visa subsidiar o desenvolvimento de novos projetos de embalagem para pequenas e médias empresas, de qualquer tipo de produto. Pode ser tanto uma alteração na estrutura da embalagem ou na arte e forma de comunicação. Hoje já temos mais de 300 embalagens desenvolvidas através dessa parceria.
Quais cases interessantes já foram desenvolvidos nesse programa?Tem um case muito interessante, do chocolate Nugali, marca catarinense que desenvolveu simplesmente um novo layout da embalagem através desse convênio. Só com isso eles conseguiram aumentar suas vendas em torno de 500%. O produto ganhou tamanho destaque, um valor adicional tão grande, que a empresa pôde aumentar a margem de lucro em cima do produto, já que o chocolate passou a ser visto como produto Premium, posicionado com um maior valor agregado. Tem ainda produtos bem regionais como geléia e mel que trabalharam a nova embalagem e criaram uma identidade para que esse produto possa entrar em redes de varejos diferenciadas.
De quanto em quanto tempo é bom mudar a embalagem?
Esse número varia de acordo com a necessidade do segmento do produto. Certamente, o setor que mais exige uma renovação da embalagem é o setor de alimentos, com uma média de atualização de dois anos. Isso porque é um segmento em surgem muitos novos produtos, através de extensão de linhas ou novas marcas. O consumidor é muito suscetível a inovação. Ele se leva pela curiosidade de conhecer produtos novos. Por isso, as empresas investem em novas embalagens para agregar atualização em seus produtos e voltar a chamar a atenção do consumidor.
Outra questão importante é que tem alguns produtos focados para públicos específicos. As novas embalagens passam a atender as novas gerações que surgem também, adotando os novos hábitos e a cultura desses novos consumidores. Até mesmo em embalagens atreladas a tradição há mudanças sutis, de forma a não perder a característica tradicional buscado pelos consumidores, mas também adotando pequenas atualizações de forma a refletir mudanças do mercado – como na mudança de grafia, por exemplo.
Hoje, as embalagens vêm sendo muito utilizadas como mídia, por exemplo, em embalagens de pizza utilizadas em serviços delivery. Que outros exemplos você vê no setor?Isso realmente vem crescendo e está baseado naquela questão de que 90% dos produtos não têm apoio de mídia. As empresas estão utilizando as embalagens como meio de divulgação e promoção de outros produtos da mesma marca. O que se vê, por exemplo, são embalagens que divulgam outros itens daquela linha de produtos, como outros sabores de cereais.
Vemos também até mesmo a apresentação de produtos não ligados àquela categoria. Por exemplo, embalagem de produtos de limpeza que promovem a esponja daquela mesma marca. Já vimos também uma marca de biscoitos salgados trazer uma fita anexada à embalagem que promovia uma linha de macarrão instantâneo daquela mesma empresa.
O que a gestão de embalagem deve trabalhar quando levado em conta a relação B2B?A logística é um dos critérios de competitividade de uma empresa. Em um país como o Brasil, com mais de 8,5 milhões de metros quadrados, o transporte de um produto de uma região para a outra pode levar até um mês. Cada vez mais há estudos específicos para fazer com que as embalagens passem por testes que resistam ao transporte e variações climáticas.
Na Europa, uma tendência que vemos e que pode chegar aqui daqui a alguns anos são as embalagens de transporte prontas para gôndola. Ou seja, a embalagem utilizada para transportar um produto podendo ser aberta para ser utilizada nas gôndolas, facilitando a organização dos supermercados.
Como as embalagens podem fazer parte do trabalho de desenvolvimento sustentável de uma empresa?No Brasil, a destinação de embalagens pós-consumo está focada na reciclagem, que é uma atividade que promove ainda desenvolvimento social com geração de empregos, além do benefício ecológico. As empresas vêm trabalhando muito para conscientizar e participar de programas de coleta seletiva.
Lançamos no dia 6 de Junho a cartilha “Rotulagem Ambiental Aplicada às Embalagem”. O objetivo é orientar a indústria de embalagem como as de bem de consumo sobre como devem se dispor nas embalagens a identificação de qual material é feita o invólucro e como aplicar os símbolos da reciclagem na embalagem segundo padrões internacionais. A cartilha também está disponível no site da ABRE.
Quais outros assuntos estão em pauta no setor?Há a questão da segurança do consumidor, de forma a evitar a violação de produtos. Outro assunto é a questão da informação, com pesquisas estabelecendo sistemas de impressão, de qualidade ou novas formas de rotulação. Hoje também se vê crescendo duas linhas antagônicas: de um lado, as empresas trabalham de forma a aumentar a capacidade produtiva do setor, mas de outro, se aprimoram também no quesito flexibilidade. Ou seja, atender a pequenas demandas.
Há ainda a preocupação com a acessibilidade do produto, como embalagens que passam a fornecer informações em braile ou com sistema de abertura fácil, de forma a pessoas idosas ou com deficiências físicas não tenham dificuldade para abrir o produto. Essa questão é um dos tópicos mais discutidos e desenvolvidos atualmente no setor. Hoje, já começamos a ver empresas no Brasil adotando rótulos auto-adesivos, que acompanham a embalagem, com informações em braile.

Mundo do Marketing: Publicado em 17/6/2008
 

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Como usar o Google Alerts na sua estratégia de Marketing Digital


O Google Alerts é uma opção gratuita e fácil de usar para quem quer receber notificações quando determinado assunto é mencionado e indexado no buscador

A quantidade de informações que se pode encontrar no Google é realmente imensa: apesar de a empresa não divulgar números oficiais, de acordo com o site Statistic Brain o número de páginas indexadas pelo buscador era de 30 bilhões em 2014.
Por isso, ainda que você possa aprender algumas técnicas avançadas para refinar sua pesquisa, pode ser trabalhoso vasculhar todos os resultados até encontrar o que deseja.
Felizmente, o próprio Google já pensou nisso: desde 2003 está disponível o Google Alerts, ferramenta gratuita que envia emails para os usuários quando encontra novos resultados sobre termos para os quais a pessoa se inscreveu.
Saiba o que é o Google Alerts e aprenda a utilizá-lo em sua estratégia de Marketing Digital.

O que é Google Alerts

O Google Alerts é um serviço que detecta novos conteúdos indexados pelo Google — como páginas da web, notícias, artigos, posts de blog etc. — notificando usuários cadastrados por email.
Lançada em 2003 a partir de uma ideia do engenheiro do Google, Naga Kataru, a ferramenta já foi mais popular. No início, era muito usada para clipagem de notícias sobre clientes de assessorias de imprensa, por exemplo.
Mas, embora já existam ferramentas mais avançadas atualmente, como Moz e SEMrush, o Google Alerts continua sendo uma opção gratuita e fácil de usar para quem quer saber as novidades sobre determinado assunto.

Como criar um alerta do Google

1. Para criar um alerta, faça login em sua conta do Google e vá até a página: https://www.google.com/alerts. Você verá a seguinte tela.
google alerts
Detalhando as opções disponíveis nessa página inicial, a primeira seção é a de “Meus alertas”, na qual você pode editar os alertas criados, se já tiver algum, definindo o horário em que deseja recebê-los na por email.
Também é possível marcar a opção “Digest”, que entrega as novidades relativas ao alerta em uma mensagem de email única, com frequência que pode ser definida entre “no máximo uma vez por dia” e “no máximo uma vez por semana”.
google alerts
A segunda divisão, “Eu na web”, sugere que você crie um alerta com seu próprio nome ou email já cadastrados. Isso pode ser feito clicando no “+”.
google alerts
Por fim, as “Sugestões de alertas” dão ideias de empresas, artistas, filmes e outros temas que são tendência na atualidade e sobre os quais você pode criar um alerta também com um clique.
google alerts
2. Para criar um novo alerta, digite o termo desejado na busca. Aqui usaremos como exemplo “resultados digitais”. Convém escrevê-lo entre aspas para obter resultados precisos.
google alerts
3. Ao fazer isso, você pode clicar em “Mostrar opções” e configurar seus alertas, definindo:
  • Frequência com que deseja recebê-los: quando disponível, no máximo uma vez por dia ou no máximo uma vez por semana;
  • Fontes: alertas provenientes de notícias, blogs, web, vídeos, dentre outros;
  • Idioma;
  • Região: país em que o conteúdo foi publicado;
  • Quantos: “somente os melhores resultados” ou “ver todos”;
  • Enviar para: endereço de email que receberá os avisos.
A ferramenta também mostra uma pré-visualização dos últimos resultados para o seu termo que foram indexados pelo Google.
4. Feito isso, é só clicar em “Criar alerta”.

Como usar o Google Alerts na sua estratégia de Marketing Digital

Entender do que se trata o Google Alerts e aprender a configurá-lo foi bem fácil, certo? Mas como o recurso pode ser útil em uma estratégia de Marketing Digital?
Trazemos 4 ideias:

1. Acompanhar o que as pessoas estão falando sobre sua empresa — e sobre a concorrência

Adicione o nome da sua empresa ou a URL do seu site no Google Alerts para acompanhar o que as pessoas estão falando e responder a eventuais críticas ou elogios.
Da mesma forma, você pode acompanhar as novidades sobre seus concorrentes.

2. Para obter ideias de posts e materiais ricos

Com o Google Alerts, você consegue descobrir o que as pessoas estão falando sobre diversos assuntos, inclusive em outros idiomas e países.
Assim, você pode detectar tendências e ter ideias de pauta para produzir posts para o seu blog ou até para conteúdos mais extensos, como eBooks.

3. Conteúdos para mídias sociais

Se você ainda não produz muito conteúdo e atualiza suas redes sociais com textos, por exemplo, que outros veículos publicam sobre assuntos relacionados ao seu negócio, o Google Alerts pode ajudá-lo a encontrar novidades que valha a pena compartilhar com seus seguidores, facilitando sua curadoria.

4. Gere links com menções à sua marca e a termos estratégicos para sua empresa

Links externos ainda são um dos principais fatores de rankeamento do Google e gerar links por menções à sua marca é a forma mais simples e fácil de criá-los.
Uma maneira de utilizar o Google Alerts para obtê-los é cadastrando o nome da sua empresa e também variações dele, como sem espaço ou com alguma marca específica, por exemplo.
Ao receber um alerta, verifique se a menção possui link para seu site. Se não possuir, entre em contato com o responsável pela publicação, solicitando o link.
Aqui na Resultados Digitais, por exemplo, monitoramos o termo “Marketing Digital” e, quando identificamos uma publicação que citou essa palavra-chave e não incluiu nosso link, avaliamos se o site inclui links externos. Caso se aplique, tentamos obter o link na menção.

Como você pode ver, o Google Alerts é um recurso simples de configurar e de usar. É uma ferramenta gratuita, que pode ser usada para obter ideias de conteúdos, acompanhar as notícias que saem sobre sua empresa e sobre a concorrência, dentre outras utilidades.
E você, utiliza os alertas do Google? Conte para a gente como faz nos comentários. :)
Quer aprender estratégias para melhorar seu posicionamento nos mecanismos de busca e atrair mais tráfego para o seu site? Baixe nosso eBook gratuito 27 dicas de SEO acionáveis para impulsionar seu site no Google!

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

MISSÃO, VISÃO E VALORES: o que são e como fazer valer?

Missão, Visão e Valores: o que são e como fazer valer?

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Missão, Visão e Valores
Missão, Visão e Valores são componentes da identidade organizacional de uma empresa. Representam a essência, os sonhos e os princípios sobre os quais ela é regida e geralmente são definidos no processo de planejamento estratégico.
O que são Missão, Visão e Valores?
Na teoria da administração estratégica, a qual eles fazem parte, tudo parece muito bonito e muito importante, já na prática nem tanto. O uso da missão e dos valores geralmente não passa de papéis bonitos impressos com palavras politicamente corretas emoldurados nas paredes das empresas. Com zero aplicabilidade no dia a dia da gestão. A visão é muitas vezes confundida com metas.
Planejamento Estratégico
Alguns gestores já me disseram que esta etapa do planejamento estratégico de uma empresa “é coisa de empresa grande” ou que “é teoria demais, não é prioridade”. Eu posso te garantir que se você pensa assim, é porque está fazendo algo errado em termos de estratégia. Além disso, é justamente por terem se preocupado com cultura organizacional quando pequenas que empresas ficam grandes.
A única certeza sobre uma empresa pequena que se preocupa apenas em fechar o caixa todos os dias é que ela nunca vai ser uma empresa grande ou memorável. Se identificou? É só manter a calma. Ainda dá tempo para mudar. Leia esse post até o fim e decida por você mesmo se vale a pena separar um tempo para pensar seriamente em missão, visão e valores.
Primeiro, vamos a algumas definições.

A Missão de uma empresa

Apesar do nome, a missão nada tem a ver com uma meta da empresa. Ela tem mais a ver com essência, propósito, razão de existir. Ela está mais ligada a uma busca incessante que nunca deixará de fazer sentido do que propriamente com uma missão que pode ser conquistada e o herói pode voltar para a casa e se “aposentar”.
A missão ideal deve ser um texto simples e pequeno, fácil de decorar, de apenas uma frase que exponha de maneira inspiracional a razão para a empresa existir. Responda as seguintes questões:
  • Por que a empresa existe?
  • Quem ela quer ajudar?
  • Como ela pretende fazer isso?
Alguns exemplos:
LUZ: Queremos desenvolver a gestão das empresas através das melhores ferramentas.
IKEA: Criar um dia-a-dia melhor para as pessoas.
American Express: Trabalhamos pesado todos os dias para fazer da American Express a marca de serviços mais respeitada do mundo.
Facebook: Dar as pessoas o poder de compartilhar e fazer do mundo um lugar mais aberto e conectado.
Microsoft: Permitir que pessoas e empresas em todo o mundo realizem todo o seu potencial

A Visão de uma empresa

A visão é o sonho. É algo grandioso demais para ser considerada uma meta. Imagine aquele ponto onde, se você chegar um dia com a sua empresa, tudo terá valido a pena. Esta é a sua visão. Ao contrário da missão, a visão pode ser renovada ao longo dos anos. Mas é recomendável que se pense bem no longo prazo ao pensar na visão.
Você quer ser o maior do Brasil? Do mundo? O mais conhecido? O que possui mais prêmios? Qual é o sonho que você tem e pode ser compartilhado com as demais pessoas da empresa?
Alguns exemplos:
LUZ: Ser o maior marketplace de produtos digitais do Brasil
Vale: Ser a empresa de recursos naturais global número um em criação de valor de longo prazo, com excelência, paixão pelas pessoas e pelo planeta.
Arcor: Ser a empresa nº 1 de guloseimas e biscoitos da América Latina e consolidar a participação no mercado internacional.
A sua visão não precisa ser tão ambiciosa quanto ser “a marca global número 1 no segmento”. Mas por que não sonhar em ser a mais conhecida do bairro? Ou a mais popular entre a terceira idade? Tudo vai depender da missão.

Os Valores de uma empresa

Os valores são os princípios buscados nos colaboradores e propagados pela empresa para desenvolver sua missão. Valores nada significam se não forem ilustrados com ações. A maioria das empresas costuma divulgar meras qualidades que não significam nada como valores.
Por exemplo, uma empresa que busca funcionários proativos, que é um termo que está mais na moda. Ela realmente sabe o que é ser proativo? Se este colaborador tiver uma iniciativa para se precaver de um problema sem se preocupar com hierarquia, essa ação será premiada? Se não, esta empresa não busca proatividade.
Estrutura organizacional

Como definir a identidade organizacional

Eu acredito que, para uma empresa, é melhor ser incrível para um pequeno grupo de pessoas e desenvolver esse grupo, do que ser apenas boa para todas as pessoas. Uma empresa que é boa para todos está sujeita a concorrência, caso apareça um produto bom a um custo razoável. Empresas incríveis para pequenos grupos conseguem clientes fiéis que dificilmente a trocarão.
Algumas empresas nascem em torno de uma missão. Essas já possuem um grupo de pessoas bem definido e tendem a desenvolver a cultura automaticamente. Não há um grande desafio. Apenas traduzir em palavras aquilo em que você já acredita e propaga.
Mas a grande maioria nasce em torno de um produto ou de uma atividade comercial. Essas empresas conseguem se virar bem no início, mas enfrentam problemas mais a frente, justamente por não oferecer nenhum diferencial para ninguém (clientes e colaboradores). A melhor forma de vencer essa barreira é iniciando um trabalho sério de construção de cultura.
Tem um vídeo do Simon Sinek, referência mundial em liderança, que mostra como grandes líderes inspiram ação através do propósito: Simon Sinek – TED Talks.
Golden Circle

E qual é a Missão da minha empresa?

Por mais que você tenha começado o seu negócio para fazer renda extra ou para conseguir maior independência, existe alguma história que o seu produto conta que você tem tesão em replicar e propagar.
Você pode ter um restaurante e ficar feliz de ver famílias reunidas comemorando. Ou pode gostar de ver jovens se conhecendo ou curtindo. Os dois restaurantes serão diferentes um do outro. Você pode ter um salão de beleza e gostar de ajudar mulheres mais velhas a se sentirem mais vivas. Ou você pode gostar de preparar pessoas especificamente para eventos. Também serão dois negócios diferentes.
A única certeza que eu tenho é que não dá para ser incrível para todos. Escolha um desses públicos. Não significa que você vai recusar os outros, mas todas as suas decisões serão pensadas priorizando o escolhido.
Um exercício interessante de fazer é conversar com os seus clientes. Tente ouvir a história que o seu produto conta. Por que ele foi comprado? Qual era o objetivo por trás do consumo? A sua missão deve se desenhar através disso.
A partir daí, crie uma frase curta e fácil de entender que transmita essa história e comece a leva-la a sério como se fosse um mantra. O segundo passo é contratar apenas pessoas que tenham o mesmo tesão que você em propagar essa história.
Se você tem um salão de beleza, pessoas apaixonadas por moda e estética. Para um restaurante de comida vegana, apenas veganos. Existe uma história do aplicativo de hospedagens AirBnb que, quando eles perceberam que o negócio deles não era a hospedagem em si, mas criar uma grande comunidade de anfitriões, eles passaram a contratar apenas pessoas que gostavam de receber outras pessoas em casa. E esse era o ponto principal do processo seletivo.
Salão de Beleza
Na LUZ, por exemplo, nós queremos desenvolver a gestão das empresas. O que significa que todas as ferramentas que nós lançamos e todas as nossas decisões estão ligadas a isso. Nós só contratamos pessoas que sejam apaixonadas por empreendedorismo e que tenham tido alguma experiência nesse sentido, mesmo que amadora.

Como definir a visão?

O exercício de desenvolver uma visão é bem complicado, pois o ideal é que se consiga encontrar algo que toda a empresa consiga sonhar junto. Muitas vezes o dono da empresa se queixa que a equipe não tem muito interesse no crescimento da empresa.
Se é o seu caso, faça uma reflexão interna. O que os seus colaboradores ganham hoje com o crescimento da empresa além de mais responsabilidade? Você tem remunerado esta responsabilidade a mais? Há uma política de “promover” os funcionários mais capacitados e/ou mais leais com participação nos lucros? Há promoções internas para cargos gerenciais ou você sempre contrata gente de fora? Você realmente está se preocupando com o crescimento profissional da sua equipe?
Se as suas respostas para esses pontos são negativas, dificilmente você terá uma visão funcional que motive a todos. Pense em formas de fazer com que a sua equipe enxergue crescimento de uma forma positiva. Aí sim pense na visão.
A visão é aquele sonho que mudaria a sua empresa de patamar. Não em termos de crescimento apenas, mas de realização. Já vi agências que tinham como visão ganhar prêmios conceituados no meio do marketing. Marcas de moda que tinham como sonho participar da São Paulo Fashion Week. Também já vi pequenos produtores que, tudo o que queriam, era conseguir entregar para o Brasil inteiro um dia.

Como definir valores para a minha empresa?

Como eu já até expus antes, acho que a era dos valores como lista de qualidades estáticas acabou. É muito comum você ver na parede de uma empresa:
Nossos valores:
Ética
Comprometimento
Proatividade
Pontualidade
Ok. Esses supostos valores não tornam nenhuma empresa especial. Se ela não pregar ética, não pode nem existir, por exemplo. Acredito em valores como ações. Por exemplo, como eu falei aqui a LUZ é uma empresa apaixonada por gestão e tenta propagar o empreendedorismo. A proatividade de fato é uma característica que faz parte da mentalidade empreendedora. Mas o que ela significa em vias praticas?
Proatividade
  • Para os colaboradores:
    • Quando um cliente apresentar um problema, deve-se tentar resolver, mesmo que não seja sua responsabilidade.
    • Buscar e implementar ferramentas que tornem o seu trabalho mais produtivo sem precisar consultar gestores.
    • Ter liberdade de tomar iniciativas que agradem um cliente sem precisar de autorização.
  • Para os gestores:
    • Não punir colaboradores que cometam erros tentando consertar um problema da empresa de forma proativa.
    • Valorizar e premiar ações de iniciativa própria.
    • Não impor metas, mas definir juntamente a equipe.
A sua proposição de valores deveria ser composta de qualidades e características desejáveis e uma lista de ações incentivadas e proibidas para cada uma delas. A partir das listas, você terá um norte melhor para montar o time que levará a empresa a visão.

Como escalonar Missão, Visão e Valores

Imagine duas empresas. As duas produzem e vendem alimentos orgânicos. A primeira tem em sua equipe pessoas que comem de tudo, não ligam para aditivos. Mas são bons em finanças, vendas, etc. Já a segunda também tem pessoas competentes, mas o ponto interessante nela é que toda a equipe ama produtos orgânicos. E eles já consumiam e propagavam estes produtos antes de entrar na empresa.
Feira Orgânica
Qual das duas empresas você acha que produzirá, venderá e atenderá os clientes com mais zelo? Na hora de contratar, se um possível candidato não tiver sinergia com a missão da empresa, a entrevista de emprego não precisa nem acontecer.
O segundo papel importante da gestão de pessoas na cultura da empresa é criar um ambiente que estimule os valores da empresa. A partir disso, criar uma estrutura de contratação que busque, teste e valide esses valores.
Se você conseguir montar um time coeso em torno de uma missão, posso garantir que metade do caminho estará andado.
Boa sorte!