Pensar no longo prazo, ter foco, autoconhecimento e saber trabalhar o seu personal branding são elementos importantes para atingir metas profissionais
Por Bruno Garcia, do Mundo do Marketing | 01/08/2013
bruno.garcia@mundodomarketing.com.br
A pressa em crescer na hierarquia da empresa e conquistar posições de grande destaque e visibilidade também podem induzir o profissional a “atropelar” etapas, prejudicando o seu aprendizado e aumentando os riscos quando tiver a chance de assumir responsabilidades maiores. Outro ponto é que com o digital e as redes sociais se integrando em praticamente todos os momentos do cotidiano, as fronteiras entre perfil profissional e pessoal tornam-se muito tênues, o que exige uma postura mais madura.
Muitos profissionais de Marketing ainda resistem à ideia de que aos olhos do empregador, são uma marca que precisa de posicionamento e comunicação bem definidas. A falha em gerenciar o que é postado nas redes sociais é um erro comum que pode custar uma oportunidade de trabalho ou promoção. “O empregador sabe que existem hoje outros canais para buscar referências de uma pessoa. E infelizmente entre os mais jovens não existe uma preocupação com isso, pois eles não percebem esta diferença entre pessoal e profissional, como havia em outras gerações. É preciso estar atento e as empresas também devem se adaptar para enfrentar esta realidade”, avalia Daniela Ribeiro, Gerente Senior das Divisões de Engenharia, Marketing e Vendas da Robert Half, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Crescimento lateral e experiência internacional: diferenciais
Os profissionais podem encontrar oportunidades tanto nos departamentos de Marketing, quanto nos setores comerciais. A passagem pela área de vendas inclusive pode representar um diferencial na carreira, pois faz com que o profissional de Marketing tenha a visão de ambos os lados, o que tende a reduzir o tradicional atrito entre estes setores.
Para quem pretende assumir posições de liderança, também é importante ter uma visão global do Marketing e vivência em diversos setores, como coordenação de produto, inteligência de mercado, comunicação, pesquisa e desenvolvimento, marca, gerenciamento de categoria e planejamento. “Quanto mais rica for esta vivência, mais completo ele será. Os jovens querem subir na hierarquia no curto prazo e não percebem esta movimentação lateral como um crescimento, mas ela será valiosa no futuro, representando um diferencial competitivo”, diz Daniela Ribeiro.
Outro ponto favorável é possuir experiência internacional. Quem tem oportunidade de realizar um programa de estágio ou intercâmbio em outro país pode agregar muito valor ao seu currículo e conquistar oportunidades diferenciadas. “O mercado brasileiro acaba se viciando em certas práticas que temos por aqui. Além disso, a fluência na língua estrangeira conta muitos pontos”, conta a Gerente Senior da Robert Half.
Busca por pós-graduação deve ser coerente
A corrida por cursos de especialização, pós e MBAs também não garante diferencia se não houver coerência na escolha dos cursos com os objetivos da carreira. Muitos jovens saem da faculdade já buscando cursos, quando o ideal é ter vivência em diversas áreas até ter maior segurança sobre onde e como buscar a especialização. “A qualificação é importante para qualquer profissional. A questão é que ao fazer um MBA apenas pelo título e não pelo seu projeto de carreira, o risco dessa formação se perder no futuro é grande. Muitas pessoas cursam uma pós apenas buscando uma promoção. O nível de conhecimento gerado num curso como este é de extremo valor, mas isso precisa estar sempre alinhado a um projeto de carreira”, complementa Fernanda Schroder.
Mais uma vez, planejar a carreira no longo prazo é a melhor opção. O profissional deve fazer um esforço de autoconhecimento, identificando seus pontos fortes e fracos, e definindo bem aonde quer chegar. Assim tem condições de construir algo sólido e galgar posições melhores no futuro. “Há certa dificuldade em se planejar a médio e longo prazo. Mas independente da cultura brasileira, vejo uma ansiedade muito grande pelo crescimento hierárquico. É impressionante a quantidade de profissionais que dizem nas entrevistas que pretendem chegar ao cargo de CEO em cinco anos. A pressa em crescer gera esta busca por cursos. Só que o crescimento profissional é muito mais uma questão de atitude do que de títulos”, diz Daniela Ribeiro, da Robert Half.
Aplicando conceitos de branding na carreira
Após uma carreira bem sucedida, tendo sido presidente da Walita, da Philip Morris, e VP da Philips para a América Latina, Amália criou a Sina Studio para dedicar-se a sua paixão, fotografia, mas também para auxiliar profissionais que precisam de orientação na construção das suas próprias marcas, realizando um trabalho de personal branding. “Além da carreira executiva, sou professora há 18 anos e em todo este tempo escuto a mesma pergunta: como fazer para chegar lá? A dificuldade se manifesta quando se procura um sócio para um negócio ou se está em uma entrevista de emprego, por exemplo. A maneira como o profissional se vende é o que impacta em primeiro lugar. Já dizia Oscar Wilde: só os tolos não julgam pela aparência. Com a web e as redes sociais, a imagem passa a ser ainda mais importante”, comenta a Diretora Executiva.
Em tempos onde todos permanecem conectados a maior parte do tempo, a construção da marca pessoal deve estar contemplada dentro do planejamento de carreira. Mas da mesma forma que para as organizações, imagem só não basta: o profissional deve trabalhar duro para desenvolver suas competências e capacidades. “O personal branding parte de construir forma e conteúdo. Muitas pessoas pensam que se trata apenas de forma. É a combinação destes dois elementos que fortalece uma marca. A imagem das pessoas tem muita influência sobre os negócios. Isso é muito forte e faz toda a diferença na construção de uma carreira”, diz Amália Sina, em entrevista ao portal.
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