Adm. Ana Cláudia Bilhão Gomes
Quem está inserido no mercado de 
trabalho vive um cotidiano de constante instabilidade, tempos atrás era o início 
da globalização e os reflexos da revolução tecnológica, hoje é a crise da 
economia mundial. Tudo isto apimentando os desafios inerentes a qualquer 
organização como a concorrência, o crescente nível de exigência dos clientes e a 
busca de equilíbrio financeiro.
Para sobreviver a tantas adversidades, as 
empresas passaram a buscar diferenciais e muitas estão focando na gestão de pessoas, 
concentrando atenção especial no desenvolvimento de suas 
lideranças, devido ao poder de influência do líder e sua capacidade de 
impulsionar resultados no ambiente organizacional.
Como se sabe, cabe aos 
líderes a missão de atingir os resultados pretendidos pela organização através 
das pessoas. Assim, não há como fazer uma gestão de pessoas eficaz, sem 
eficácia na liderança, já que os líderes são os modelos sociais para os demais 
colaboradores.
Infelizmente existem muitas organizações que não se deram 
conta que a competência de seus líderes - ou falta dela - é capaz de alavancar 
ou detonar todas as demais competências organizacionais. A 
liderança tanto pode ser a mola propulsora quanto a âncora que puxa para baixo e 
faz uma equipe estagnar.
Os líderes são como uma bússola para todos os 
demais colaboradores, sua conduta e comportamento sempre servirão 
de parâmetro, portanto, devem apresentar uma postura coerente com os propósitos 
da organização e, acima de tudo, liderança é uma questão de caráter e atitude. 
Um líder sem caráter não obterá credibilidade junto às pessoas e sua falta de 
atitude não influenciará positivamente o comportamento das mesmas, enfim 
não será aceito como uma verdadeira liderança.
O líder legítimo possui 
algumas qualidades que o distinguem e fazem dele um bom exemplo, são elas: a 
honestidade, a confiabilidade, o compromisso com as pessoas, a capacidade de 
ouvir, o tratamento respeitoso, ele é positivo e entusiasmado e, principalmente, 
gosta de gente.
As pessoas comparam o que um líder diz ao que ele faz, 
havendo um distanciamento entre seu discurso e sua prática as pessoas deixarão 
de acreditar nele e daí em diante ele terá um grande esforço para recuperar a 
confiança de sua equipe. Não se consegue ser um verdadeiro líder só com 
palavras, mas sim com atitudes de liderança.
Nas organizações nos 
deparamos com gerentes que não são verdadeiros líderes e não podemos culpá-los 
totalmente, pois, muitas vezes foram colocados num papel de liderança sem o desenvolvimento desta 
habilidade, ou seja, sem preparo para ocupar um cargo tão 
estratégico.
Existe uma diferença entre “ser” e “estar” líder. A 
liderança formal seria o “estar líder”, que é o caso do cargo imposto ao grupo e 
que exerce funções de direção e controle, como por exemplo, um chefe de 
departamento ou o gerente de uma fábrica. Este tipo de líder exerce um poder 
hierárquico sobre os seus subordinados e talvez não tenha as qualidades de um 
verdadeiro líder.
Já o “ser líder” é aquela liderança - formal ou 
informal - que é “aceita” pelo grupo, sendo o elemento central para onde 
convergem às comunicações, desempenhando um papel importante na orientação do 
grupo para a consecução de seus objetivos. Este tipo de líder exerce autoridade 
e influência sobre o grupo, seria a liderança desejada e necessária a todos os 
grupos.
A maioria das pessoas pensa na liderança como se fosse uma 
posição e, portanto, não se vêem como líderes, acreditam que a liderança é um 
dom e, portanto não há como nos “tornarmos” líderes se não nascemos dotados 
desta competência. Mas, como pode ser encontrado na literatura, liderança é uma 
“habilidade” e sendo assim pode ser desenvolvida.
A situação ideal seria 
aquela em que alguém tem o cargo e a atitude de liderança, pois se ele apenas 
tem o cargo não será visto como um líder e sim como um chefe. Não será alguém 
que as pessoas “desejam seguir” e sim alguém a quem elas “devem 
obedecer”.
Durante muito tempo as pessoas eram promovidas a um cargo 
gerencial por apresentarem um ótimo desempenho técnico, as competências comportamentais eram pouco 
valorizadas, o que importava era o conhecimento a respeito do trabalho e não o 
relacionamento interpessoal. As empresas promoviam os seus melhores técnicos e 
não desenvolviam a sua habilidade de liderar e com isto acabam perdendo ótimos 
profissionais e ganhando gerentes medíocres e equipes desmotivadas.
Hoje 
liderar é basicamente relacionamento. É óbvio que o líder precisa ter 
competência técnica, mas, ele tem que concentrar seus esforços no desenvolvimento de sua 
competência comportamental, pois seu dia a 
dia será repleto de administração de conflitos, negociação, busca de sinergia, 
enfim, necessidade de inter relação e comunicação constantes. Para isto, o líder 
terá que conquistar as pessoas e envolvê-las para que façam de coração o que 
precisa ser feito, da melhor maneira possível.
O líder que ama o que faz 
assume a responsabilidade pessoal pelo sucesso de sua equipe, ele sabe que 
impacta na vida das pessoas que o rodeiam e quer que todos sejam vitoriosos. 
Além disto, ele está sempre formando novos líderes, pois acredita que a 
liderança deve ser desenvolvida por todas as pessoas, já que em várias esferas 
de nossa vida podemos atuar como líderes.
Os líderes dos novos tempos 
deixam de ocupar o papel de “mecânicos” da organização mecanicista e passam a 
ser os “jardineiros” na empresa vista como um sistema vivo, abordando a gestão de pessoas como se 
estivessem cultivando um jardim, acreditando que as pessoas são sementes e têm o 
potencial para crescer.
A nova e boa liderança, se respalda na capacidade 
para entender, responder e antecipar mudanças, ouvir e respeitar as idéias das 
pessoas, estimular a criatividade e o conhecimento, a conciliação de pontos 
concorrentes, delegar, comunicar, exercendo o diálogo, aplicando princípios 
holísticos e democráticos.
Sendo assim, mais do que procurar desenvolver 
seus líderes formais, as organizações devem oportunizar a todos os seus 
colaboradores o desenvolvimento da habilidade 
de liderar, pois, todos poderão contribuir para melhores resultados a partir da 
percepção de que cada um pode ser líder de si próprio, estando a serviço do bem 
comum. Esse tipo de liderança transformadora, que permeará todo o ambiente 
organizacional certamente será o maior diferencial competitivo para qualquer 
organização.