segunda-feira, 11 de junho de 2012

Qualidade no relacionamento é mais importante que promoção na internet

Pesquisa realizada pela JeffreyGroup em parceria com a Ideafix avalia a opinião de 500 jovens internautas heavy users durante a quinta edição da Campus Party Brasil

Por Isa Sousa | 04/06/2012

isa@mundodomarketing.com.br

Interação e bom atendimento ao cliente são mais importantes para a decisão de compra na internet do que promoções na rede. Segundo a terceira edição da pesquisa “Empresas e consumidores nas mídias sociais”, enquanto as promoções incentivam cerca de 30% das compras de produtos e serviços, mais de 40% apontam como estímulo as ações de comunicação e relacionamento.

De acordo com o estudo, 94% dos consumidores ouvidos têm a internet como principal fonte de informação. Destes, 75% apontam as mídias sociais como os canais mais acessados na web, superando o uso de e-mail (68%), seguido por pesquisa (63%) e leitura de notícias (60%).

Mais de 73% dos jovens seguem alguma empresa no Twitter e um em cada três afirma já ter dado preferência à compra de produtos ou serviços de empresas com participação na internet. O Facebook é a rede social que lidera a preferência entre os canais de relacionamento (95%), seguido pelo Twitter (80%). Entre os gêneros, é o público feminino que explora ainda mais a sociabilidade: 36% possuem perfis em até seis redes, 18% em até nove e 10% em até 12.

Realizada pela agência de comunicação integrada JeffreyGroup e pelo instituto de pesquisa Ideafix Estudos Institucionais, o levantamento ouviu 500 jovens heavy users durante 5ª edição da Campus Party Brasil, realizada em fevereiro.
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Startups: o que, de fato, são vantagens competitivas?

Saber quais são as vantagens competitivas da sua startup é fundamental, apresentar isso para um investidor também é um requisito, e se realmente forem diferenciais, somam muitos pontos a seu favor


Quando uma empresa tem uma rentabilidade sustentável acima da média da indústria, podemos dizer que ela tem uma vantagem competitiva sobre os concorrentes. No fim das contas, é exatamente isso que qualquer empreendedor busca. Um secret sauce, ou - em bom português - uma fórmula secreta para se diferenciar dos concorrentes.

Saber quais são as vantagens competitivas da sua startup é fundamental. Apresentar isso para um investidor também é um requisito. E, se realmente forem diferenciais, somam muitos pontos a seu favor. Infelizmente, a realidade é que a maioria dos empreendedores ainda apresenta diferenciais que não são diferenciais. O que são consideradas vantagens competitivas?
Existem três formas básicas de se diferenciar:
Custo
Ter liderança em custos significa entregar exatamente o mesmo produto/serviço a um custo inferior aos concorrentes. Apesar de ser um diferencial, a diferenciação (abaixo) não pode ser esquecida, pois uma briga entre concorrentes puramente em busca de custos mais baixos pode quebrar uma empresa ou até todo um setor.
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Imagem: Thinkstock

Diferenciação
Oferecer um valor superior em serviços ou produtos dos concorrentes e que esse não seja somente custo. Como diferenciação custa dinheiro, é natural que seja cobrado mais em busca de maiores margens e lucros.
Foco
Quando a empresa destina-se exclusivamente a atender um determinado segmento ou grupo de segmentos. Funciona bem quando grandes empresas não têm tempo ou interesse em dar uma melhor atendimento a este segmento.
Quando uma empresa não consegue desenvolver diferenciais, ela é facilmente replicada e pode rapidamente perder espaço no mercado. Para isso não acontecer, é necessário unir habilidades e recursos superiores aos concorrentes, que consequentemente se transformará em valor.
Os recursos são ativos da empresa utilizados para criar uma vantagem em custos ou diferenciais. Especificamente aqueles que dificilmente outras empresas conseguiriam criar, podemos citar:
  • Patentes
  • Conhecimento
  • Base de clientes
  • Reputação
  • Marca
É fundamental que a sua startup defina qual é a estratégia competitiva que ela busca. Cada um desses segmentos tem consequências bastante diferentes. Muitas startups utilizam a estratégia "deixa a vida me levar" e é muito comum que empresas fiquem empacadas no meio de todas as estratégias. Se você estiver nessa situação, saiba sair rápido, pois esse é um destino certo para o insucesso.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Empreendedorismo de alto impacto

Empreendedores de alto impacto são aqueles indivíduos que gostam de correr riscos, são pessoas inovadoras capazes de criar e desenvolver organizações com uma influência acima da média, na geração de empregos e riqueza. Esses empreendedores montam empresas que crescem 20% ao ano, o que melhora de forma considerável o padrão de vida da população

 
Quem são os empreendedores de alto impacto?
Empreendedores de alto impacto são aqueles indivíduos que gostam de correr riscos, são pessoas inovadoras capazes de criar e desenvolver organizações com uma influência acima da média, na geração de empregos e riqueza. Esses empreendedores montam empresas que crescem 20% ao ano, o que melhora de forma considerável o padrão de vida da população.
Empreendedores de alto impacto são visionários, enxergam oportunidades fora do comum, a exemplo da Apple, Microsoft, Google, Facebook, que transformou o modo como vivemos e trabalhamos.
A mais recente pesquisa do GEM- Global Entrepreneurship Monitor-2011, descobriu que o nível de empreendedorismo varia nos diferentes países, muitos são empreendedores movidos por necessidade, outros são empreendedores movidos por oportunidade, que avançam criando empreendimentos de alto impacto.
No Brasil, encontramos cerca de 10 milhões de empresas informais, empreendedores movidos por necessidade, aqueles que abrem um negócio porque têm pouca ou nenhuma outra chance de emprego. Empresas de apenas uma pessoa, esses microempreendedores individuais, criam produtos e serviços na contramão das tendências de mercado, de baixo valor agregado, e sem a influência da comunicação mercadológica.
Para fomentar a criação de empreendedores de alto impacto, as políticas públicas são fundamentais no processo, na medida que maiores serão os investimentos em educação, infraestrutura, ampliação do microcrédito, redução da burocracia, da carga tributária e trabalhista.
O professor Andrew Zacharakis, do Babson College- Massachusetts-Estados Unidos, sugere testes de mercado ascendentes para os seguidores do empreendedorismo de alto impacto. É um processo simples para "pensar" e "atuar", aplicando os testes de mercado ascendentes em 4 fases:
1ª fase: Planejamento. Realiza-se uma pesquisa para validar a oportunidade do negócio, mas mesmo assim, outras perguntas e hipóteses precisam de respostas, antes de abrir um novo negócio.
2ª fase: Experimentação. É preciso testar um novo produto ou serviço com um subgrupo de mercado ou escolher dois ou três clientes-chave, para testar a qualidade do produto ou serviço.
3ªfase: Aprendizado. Com base na experiência, observa-se como o mercado reage a sua oferta, daí você aprende sobre sua oportunidade, se ela é duradoura e gera sustentabilidade.
4ª fase: Reformulação. Utilize de forma inteligente os aprendizados, os erros e acertos, e reformule seu negócio para que ele atenda melhor às necessidades de seus clientes.
Fonte de pesquisa: HSM Management.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Erros de Marketing mais frequentes nas Start-Up’s

Erros de marketing que as startups cometemCarlos Blanco destacou recentemente no seu blog um post sobre as “Chaves para empreender com êxito na Internet”, identificando o marketing como um dos fatores de êxito no sucesso de uma Start-up. Blanco diz ainda que o marketing não é uma atividade que se aplica com facilidade, muito pelo contrário, ele defende que um Marketeer tem que ser a pessoa mais criativa do mundo para concretizar ações glorificadoras. Carlos Blanco tomou a iniciativa de partilhar 10 erros do marketing que considera comuns.
Apostar unicamente no Marketing Viral
Gustavo García de Buyvip em Yuzzday também concordou com esta afirmação, justificando com o fato de que pensou que no início iria ser viral tornou-se um orçamento de vários milhões de reais. Não é suficiente lançar um vídeo e fazer o upload no Youtube para fazer um viral. Não se deve apostar unicamente por esta via porque também depende muito do fator “sorte” para que algo se torne viral. O uso de virais é bastante recomendável, mas não é a única ferramenta do marketing digital.
Não investir em suficientemente em Marketing
“Parar a publicidade para salvar os custos é como para um relógio para salvar o tempo” não se tem desculpa para não investir no marketing porque se fizer um bom investimento este irá ajudar a aumentar as vendas. Recorde-se que este não tem haver unicamente com um orçamento mas como se utiliza o tempo e os recursos disponíveis para otimizar a uma empresa.
Valorizar demais o seu produto
Não se deve prometer mais do que realmente se é capaz de fazer para atrair um cliente e fechar uma venda. Se não se cumprir com as expectativas, no pior dos casos, fecham-se outras portas porque poderá espalhar-se a notícia de uma má experiência com essa empresa.
Incapacidade de proteger e verificar os conflitos da marca
São as tarefas básicas que nos esquecemos quando iniciamos. Se uma empresa tem um nome parecido com o de outra empresa com marca registrada, rapidamente se corre o risco de se ser processado e ter que alterar a identidade corporativa. Não proteger a marca e economizar o custo de um advogado pode sair muito caro.
Confundir o e-mail marketing com spam
Parece que muitos não aprendem. A maioria das empresas cometem spam quando enviam um email não referindo uma pessoa. Muitos não são conscientes que para um email ser qualificado como spam não depende somente da quantidade. Em outros casos é muito mais óbvio quando se recebe emails comerciais onde o resto dos destinatários está em BCC. Este tipo de envios não são email marketing mas puro spam.
Não ter um blog da empresa
Pode-se realizar marketing indireto mesmo sem ter lançado um produto ou serviço. Com um blog pode-se posicionar como referente no setor em questão e demonstrar que entende-se bem da profissão. Se criarmos um blog podemos chegar mais diretamente a um público de interesse.


Não registrar o domínio .com.br e .com
É simples, se uma start-up é brasileira necessita do domínio “.com.br”, mas é aconselhável também registrar o domínio “.com”. Não ter pelo menos dois domínios pode ser uma razão a favor ou contra o nome favorito de uma empresa. O registro de domínios é um ponto delicado de uma presença na Internet e muitas empresas cometem erros nesse quesito.
Não medir o ROI das ações de marketing
Outro ponto que também menciona Javier de Logocomunica no Twitter é não conhecer o ROI das nossas ações. Se soubermos o que fornecemos, as afetividades, podemos focar naquelas que realmente contribuem valor. Este ponto é um dos mais difíceis de cumprir porque nem sempre encontramos uma maneira direta de medir. De todas as formas não deve ser uma desculpa para não tentar. A ferramenta básica para isso é o Google Analytics que em função de sua versatilidade nos oferece as ferramentas ideais para a mensuração de campanhas de marketing digital.
Não participar em eventos networking
Fazer networking faz arte das afetividades de marketing de uma strat-up. Em eventos como La Red Innova podes tanto retomar contactos existentes como conhecer novas pessoas que ajudam a levar a tua empresa a um próximo nível. Ao princípio custa porque se conhece poucas pessoas mas aqui não se trata de vender um produto, serviço ou empresa. Simplesmente a intenção é comunicar e saber como se está relacionado e o que podemos contribuir para fazer negócio.
Apostar unicamente nas redes sociais e esquecer os fóruns
É bom estar presente nas redes sociais como o Facebook e o Twitter. Mas tenham em mente que os usuários expertos e os “early adopters” não são ou não comunicam através destes canais. Em muitos casos os fóruns são melhores que os canais de mídias sociais pelo que se deverá conhecer todos os do sector em que nos inserimos. É importante estar presente para responder a dúvidas, receber feedback e reagir às críticas dentro de um prazo mínimo de tempo.
E você? Quais são os erros que considera sérios em uma Start Up?

terça-feira, 29 de maio de 2012

Marcas confundem promoção com relacionamento nas redes sociais


Postado por Bruno Mello - 29/05/2012

Aumenta a cada dia o número de marcas promovendo concurso cultural como tentativa de aumentar número de fans, seguidores e acesso para vender mais
Cresce a cada dia o número de empresas promovendo ações de Marketing nas redes sociais. Elas reconheceram a importância de manter contato com seus clientes e potenciais consumidores no ambiente digital, mas ainda não perceberam o principal: não há como se relacionar com as pessoas se não meio da conversa. Muitas levam para os canais sociais o velho hábito da mídia tradicional e de massa: fazer promoção e deixar as pessoas falando sozinhas.

O Facebook tem sido o ambiente preferido das marcas. São inúmeros os casos de concursos culturais realizados por empresas, a cada instante, na maior rede social do mundo. É a febre do momento. Por dia, chegamos a receber pelo menos 10 sugestões de pauta relacionadas a empresas promovendo ações promocionais em suas fan pages. Muitas delas têm como objetivo apenas aumentar o número de seguidores, afinal, este é o principal foco quando pedem para curtir sua página. Poucas têm como meta aumentar o relacionamento com seus consumidores online.

Relacionar-se com os clientes e potencias clientes pelas redes sociais passa por oferecer conteúdo de qualidade, relevante, pertinente e útil que preste serviço ou promova entretenimento, além de responder às perguntas e participar das conversas. Mesmo assim, aumenta o número de empresas cujo foco no ambiente digital se resume em fazer ofertas e liquidações. As principais plataformas criadas por grandes varejistas, por exemplo, tem como foco principal a venda direta.

Mudança de paradigma
Na rede social, no entanto, a venda não pode ser direta. Tem que ser criado um relacionamento, uma conversa para aproximar a marca de seu target. Mais do que nunca, as pessoas não querem se relacionar com marcas sem propósito e sem assunto. Ninguém fala sozinho ou de um tema que não tenha interesse. As empresas precisam ter um propósito em comum com seus clientes, e promover conteúdo sobre ele. Será que o profissional de Marketing ainda não percebeu que seus potenciais consumidores não suportam mais tanta mensagem publicitária?

Essa discussão chega a ser ultrapassada. Mas, é incrível como os erros se repetem a cada instante. A grande maioria das marcas que está nas redes sociais parece estar preocupada apenas com o número de seguidores, de fans e de acesso. Ter um número X, Y ou Z, não é, nem de longe, medida de sucesso. Falar em engajamento também soa como uma métrica para mascarar a falta de um resultado claro e eficiente que, no final das contas, se converta em vendas.

Relacionamento eficaz nas redes sociais ajuda nas vendas, mas não pode ser confundido com concurso cultural. Ter uma pseudo-sacada criativa e fazer as pessoas seguirem ou curtirem uma página deveria ser a ponta de um iceberg de uma estratégia de conteúdo que seja, mais uma vez, relevante, pertinente e útil para o seu consumidor. Nas redes sociais as marcas não devem vender, mas, ajudar as pessoas a comprarem.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Infográfico: a influência das cores no processo de compra


Você já parou para pensar qual é o grau de influência que uma cor apresenta no em nosso dia a dia, e o quanto ela pode nos persuadir para comprarmos produtos e serviços?

Para os varejistas, gerar vendas é a arte da persuasão. Apesar de existirem muitos fatores que influenciam em como e o que os consumidores compram, as cores têm uma representatividade forte nessa tomada de decisão.
Sintetizando esse assunto de uma forma mais ampla, apresento o infográfico da Kiss Metrics , que nos destaca algumas informações importantes, dentre elas:
  • 93% dos consumidores decidem a compra pelo visual;
  • 85% dos consumidores decidem a compra pela cor;
  • as cores aumentam o reconhecimento de uma maca em 80%.

As cores também possuem a habilidade de atrair tipos específicos de consumidores e mudar o comportamento de compra. Por exemplo:
Laranja, preto e azul- são utilizadas para atrair consumidores impulsivos, e normalmente utilizadas em: fast food, lojas de outleet e liquidações.
Azul marinho e verde piscina- são utilizadas para atrair consumidores com orçamento, e normalmente utilizadas por: bancos e lojas de departamento.
Pink, azul bebê e rosa- são utilizadas para atrair consumidores tradicionais, e normalmente utilizadas por lojas de roupas.
O infográfico apresenta outras informações de grande relevância quando analisamos sites que realizam vendas pela internet:
  • 52% não retornam a um site que apresenta problema de estética;
  • 64% dos compradores on line não compraram por problemas de lentidão do site;
  • 60% se sentem mais confortáveis e propensos a comprar um produto que está associado a palavra “garantido”.
Qual será a cor que te persuadiu a comprar algo hoje? Reflita e analise!

domingo, 27 de maio de 2012

Como estruturar o novo Marketing Infantil

 

Livro mostra como funciona o interesse das crianças pelos produtos que são voltados para elas e ensina pais a protegerem os filhos dos apelos da propaganda na sociedade atual

Por Leticia Muniz, do Mundo do Marketing | 25/05/2012

leticia.muniz@mundodomarketing.com.br

livro,criança,marketing 3.0Em contrapartida ao modelo ideal da atualidade, que caminha cada vez mais em busca do relacionamento com o consumidor e na construção dos valores da marca, as ações e estratégias de Marketing voltadas para o público infantil ainda estão focadas em um modelo do passado, que dispara diversos estímulos na tentativa de incentivar o consumo.
Proteger as crianças da carga de informações a que são expostas é uma preocupação recorrente entre pais e virou assunto tratado no livro “A Criança e o Marketing”, lançado pela Summus Editorial e escrito pela psicóloga Ana Maria Dias da Silva e pela especialista em comunicação Luciene Ricciotti Vasconcelos.
Em entrevista ao Mundo do Marketing, Luciene Vasconcelos traça um paralelo entre a necessidade das empresas venderem seus produtos e o desafio dos pais, que precisam formar adultos conscientes. Segundo a autora, a criança é muito suscetível aos apelos de Marketing e não consegue encontrar a diferença entre o brinquedo à venda na loja e a realidade apresentada pelas propagandas.
Luciene Ricciotti Vasconcelos é formada em Administração com ênfase em Marketing pela Faap e pós-graduada em Comunicação e Marketing pela ESPM. É consultora, Sócia-Diretora da W3 Comunicação e autora dos livros Mark-Óbvio e Planejamento de Comunicação Integrada. Leia a entrevista na íntegra.
Mundo do Marketing: Como está a criança hoje em dia comparada a 10 ou 20 anos atrás?
Luciene Vasconcelos: De maneira geral, a diferença está no volume de informações que a criança recebe hoje em dia, com conhecimentos muito intensos e que não podem ser acompanhados calmamente. A infância teve uma grande mudança também com relação à ausência dos pais em casa, que acaba gerando uma culpa. Muitas vezes eles tentam suprir isso com a compra de produtos. A característica da infância de hoje é o menor contato da criança com os pais e a carga de informações que ela recebe.
Mundo do Marketing: Qual é a consequência dessa carga de informações?
Luciene Vasconcelos: A criança não tem critérios para avaliar o que é bom e o que é ruim. Ela precisa de um adulto ao lado para ajudá-la nisso. Ela acaba absorvendo o conteúdo que recebe como verdade. É preciso avaliar as coisas e a criança não tem esse perfil.
Mundo do Marketing: Como a senhora vê a relação da criança de hoje com a propaganda?
Luciene Vasconcelos: Muitas vezes a criança olha uma propaganda e fala “eu quero”. É importante que os adultos saibam o que ela quer, porque, como a criança não abstrai, quer aquele conjunto de coisas. Por isso é comum ouvir os pais dizendo que deram para os filhos um brinquedo que foi pedido e ele ficou largado em algum canto. A criança recebe a informação no momento de formação dela, e, como não abstrai, acaba querendo aquilo tudo o que foi visto, ou seja, ela quer mais a mãe brincando no tapete do que o brinquedo que talvez ela nem tenha visto. Muitas vezes a criança não quer apenas o produto, mas a integração.
Mundo do Marketing: Como as empresas estão fazendo o Marketing voltado para a criança hoje?
Luciene Vasconcelos: As empresas continuam fazendo um Marketing voltado para o desenvolvimento de produtos. É o pensamento da transação um para um. De uma maneira geral, o Marketing evoluiu para uma estratégia de relacionamento, buscando conhecer melhor quem é aquele consumidor e o que ele quer. Hoje já há grandes empresas fazendo o Marketing 3.0, que é aquele voltado para valores. É muito fácil para uma pessoa entrar na Internet e destruir uma marca. Temos vários cases sobre isso, que mostram como a demanda hoje tem voz. Então, as empresas têm que evoluir para um Marketing que, primeiro de tudo, cumpra promessas e, segundo, se preocupe com outras questões com as quais o consumidor está preocupado. Estrategicamente, o Marketing infantil ainda atua no modelo 1.0 e vemos algumas pessoas de baixa renda endividadas por comprar presentes caríssimos. Esperamos que o livro contribua para essa evolução.
Mundo do Marketing: Quais são os apelos mais comuns do Marketing Infantil?
Luciene Vasconcelos: Acredito que essa seja uma questão de evolução e respeito. Já existe no mercado um grupo de pais bastante significativo que está querendo um relacionamento com as empresas. A empresa que vende para o público infantil e se dirige aos pais ganha bastante. Na verdade, está faltando um pouco dessa questão do respeito.
Mundo do Marketing: A restrição do conteúdo de propaganda é benéfica para as crianças?
Luciene Vasconcelos: Algumas vezes a regulamentação não funciona de fato. O Marketing busca trabalhar a venda dos produtos para o sucesso da empresa e isso é extremamente sadio para a economia, porque gera empregos. O errado não é consumir, mas não usar. O que seria bom hoje para o Marketing Infantil seria o equilíbrio entre oferta e demanda. É preciso que os pais preparem as crianças para o mundo de hoje. O que vemos são muitos pais que não foram preparados para viver no mundo de apelos publicitários que temos hoje. O mercado está altamente competitivo, com produtos extremamente semelhantes
Mundo do Marketing: O foco não é restringir, mas tornar adultos melhores?
Luciene Vasconcelos: A partir do momento que consigamos criar consumidores realmente aptos a escolherem produtos com critérios, essa regulamentação vai ser natural. Quando vejo produtos para adultos anunciados em canais infantis, naturalmente não compro, porque sei que a propaganda não está falando comigo. Estão usando de um canal infantil para que a criança influencie a minha compra. A partir do momento que as pesquisas indicarem que as mães preferem que os produtos sejam anunciados em veículos para elas, naturalmente isso vai sair da criança.
Mundo do Marketing: A criança tem um influenciador de compra muito grande, não é?
Luciene Vasconcelos: Isso. Enquanto tivermos pesquisas apontando que 80% dos produtos consumidos em uma casa são influenciados por crianças, teremos um aumento muito grande da propaganda voltada para a criança. Vemos hoje o Marketing buscando entender as pessoas e atendê-las. O que acreditamos é que, mudando o consumidor, naturalmente, as empresas terão que mudar e isso se tornará muito mais saudável para a criança.
livro,criança,marketing 3.0Mundo do Marketing: A partir de quantos anos a criança consegue desenvolver uma consciência sustentável, por exemplo?
Luciene Vasconcelos: Isso acontece a partir dos sete anos. É uma criança que já recebeu uma carga de informações muito boa na escola e já está mais preparada. Ela precisa estar mais consciente de que o produto na loja não é igual àquele que está lá na propaganda. Não que isso seja mentira, mas mostra o produto, claro, de uma forma muito mais legal. É a demanda que tem o poder de controlar a oferta. Nós temos que entender isso. A consciência do consumidor é muito importante, tanto que vemos estudos que mostram que, quanto mais elevada culturalmente é uma sociedade, mais resistente ela é aos apelos da propaganda em si.
Mundo do Marketing: O livro deixa para as empresas a missão de que elas precisam evoluir para o Marketing 3.0, correto?Luciene Vasconcelos: Isso. Hoje vemos produtos que não possuem nada de saudável, de sustentável, usando de um apelo ambiental para colocar para a criança que aquilo é legal, porque dá a entender que aquele é um produto voltado para a natureza. Isso tem deixado pais revoltados. Esse é o tipo de coisa que está pegando mal para algumas marcas.
Mundo do Marketing: Os produtos licenciados realmente têm um apelo maior com as crianças?Luciene Vasconcelos: Sim. Isso é algo que todas as pesquisas indicam. No livro ensinamos a criança a avaliar se vale a pena ou não comprar o produto licenciado. A criança, realmente, tem uma capacidade muito maior de adquirir os produtos licenciados.
Mundo do Marketing: Ter produtos licenciados é uma boa estratégia?
Luciene Vasconcelos: Não se nega que a criança tem uma identificação muito maior com personagens e acaba optando por consumir mais esses produtos. Ele precisa ter uma sustentação e, a partir do momento em que há educação para a compra com critério dentro de casa, isso pode ser contornado já que, muitas vezes, o produto licenciado custa o dobro do outro.
Mundo do Marketing: Como a senhora vê o licenciamento de produtos na área de alimentos?
Luciene Vasconcelos: Na minha opinião, não deveria haver licenciamento para produtos que não fazem bem à saúde da criança, já que possuem um apelo tão forte e vivemos em uma sociedade com problemas como a obesidade infantil. Não deveríamos ter um cenário de incentivo a esses produtos não saudáveis. Deveria existir um critério até dos próprios licenciadores. O livro não busca problematizar essas questões, mas mostrar como as empresas podem trabalhar os seus produtos de uma forma melhor, que não agrida tanto a infância e, mesmo assim, trabalhando o seu objetivo de Marketing. Uma economia forte se faz com adultos saudáveis e conscientes do poder de compra que têm.