quarta-feira, 26 de março de 2014

Marketing político: quem os candidatos vão ter que conquistar em 2014

 

Disputa entre Russomano e Haddad pela prefeitura de São Paulo é exemplo de como a inteligência no marketing pode fazer a diferença na hora de se comunicar com o eleitor



Já anda em alta velocidade a escolha dos profissionais que vão assessorar candidatos a governadores e presidente, sem falar nos senadores e deputados. E, entre esses profissionais, há uma enorme quantidade de enganadores, que conquistam o candidato nos primeiros encontros, levando conceitos que falam muito mais para seu cliente do que para a população. Quando, para vencer uma eleição majoritária - ou ao menos chegar perto disso - é preciso entender o comportamento de nossos eleitores. E a grande maioria dos que votam no Brasil pertence às classes econômicas C e D. São eles que fazem a diferença!
São Paulo, na última eleição para prefeito, foi surpreendida pela grande vantagem inicial do candidato Celso Russomanno sobre todos os seus adversários. Vindo de programas populares de televisão, onde sempre defendeu o povo, Russomanno, durante todos os meses que antecederam o primeiro turno, manteve números bem acima dos seus concorrentes.
Nem o PT, partido que fala com a grande massa das classes de menor renda e com o apoio vigoroso de Lula, conseguia atrair os eleitores para Fernando Haddad. Todos estavam voltados para Russomanno e seu jeito simples e carinhoso de falar com a população. O candidato tinha construído sua carreira na televisão, entrando na casa das pessoas como um amigo em quem se pode confiar.
Tudo caminhava para a vitória quando Fernando Haddad lançou a proposta do Bilhete Único Mensal. E passou a falar disso em toda a publicidade de campanha. Nesta hora, sobrou inteligência com o apoio de João Santanna e faltou em quem assessorava Russomanno. Ao invés de dizer que achava a ideia do Bilhete Único do Haddad boa e que iria aprimorá-la, alguém resolveu inventar um bilhete diferente para Russomanno. Um bilhete que passava a nítida impressão de que, quanto mais longe a pessoa ia, mais caro seria o preço.
Os adversários se aproveitaram disso, e os eleitores das classes C e D - gente que normalmente reside longe do trabalho - saíram voando dos braços de Russomanno para os de Haddad, que venceu as eleições. Enquanto Celso, que caminhava para vencer, nem para o segundo turno foi. Então, quando me perguntam se marqueteiro ganha eleições, respondo que falta de inteligência em marketing político é que faz perdê-las.
Por isso não gosto dessa expressão “marqueteiro político”. Prefiro chamar de “inteligência no marketing político”. Afinal, o prefeito de São Paulo, apesar de toda a força do PT e da capacidade de seu candidato, seria Russomanno, caso alguém, com inteligência em marketing político, dissesse a ele que deveria concordar com a proposta de Haddad e que até iria aprimorá-la. E ponto final.
Este é um exemplo claro de como as classes C e D precisam ser conquistadas e mantidas. Qualquer ação que possa afugentá-las vai levar à perda das eleições. Outro ponto: todo candidato é cercado de muitos assessores, o que só atrapalha. Se quiser ganhar as eleições, trabalhe com poucas pessoas e mantenha distância dos puxa-sacos.

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